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Entrevista: Kid Le Chat, a banda Made in Rio de Leo Moretti e David Wilson

Por
Renata Brosina
Em
7 agosto, 2017

Se você cruzar com Leo Moretti e David Wilson pela orla carioca é bem provável que os rapazes estejam falando em “portunglês” e batucando em algum lugar, mesmo que seja em instrumentos imaginários. A dupla atende pelo nome de Kid Le Chat, viveu parte da juventude em solo norte-americano, têm raízes fluminenses e, nos últimos meses, divulga um som que combina indie dance com “colheradas” (nada de “pitadas”, viu) de anos 80.

Sobre os meninos, dois encontros pouco óbvios se fosse pela geografia norte-americana. Leo (o older brother de Fab Moretti, dos Strokes) nasceu no Rio, mas foi morar com a família em Nova York nos anos 1980. Começou a tocar guitarra na high school e fazia parte de* garage bands*. Estudou comunicação social e voltou ao Brasil com 23 anos. “Só embarquei nessa carreira musical mesmo em 2012, mas gosto de acreditar que nunca é tarde demais para ser feliz”, conta ele, que inspira e respira música. Mais ao sul da terra do Tio Sam, David viveu em Austin, no Texas, passou sua infância imerso na cena musical – a cidade que é dona de dois festivais de sucesso, o SXSW e The ACL, já trazia o título de “capital da música ao vivo”. Aos 11 anos, já tocava bateria em alguns bares e nas festas da escola – vale destacar que fazia parte da banda marcial do seu colégio. “Austin é uma cidade mega liberal se comparado ao resto do Texas. O lema da cidade é ‘Keep Austin Weird’ e me identifico muito com isso!”, diz.

A seguir, um pouco mais sobre a banda, que acaba de lançar o seu primeiro álbum homônimo, num papo com o David.

Fotos: Jorge Bispo

Como e quando começou essa vontade de criar a Kid Le Chat?
Nos conhecemos no ano passado e, praticamente, alguns dias depois já estávamos fazendo um som dentro de uma microcervejaria onde costumávamos nos encontrar. Foi uma experiência totalmente despretensiosa e não fazíamos ideia que acabaria saindo uma disco e uma banda disso.

Típico encontro de amigos que resulta em algum projeto bacana…
Realmente, queríamos apenas registrar algumas ideias e experimentar timbres. Acabou que, depois de alguns meses, a gente já tinha feito em torno de 20 músicas, algumas com 4 ou 5 versões diferentes. Ficamos muito felizes com o resultado e escolhemos dez delas para lançar. Consequentemente, bateu a vontade de poder tocar as músicas, nem que fosse para mostrar apenas para a galera da cervejaria, amigos e familiares, então tivemos uma sorte incrível de encontrar dois músicos, o Antonio Dal Bó no teclado e Giordano Gasparin no baixo e formamos a banda.

E o nome, como surgiu?
Foi inspirado no gato do Leo, o Gigio. A gente já tinha pensado em centenas de nomes diferentes, que duraram desde alguns minutos até algumas horas, mas nada colava por muito tempo. Um dia o Gigio entrou no estúdio, meio brincalhão, e eu falei que parecia um criança querendo brincar. Foi daí que saiu o Kid Le Chat.

Quais são as referências musicais do Kid Le Chat?
As músicas dos anos 1980 têm uma grande influência. Fica evidente no som que fazemos. Mas ouvimos de tudo. Eu amo música clássica e jazz, mas adoramos metal e punk também. Não é necessariamente o gênero, mas como a música toca e emociona.

Como é a relação de vocês com a música?
Somos cria dos anos 1980 e, talvez, essa nostalgia seja o combustível por trás das composições. Temos um acervo gigante de sons e timbres de teclado, que é normalmente a origem de algumas músicas. Como ele mesmo fala, a música parece nascer de dentro do timbre. Dali vem uma melodia. As letras, muitas vezes, aparecem por último.

Já tocavam algum instrumento ou participaram do coral da escola, por exemplo?
Meu primeiro instrumento foi bateria. Comecei numa banda de blues com 11 anos e já tocava em festas de amigos e na noite em Austin. Também cheguei a tocar bateria na banda marcial da high school, mas acho que cantar e escrever letras eram as minhas verdadeiras paixões e acabei desenvolvendo um pouco depois. O Leo começou tocando guitarra e teve banda com amigos no colégio. Aliás, a primeira banda foi com o irmão e um amigo da escola. Ele era apaixonado pelos solos do Slash e tinha até botas de caubói para compor o personagem. No entanto, a sua verdadeira paixão sempre foi os sintetizadores.

E as animações dos vídeos, quem cria?
Os videos são basicamente o resultado de horas de experimentação do Leo e eu dou normalmente sugestões na finalização para ajudar encaixar com a música. Não conseguimos achar o nome certo, na verdade, porque não vemos como vídeos, mas como artes meio malucas, que possam traduzir um pouco o que sentimos da música.

Quanto tempo demorou para gravar o primeiro álbum?
Levamos basicamente um ano, mas vamos dizer que uns 3 ou 4 meses foram apenas de experimentação e pesquisa de som e timbre. Quando resolvemos montar o disco, já tínhamos várias músicas e estávamos felizes. Quer dizer, totalmente felizes nós nunca estamos. Sempre pensamos que podemos melhorar, talvez esse seja o melhor motivo para lançar um disco, para poder dar um ponto final. É dificil “terminar”.

What’s next for Kid Le Chat?
Estamos ensaindo direto e procurando lugares pra tocar. Esse é o foco agora. Queremos mostrar para as pessoas o nosso som. Fizemos shows no Rio e em São Paulo que foram incríveis. Ficamos muito felizes em poder tocar. Se o disco é um filho, o show é seu irmão extrovertido. E já estamos com mais da metade de um disco novo pronta. Estamos muito animados com as músicas novas também, é uma incrível evolução do som que já fazemos.


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