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Porque você precisa ir ao Marisco Festival, que rola neste sábado (9), no Brás

Por
Peu Araújo
Em
8 junho, 2018

A fusão de ritmos brasileiros com música eletrônica do evento, que chega à sua 3ª edição, deu tão certo que expandiu tentáculos, abriu o leque e, neste ano, ocupa três espaços distintos na cidade

Privilegiar ritmos brasileiros de ontem e de hoje e, junto, adicionar o que há de mais audacioso e bem executado no universo da música eletrônica. A receita do Marisco Festival, que chega agora à sua 3ª edição, deu tão certo que expandiu tentáculos, abriu o leque e, neste ano, ocupa três espaços distintos em São Paulo com uma programação que também engloba debates, audições especiais e homenagens.

O festival que reverencia nomes como Lincoln Olivetti, Azymuth e Marcos Valle – artistas infelizmente ainda distantes do grande público apesar da genialidade — é o mesmo que traz nomes como o britânico Ashley Beedle, importante nome do acid house dos anos 1980 e referência na música eletrônica até hoje.

O Marisco é um desdobramento do selo Mareh Music, que começou há 15 anos com o já o tradicionalíssimo Mareh, que ao longo dos anos apresentou sets de nomes importantes como Todd Terje, Eric Duncan, Prins Thomas, Greg Wilson, Tim Sweeney, entre outros figurões da cena eletrônica, sempre em concorridas e solares festas de réveillon em destinos paradisíacos do litoral do nordeste brasileiro. E por trás de tudo isso está o inquieto Guga Roselli.

Marisco Festival
Rodrigo Peirão e Diogo Strausz, do Balako, no Marisco 2017 | Fotos: Felipe Gabriel + Rafael Justo Morse

Com três endereços e quatro dias de programação, neste ano o Marisco contará com palestras, debates e conversas sobre os mais variados temas musicais, 10 DJ sets e show de Ed Motta. A programação começou na quarta passada, dia 30, com uma homenagem póstuma ao genial Lincoln Olivetti, produtor abrangente e genial que levou ao estúdio nomes como Tim Maia, Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, entre muitos outros ídolos da música brasileira, no Masp. Nesta quarta (6) e quinta (7), no Excelsior Hotel, no centro de SP, haverá talks e palestras sobre temas como identidade artística, remixes/edits, raridades da música brasileira, a importância da música para as cidades, entre outros, com convidados como o DJ Nuts, Carrot Green, Pena Schmidt e Augusto Olivani, da Selvagem.

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O festival em si está agendado para o sábado (9), em uma antiga fábrica de pentes no Brás (Rua Joaquim Carlos, 71). Tocam Ahmed Fakroun & Band, Ed Motta (Baile do FlashBack), Ashley Beedle, DJ Nuts, Selvagem, Eduardo Corelli, Roger Weekes, Benjamin Ferreira, Vitor Kurc, Paulão Sakae Tahira, Tata Ogan e Marcelo Dionisio.

O evento mostra, com competência, o quanto a relação da disco music, ou dos boogies brasileiros (gênero bastante celebrado no exterior) com a música eletrônica produzida hoje em dia é íntima. Não tá acreditando que haja conversa? Então saca esse som produzido por Ashley Beedle com sample de “É Mulher” do Azymuth e tire suas conclusões.

Trocamos uma ideia com o DJ e engenheiro Guga Roselli sobre o selo e os festivais. Se liga.

Como surgiu o selo Mareh Music?
Bom, este é um longo processo de amadurecimento, mas que pode ser traduzido em uma só palavra: amor. Sou amante da música desde jovem, na segunda metade dos anos 1990 comecei a mergulhar mais no eletrônico e decidi fazer aquelas festinhas para amigos. Com o passar dos anos a festinha ganhou branding e virou um festival, amadureceu junto com minhas referências.

E qual a origem do nome?
O nome vem de maré mesmo, já que nosso principal festival leva este mesmo nome e acontece sempre em alguma faixa do litoral.

Marisco Festival
Guga Roselli | Foto: Felipe Gabriel

Como o selo se tornou uma referência na cena da música eletrônica e também na música brasileira? Como foram rolando os lançamentos?
De alguns anos para cá comecei a entender melhor o que é um selo de música. E, ao contrário do que eu pensava, um selo musical não faz somente festivais, mas lança músicas e tem artistas que o representam. Depois que começamos a olhar para isso e afinamos também nossa curadoria no que diz respeito a escolha dos artistas que tocam nos eventos que produzimos, o público e a mídia especializada começaram a reconhecer automaticamente nosso trabalho. Falando especificamente de lançamentos, ainda estamos engatinhando no material autoral, mas vem coisa boa por aí. Já no nosso selo paralelo de bootleg/edits de músicas brasileiras lançados somente em vinil e com tiragem super pequena bombam de vender lá fora e contribuíram muito para o reconhecimento internacional do label.

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E como essa história chegou ao Marisco?
Marisco vem de uma brincadeira fonética de duas palavras: Mareh + disco = marisco, este disco pode ser lido como disco music americano ou ainda o boogie brasileiro. A ideia é juntar, no mesmo line-up, música disco mundial e principalmente brasileira, com o DJs mais badalados da cena eletrônica e acabar com fronteiras imaginárias entre eletrônico e world music. Música boa é música boa. Com uma boa curadoria dá pra colocar todo mundo junto e ficar lindo. O boogie brasileiro foi muito sampleado pela música eletrônica. Esta era uma tendência mundial , nós percebemos antes da maioria e aterramos isso em 2016 no primeiro ano do Marisco com Azymuth e Marcos Valle de headliners.

Qual a importância de trazer ao palco o Azymuth ou fazer uma reverência ao Lincoln Olivetti?
Acho que estes caras, por mais gênios que sejam, ainda não são reconhecidos pela grande maioria das pessoas. Trazer isso para o público da Mareh, que já confia em nossa curadoria, e mostrar para mais gente estas obras primas da nossa música é, em outras palavras, fomentar a cultura brasileira e romper o preconceito daqueles que curtem apenas música eletrônica. Obviamente os DJs que eu trago de fora só faltam ajoelhar e pedir autógrafo para um Azymuth da vida. Já aconteceu na minha frente.

Marisco Festival 2017

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