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O cerrado é bonito de doer na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso

Por
Fabiana Corrêa
Em
10 setembro, 2018

Menos famosa que suas irmãs, ela também tem grutas, cachoeiras incríveis e vistas de abrir o chacra do coração

Ela não é tão famosa quanto a Diamantina. Nem está no hype, como a dos Veadeiros. Mas tem aquelas vistas de abrir o chacra do coração, sabe? Aquele paredão sem fim (157 km deles, mais precisamente) que você olha ao cair da tarde e não consegue pensar em mais nada. E tem o cerrado. E o cerrado lá, gente, é muito maravilhoso.Se você vai fazer uma viagem em setembro, vá pra lá. Mais tarde, em dezembro, chegam também as chuvas. Não fica inviável, mas cai bastante água e alguns passeios podem ter que esperar.

A vantagem dessa chapada em relação às outras é que é perto da capital do estado do Mato Grosso e que é fácil de chegar. De Cuiabá, você pega um ônibus (ou um carro) e são 75 km de estrada asfaltada apenas até esse Parque Nacional – e um vilarejo de 20 mil habitantes com o mesmo nome. A desvantagem é que é perto da capital do estado e que é fácil chegar, por isso alguns pontos mais turísticos podem ficar meio lotados nos feriadões e finais de semana. Mas até mesmo nos feriadões (já fui em pleno Carnaval), você pode escolher pontos menos turísticos e fazer passeios solo. Com exceção das atrações mais famosas, como a cachoeira Véu da Noiva, essa chapada ainda é uma atração mais local.

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Vários passeios exigem um guia, coisa fácil de achar por ali. Há várias agências e um turismo organizado. Se você tiver a sorte de encontrar o Fabiano Oliveira, está em boas mãos. Ele é biólogo e vai contar a você os detalhes dos insetos, dos morcegos das cavernas, das flores azuis da Chapada durante a caminhada da Aroe Jari, a maior caverna de arenito do Brasil, onde já foi mar, mas parece que isso rolou há uns milhões de anos. A prova é que de vez em quando a gente acha um pequeno fóssil de conchinha jogado entre as pedras. Nada de levar pra casa: por conta desse cuidado dos visitantes, a chapada está bem preservada.

A caminhada tem 14 km ao todo e leva até a Lagoa Azul, onde você vê aquela água super transparente e… azul (ela é mais clara durante a época de seca, de março a setembro). Fabiano vai mostrar também o que são as veredas. Não, não foi ali que Guimarães Rosa escreveu Grandes Sertões, mas a paisagem é semelhante ao cerrado mineiro: entre as árvores retorcidas e aparentemente secas, há algumas áreas com solo bem úmido, quase como grandes poças d’água, onde nascem palmeiras de buriti. De novo, é muito lindo. Na volta, você passa sobre a Ponte de Pedra, uma formação natural igualzinha a uma ponte e ótima para tirar uma foto.

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Dentro do Parque Nacional propriamente dito, o Morro de São Jerônimo é acessível com uma caminhada de 16 km e uma certa escalada, pois há um trecho bem íngreme. Lá de cima você vê aquilo tudo verdinho, uma vista bem completa de toda a paisagem, então o sacrifício vale a pena.

Tem muito bicho pra se ver na Chapada dos Guimarães. É o habitat de onças pardas e de lobos-guará, mas esses não são fáceis de se avistar. Com um pouco de sorte você vê tatu, famílias de pacas, cotias, seriemas, araras, joão-de-barro, corujas, talvez até uma anta ou um tamanduá. Eu vi.

O caminho das cachoeiras é outro passeio imperdível. Atenção: passeio lá não quer dizer, necessariamente, você e uma galera. Fora da altíssima temporada, no reveillón ou perto dele, há grandes chances de desfrutar essas belezas quase sozinho. Se informe com os guias.

O pessoal simpático da Pousada do Parque, a única dentro do Parque Nacional e altamente recomendável, pode organizar algumas saídas solo pra você e sua turma. O bacana dessa pousada é acordar e já olhar aquele chapadão incrível. Sem dúvida, uma das dez melhores maneiras do mundo de se começar o dia. E ainda tem um café da manhã bem gostosinho depois.

Fotos: phelder2006

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