Os brasileiros Felipe Marchese e Matheus Nepomuceno são os nomes por trás do duo criativo Estocolmo. Conheça a história deles.
Felipe Marchese nasceu em São Paulo. Matheus Nepomuceno, em Maceió. Mas foi em Londres, em 2015, que os dois travaram contato enquanto estudavam, respectivamente, arquitetura e design gráfico.
E foi no improvável verão escandinavo, numa viagem juntos à Estocolmo, que Felipe e Matheus decidiram criar o projeto que leva o nome da capital sueca – e que hoje desenvolve conteúdo audiovisual para clientes como a festa Music Motion e para a agência de conteúdo musical Entourage
A Estocolmo também roda Brasil adentro e mundo afora registrando de maneira independente e super autoral shows de bandas daqui e de fora, como Phoenix, Miami Horror, Ava Rocha e Céu. O duo também aponta suas lentes de modo a interpretar o verão de cidades tão distintas como João Pessoa e Tel Aviv – as fotos quase sempre são feitas com câmeras analógicas de vários tipos. A última aquisição deles foi uma filmadora Super 8 japonesa da década de 1970.
Milagres
Mas, até chegar aí, rolou muita coisa. Nesta conversa, Felipe e Matheus contam como tudo aconteceu. De quebra, dão dicas de o que fazer em Estocolmo durante o verão.
Felipe Marchese: Tudo começou quando eu fui para Londres estudar na University of the Arts London (UAL) e conheci o Matheus por meio de um amigo em comum. Ele me disse que havia comprado uma passagem para Estocolmo muito barata. Na hora eu pensei: “Como assim? Quem é esse cara me chamando pra viajar do nada?”. Mas, fui. Antes disso, tínhamos nos encontrado só uma vez, no show do Mac DeMarco.
Alagoas
Felipe: Eu estava lá pensando: “que merda, odeio ver show sozinho”. Aí o Matheus apareceu e a gente nem se conhecia direito, mas eu fiquei muito feliz. Acabou que o show foi uma merda, estávamos sóbrios e só tinha criança.
Matheus: Sei lá como foi a ordem das coisas. Teve o show e aí teve Estocolmo.
Felipe: Levamos câmeras na viagem e lá descobrimos que ambos curtiam tirar foto. A gente ficou em um albergue muito escroto em Södermalm, um bairro descolado, equivalente a Pinheiros em São Paulo. A porta não abria direito e tinha um cara nojento morando no mesmo quarto.
Matheus: Quando chegamos, falei: “Felipe, olha aí o câmbio”. E foi uma época bem escrota: uma libra valia, tipo, sete reais. Ele olhou e falou que estava cinco. Comecei a ver o preço das coisas e pensei: “irado, não tá caro, vou comprar várias coisas”. A gente começou a comprar pra caralho. Antes de irmos embora, fomos checar de novo e descobrimos que tínhamos visto o do país errado e estava tipo treze!
Natal
Felipe: O Matheus pagou tipo 400 reais em uma camisa em um brechó.
Matheus: Foi uma amizade cara desde o começo.
Felipe: Mas, enfim… Foi em Estocolmo que gente falou: “caralho, voltando pra Londres vamos fazer alguma coisa juntos”. E as ideias bateram. Começamos a ir a muitos shows de bandas e cantores como Roosevelt e Kurt Vile para tirar fotos e fazer uns vídeos com câmeras analógicas para sentir a vibe um do outro. Gostamos muito de arquitetura, música, cinema e arte e isso acabou sendo um ponto de partida.
Matheus: É, eu comecei a tirar foto quando tinha uns 15 anos vendo as coisas da Lomography na internet. Achava muito legal. Mas, quando comprei uma, vi que era uma merda e comecei a ir atrás de câmera analógica de verdade. A primeira foi uma Olympus Pen, que comprei no interior da Paraíba. Só que no começo eu tirava um rolo para ter duas chapas que eu gostava.
Felipe: Eu comecei filmando. Quando tinha 13 anos, registrava meus amigos e qualquer outra coisa com uma câmera velha da minha mãe. Quando fiz 15, ganhei uma analógica do meu avô. Comecei a tirar foto e nunca mais parei. Mas, a minha parada é mais filme mesmo, fotografia veio depois.
Piaçabuçu
Matheu: Acabamos optando por fazer as fotos sempre em analógica. Em 2015, passei um mês viajando pelo sertão da Paraíba e fotografando tudo. Acabou rendendo onze fotolivros, cada um deles funcionaria como uma resposta para uns questionamentos que eu tinha. Um deles era se a analógica era um preciosismo anacrônico e eu ainda me pergunto isso. Acabei voltando com mais dúvidas, mas o livro que eu mais gostei foi o feito com analógica. Tem uma beleza inexplicável ali. Então, não consigo abrir mão.
Felipe: A fotografia analógica também dá mais espaço para a gente se expressar e tem algo de incerteza, pois acabamos usando filmes vencidos, essas coisas. Gostamos muito desse lance de tirar uma foto e esperar para ver o resultado. Com o digital você tira a foto, vê na hora e o processo acaba.
Piaçabuçu
Matheus: Agora queremos explorar mais isso, criar novas identidades para marcas e projetos com os quais nos identificamos, mas sem definir o que, exatamente, é a Estocolmo.
Felipe: Até porque a gente ficou só quatro dias em Estocolmo.
Veja onde ir e o que fazer em Estocolmo no verão:
Moderna Museet
“Museu de arte moderna com um acervo incrível que vai de Picasso a Matisse”.
modernamuseet.se
Omnipollos Hatt
“Cervejaria e restaurante que muda o menu de cervejas diariamente”.
omnipolloshatt.com
Hellstone Music
“Loja icônica de instrumentos musicais e discos vintage”.
hellstonemusic.se
Trädgården
“Balada ao ar livre aberta apenas durante o verão”.
tradgarden.com