People

Caio Braz: a vibe perfeita de um eterno verão

Por
Eloa Orazem
Em
22 agosto, 2017
Em parceria com

Caio Braz é um rapaz fácil de agradar. Seus prazeres são simples. E não tem vergonha em assumi-los. Para ele, felicidade é sinônimo de sol, amigos, peixe na brasa, drinks e reggae, de preferência tudo junto e no gerúndio: queimando, rindo, brindando, comendo, dançando… “É um clichezão, né?”, assume.

Pernambucano radicado no Rio de Janeiro, escolheu a cidade exatamente por isso: para viver – ou continuar vivendo – esse clichê. “Bicho gosta de sol, de natureza. O resto é invenção do homem”, diz. Mas é injusto resumir a vida deste jornalista de 30 anos somente numa tarde de verão. Comunicador talentoso, bom de papo e bonito de todo o resto, ganhou fama ao conduzir o programa de moda “GNT Fashion”. A partir do dia 22 de agosto, às 20h30, estreia novo show no mesmo canal: “Marmitas e Merendas” vai tratar da relação das pessoas com a alimentação.

O flerte com o universo da gastronomia (quer algo mais clichê, hoje em dia, do que ter um programa de culinária?), no entanto, não tira de Caio o amor pela moda, tanto que foi mais uma vez escalado para cobrir o São Paulo Fashion Week, que acontece na capital paulista entre 27 de agosto e 1º de setembro.

Caio também é cofundador da Malha, um misto de coworking e fashion lab no Rio, tem um canal no Youtube com mais de 80 mil assinantes e viaja o Brasil dando palestras sobre moda e estilo. Caio faz muitas coisas. Mas o que ele gosta mesmo é de ficar debaixo do sol, com os amigos, comendo peixe, ouvindo reggae e tomando Aperol Spritz (não à toa ele é o mais novo embaixador da marca). Caio Braz é um rapaz que agrada a todo mundo.

cai_braz_thays_bittar_aperol_473

Apesar de se sentir em casa no Rio, a cultura pernambucana ainda ressoa muito em quem você é. Por quê?

Eu nunca quis me dissociar do Recife. Nunca quis perder o sotaque, perder a minha raiz. É uma coisa de um olhar estético, sabe? Vejo o mundo sob o prisma de um pernambucano. Eu não consigo tirar isso de mim – e nem quero. Acho que tem muito a ver com o nosso comportamento: quem é pernambucano tem uma valorização da intelectualidade, sabe?

Explique…

Lá em Pernambuco a gente valoriza de Gilberto Freyre a Ariano Suassuna. Trata-se de um território repleto de referências e a gente se sente motivado a cuidar disso, a preservar e continuar buscando um tipo de abordagem mais intelectual sobre as coisas. Acho que é por isso que eu fui virando um comunicador que gosta de falar sobre coisas importantes, mas sempre com uma descontração, uma brincadeira, uma leveza, um humor.

Onde você busca suas inspirações e informações?

Durante algum tempo houve um certo conflito entre os grandes veículos e os novos canais de comunicação. Uma espécie de disputa de espaço onde ninguém sabia que território deveria ocupar. Então surgiram alternativas como o Jornal Nexo, por exemplo, que é um hub de informação online relevante, independente, e que traz um conteúdo ao mesmo tempo informativo e questionador. A Vice também é muito interessante; e o GNT, que é um canal que muitas vezes se propõe a tratar de questões mais, digamos, espinhosas, indo além do puro entretenimento.

cai_braz_thays_bittar_aperol_274
caio_braz_aperol_thays_bittar-002

Como você mantém a chama da criatividade acesa?

Descobri que eu precisava voltar a ler. O que eu tinha de legal, o que havia em mim de interessante, eu havia conquistado por meio da leitura e do estudo, e era isso que me diferenciava das outras pessoas. Era o que me deixava feliz, e eu havia parado. Me peguei num momento em que ficava somente nas redes sociais, sem me aprofundar muito em outras coisas. Existem duas formas de você solucionar isso: uma é através da literatura, do estudo propriamente dito; e a outra é por meio de vivências genuínas, aquelas que nos trazem um vasto repertório criativo, coisas muitas vezes simples, como, por exemplo, apreciar calmamente um pôr do sol no horizonte.

Com quem você dividiria esse pôr do sol?

Vale qualquer pessoa? Bob Marley, que acho um cara divino. Ainda não conheço a Jamaica, mas deve ser tudo de bom um pôr do sol lá.

E qual é a vibe perfeita do verão para você?

Nordeste, peixe na brasa, água de coco, reggae, carro, amigo, road trip, casa com rede, colchão no chão, música, noites estreladas… É um clichezão, né?

Clichê só é clichê porque é bom…

A gente só repete o que é bom. Eu vim morar no Rio para viver nesse lugar meio clichê, no bom sentido. As pessoas perguntam: “nossa, você é um cara da cultura, por que não vem morar em São Paulo? Tudo acontece aqui!” Eu respondo: não, cara, eu preciso do resto, do sol, da planta, da água… Eu acho que o nosso DNA é feito disso, sabe? O resto é coisinha inventada. Cultura é invenção. A gente é bicho, e bicho gosta de natureza.

cai_braz_thays_bittar_aperol_401

Como comunicador e influenciador, você toma cuidado com o que diz por aí?

A grande dificuldade desse trabalho é não perder o brilho. E o medo de perder o brilho pode fazer com que nos tornemos muito politicamente correto, algo que não me interessa. Colocar suas opiniões sem agredir o outro, exercendo um pouco de empatia, é o grande desafio.

O aumento da sua exposição diminuiu sua liberdade?

Eu não me sinto muito prisioneiro disso. Pelo contrário, me sinto mais hiperestimulado do que oprimido. Acho que a internet cria muitas vontades na gente. Vontade de fazer muitas coisas. E o problema de ser um millennial é exatamente esse: a gente começou a conhecer coisas demais, então começou a ter vontades demais, então acho que é onde as pessoas começam a ficar mais frustradas.

O Pierre Cardin andou falando que a moda acabou, que agora tudo o que se vê é uma cópia. Fazer moda não cansa?

Eu entendo todo esse texto, mas eu não acho que a moda acabou não, a moda mudou. E eu faço parte dessa mudança também. Eu não tenho preguiça nem medo da moda, não. Ela mudou porque nós mudamos. Não é só a minha geração ou a que vem depois, mas todo mundo mudou. O consumo mudou, na verdade. A forma como a gente enxerga valor na moda mudou, então é óbvio que ela vai mudar também.

O que você tem feito como agente dessa mudança?

Promover uma consciência sem ideologia é o primeiro passo. Houve um momento em que a gente acreditava ser definido pelo que vestia. E, hoje sabemos, não é só isso, né? Trata-se de algo muito mais plural. A gente tem muito mais camadas, e essa é a desconstrução pela qual a moda tem passado. As pessoas não querem mais ser definidas pelo que elas estão vestindo, se elas estão usando alguma marca. Antes você precisava ter dinheiro para se definir. Era algo muito opressor.

cai_braz_thays_bittar_aperol_313

A sua relação com o dinheiro e com a posse mudou?

Fui fisgado por essa visão da economia compartilhada. Desconstruí muita coisa. Acho que o Airbnb e o Uber, por exemplo, são fenômenos que mudaram a ótica de uma geração inteira sobre a posse de um carro e sobre a posse de uma casa. Acho que a gente encontrou essa busca pelo conforto não numa peça de roupa, mas numa experiência, né? Então acho que a gente passou a valorizar um investimento em educação, porque a gente vive numa sociedade de informação e a coisa mais importante que temos é o conteúdo. Então a gente mudou um pouco. Eu vou comprar uma bolsa ou eu vou comprar um curso?

Qual foi sua aquisição mais bem pensada e acertada dos últimos tempos?

Além das viagens, um piano!

E você sabe tocar?

Eu sou meio autodidata. Aliás, tenho uma dica maravilhosa, porque tem muita gente que quer voltar a estudar e não consegue por conta da rotina puxada: existe uma faculdade chamada Open University que é maravilhosa, reconhecida e tem uma plataforma online muito boa, qualquer pessoa pode fazer. Estou estudando psicologia e filosofia lá.

Se você pudesse puxar um brinde para comemorar qualquer coisa, seja relativo à sua vida ou ao planeta, o que você celebraria hoje?

Celebraria a sobrevivência. Porque é o que há de mais básico num mundo tão conflituoso, eu sendo gay, vendo tudo o que acontece dentro do mundo LGBT, já me acho um sobrevivente. Acho que a vida é um sopro mesmo, o importante é sobreviver.


Aperol Spritz

O mundo evoluiu. O sofisticado está nas coisas simples. O bom gosto não tem preço. Não é mais sobre ter, é sobre descomplicar. É sobre dividir, compartilhar.
abandono-pagina
No Thanks