Vibes

Bedroom for strangers: arte para aproximar pessoas

Por
Fabiana Corrêa
Em
25 junho, 2018

A americana Caroline Newton convidou estranhos para deitarem com ela e conversar. O resultado é uma mistura de terapia e diversão

Small talk, aquele tipo de conversa de elevador, que a gente tem com estranhos, costuma ser polida, corriqueira, nada muito importante. Já o pillow talk, o papo de travesseiro, aquele que temos na cama, costuma ser o oposto – íntimo e profundo. Partindo dessa ideia, e designer e artista americana Caroline Newton quis unir dois opostos da interação social em seu projeto A Bedroom for Strangers (Um Quarto para Estranhos) e levou a cama para uma galeria de arte, onde dividiu travesseiros com qualquer um que se dispusesse a conversar.

Foto: Divulgação

No primeiro momento do projeto, Caroline abriu seu quarto, em um apartamento no Brooklyn, Nova York, e chamou desconhecidos para se deitarem com ela em sua cama. Nada a ver com sexo. O objetivo era desconstruir normas e barreiras sociais. Nesse momento, podiam conversar sobre o que quisessem, da previsão do tempo aos seus medos mais profundos, em um ambiente emocionalmente seguro, explicou. “Eu queria saber que conexões de formam quando dois estranhos são colocados em um local de vulnerabilidade, geralmente reservado para relacionamentos mais próximos, como a cama”.

Foto: Divulgação

Em maio, ela levou o projeto para uma galeria de arte em Los Angeles, montou uma aconchegante tenda cor-de-rosa por lá e recebeu inscritos (via site) para conversarem entre lençóis. “Foram quase 40 sessões e, se tem uma coisa que eu aprendi, é que você nunca sabe pelo que uma pessoa pode estar passando”, diz. Alguns papos eram bem tranquilos, outras mais intensos e, em vários deles, Caroline sentiu que nascia uma proximidade maior. “É louco como a gente pode ficar amigo de alguém super rápido”.

Ainda que a ideia original não fosse essa, em alguns momentos a instalação virou sessão de terapia. “Eu tenho pensado em ver um terapeuta há anos, mas nunca aconteceu. Talvez estivesse em meu insconsciente quando criei o projeto”, diz Caroline. Ela percebeu que, mesmo sem um divã por perto, as pessoas procuram um lugar seguro para falar de suas emoções, um lugar onde possam se abrir. “Vários participantes vieram até mim procurando uma terapia gratuita. Não era meu objetivo, mas eu amei que a instalação teve esse papel para alguém.”

Foto: Instagram @caronewt
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