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Por que um romance entre dois rapazes é o filme deste verão

Por
Helder Ferreira
Em
22 novembro, 2017

No último domingo (19), o Festival Mix Brasil realizou uma exibição de “Me chame pelo seu nome”, novo trabalho do diretor italiano Luca Guadagnino, que tem sido aclamado por público e crítica em festivais e salas de cinema ao redor do mundo.

Baseado no romance homônimo do escritor americano André Aciman, o filme narra a história de Elio Perlman (Timothée Chalamet), um adolescente de 17 anos que, durante um verão na vila de sua família no norte da Itália, se apaixona por Oliver (Armie Hammer), estudante de 24 anos que está hospedado na propriedade para ajudar o pai do protagonista em uma pesquisa sobre cultura greco-romana.

Para entender todo o burburinho, assistimos ao longa e elegemos 4 motivos para correr para os cinemas no dia 18 de janeiro, data da estreia no Brasil.

1. Queridinho da crítica
Desde a exibição no festival de Sundance, em janeiro deste ano, os críticos de cinema americanos apontam o filme como uma das apostas mais promissoras para o Oscar 2018. O palpite, aliás, é bem embasado, já que o longa conta com 98% de aprovação no Rotten Tomatoes e nota 94 no Metacritic, os dois principais sites agregadores de resenhas. Os elogios concentram-se principalmente no elenco principal, com destaque para Timothée Chalamet (que, aos 21 anos, tem grandes chances de se tornar um dos atores mais jovens a ser indicado ao prêmio da Academia de Melhor Ator), mas também se estendem à direção, roteiro e fotografia. Não é à toa que “Me chame pelo seu nome” já é o campeão de indicações no Spirit Awards, premiação dedicada às produções independentes, concorrendo em 6 categorias.


2. Teletransporte para o verão italiano
Ambientado durante o verão de 1983 em uma vila em “algum lugar do norte da Itália”, o filme encanta com o visual idílico de suas locações. Mais do que mostrar a beleza do local, o trabalho de Guadagnino em parceria com o do diretor de fotografia Sayombhu Mukdeeprom é uma obra sinestésica que transporta o espectador para o verão italiano. É (quase) possível sentir o calor das noites ao assistir Elio insone revirando-se na cama, a refrescância do rio em que os personagens se banham ou até mesmo o aroma e o sabor dos pêssegos e damascos colhidos diariamente no quintal do casarão.


3. Canções inéditas de Sufjan Stevens
Eclética, a trilha sonora do filme vai do compositor de música erudita contemporânea John Adams ao grupo de pós-punk oitentista The Psychedelic Furs, mas tem como real protagonista o cantor de indie-folk Sufjan Stevens. Três canções inéditas do americano – “Mystery of love”, “Visions of Gideon” e “Futile Devices – Doveman Remix” (que não está disponível no Spotify, mas pode ser ouvida aqui) – não apenas embalam cenas-chave do longa como também, segundo o próprio diretor do filme, narram o romance entre Elio e Oliver. “Queríamos uma espécie de narrador que pudesse fazer justiça ao livro, mas que não fosse em primeira pessoa”, disse Guadagnino em entrevista ao site IndieWire. “Senti que o lirismo de Sufjan, tanto na voz quanto nas próprias letras, tem, por um lado, certa intangibilidade e, por outro, uma intensidade ressonante”.


4. Nostalgia e representatividade
“Me chame pelo seu nome” poderia ser apressadamente classificado como um filme sobre um amor de verão, mas vai muito além. O roteiro baseado no livro homônimo de André Aciman utiliza o tema romântico como alegoria para uma narrativa sobre o amadurecimento do protagonista. Aos 17 anos, Elio já é um verdadeiro prodígio intelectual, versado em música, literatura e história, mas sabe muito pouco sobre os assuntos do coração. Através de seus olhos – e da sensível interpretação de Chalamet –, relembramos o misto de angústia, ansiedade e êxtase que é adolescência enquanto ele navega pelas descobertas da paixão e do sexo. Complexo e original, o filme retrata um casal gay multidimensional que passa longe dos clichês do gênero, como a recorrente punição que costumam sofrer os personagens LGBT na ficção. Neste filme – alerta de spoiler – ninguém é morto ou fica doente por ser gay.

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