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Astrotourism: a viagem do momento para observar estrelas

Por
Fabiana Corrêa
Em
9 outubro, 2018

Os melhores lugares do mundo para ver nebulosas, eclipses e Via Láctea de pertinho, da Nova Zelândia à Namíbia

Noites estreladas estão em alta. Mas não adianta olhar pro céu se você está em uma cidade grande, cercada por lâmpadas fluorescentes. Essas são, aliás, as maiores inimigas da galera que está viajando para olhar os astros de perto, de preferência com observatórios com equipamentos super modernos por perto. O AirBnb registrou um crescimento da procura por hospedagem em lugares onde o céu é mais negro onde se pode ver as estrelas de perto – há mais de 3.000 anfitriões na plataforma que oferecem telescópios. O site reuniu experiências para quem quer ver os astros, seja com glamour, em grande estilo, como uma casa envidraçada na Califórnia, ou com orçamento mais humilde, em cabaninhas perdidas em algum lugar do Chile.

A tendência ganhou força com o eclipse total do sol no ano passado, quando 50 mil pessoas de 26 países reservaram lugares nos Estados Unidos para assistir o fenômeno, que vai se repetir em julho do ano que vem, dessa vez visível da Chile e da Argentina. Mas não são só eclipses que contam. Observar o céu nesses lugares é ver a Via Láctea ao alcance das mãos. Windhoek e o deserto de Sossusvlei, na Namíbia, Antofagasta, no Chile, e as Ilhas Canárias, na Espanha, são alguns dos principais destinos desse novo turismo nerd. E cada uma dessas viagens podem ser bem diferentes, já que o que se avista nos céus do norte não é a mesma coisa do que se vê abaixo da linha do Equador. No firmamento sobre a América do Sul, por exemplo, o Cruzeiro do Sul é uma figura de destaque, e enquanto a Ursa Maior é visível dos países na parte superior do globo.

O astrotourism é mais comum em lugares distantes, onde o progresso não chegou com tudo – e nem as lâmpadas. E algumas comunidades que já perceberam que seus destinos vêm atraindo mais gente passaram a priorizar a observação astronômica. Nas Ilhas Canárias existe a Lei do Céu, que regulamenta a iluminação de locais públicos e impede que linhas aéreas passem onde se pode observar as estrelas. As ilhas fazem parte da International Dark Sky Association (IDA), um órgão que se dedica a proteger esses locais da poluição luminosa.

Aqui, nossa lista com alguns dos melhores pontos – abaixo ou acima do Equador, para você ver o céu noturno em todo o seu esplendor.

Observatório da região de Antofagasta, um dos muitos no Chile | Foto: Divulgação | IDA

Antofagasta, Chile

Perto da gente, o país é um dos melhores locais do mundo pra se ver as constelações e planetas por conta das altitudes elevadas, clima seco e por ter muitos lugares pouco povoados. Em 2019, junto com a Argentina, Chile vai ser o melhor ponto para observar o eclipse total do sol que acontece em 2 de julho. A região de Antofagasta, próxima ao deserto do Atacama, é considerada a capital mundial da astronomia. Próximo a Calama, na mesma região, há o parque de Chug Chug, certificado como destino Starlight pela Unesco, com mais de 10 mil estrelas que são visíveis por conta da altitude acima de 4000m e impossíveis de se avistar em locais mais próximos do nível do mar. Dê uma olhada também no Valle del Elqui, onde há o hotel Elqui Domos, com tendas abertas para o céu, alem das regiões de Alto El Loa e da Mano del Desierto. O país tem 40% dos observatórios astronômicos do mundo.


Alqueva, no Alentejo, um dos melhores points do mundo | Foto: @miguel_claro para @darkskyalqueva

Alqueva, Portugal

Essa província na região do Alentejo é o principal destino mundial para observação do céu, ou seja, onde é mais fácil ver os astros. Claro que há um monte de outras coisas a fazer, como caminhadas em torno da grande represa para avistar pássaros, prova de vinhos e passeios de canoa. O observatório oficial Dark Sky conta com telescópios de vanguarda para observação solar e astronômica, do céu mais profundo, entre as nebulosas e galáxias.


Há pontos de observação nas sete ilhas do arquipélago | Foto: Divulgação Instituto de Astrofísica de Canarias

Ilhas Canárias, Espanha

As setes ilhas que formam o arquipélago, entre elas La Palma e Tenerife, têm pontos de observação importantes, como o Observatório de Roque de los Muchachos e do Gran Telescópio Canárias, um dos maiores do mundo. A inversão térmica criada pelo vento que sopra constantemente na região impede que as nuvens se formem sobre as ilhas e, junto com altitudes que chegam a 2400 metros, faz com que seu céu seja um dos mais limpos da Europa. Mas além de observar o céu por meio de lentes potentes, dá pra ver muita coisa a olho nu, tanto que o Airbnb incluiu La Palma como destino de astroturism, o turismo de observação das estrelas.


O telescópio russo que faz parte do observatório mineiro | Foto: Divulgação

Pico dos Dias, Minas Gerais

O Brasil não está oficialmente na lista dos melhores locais para se ver muito bem as estrelas, mas isso não significa que por aqui não se possa fazer esse tipo de turismo. A gente tem os parques nacionais, como a Chapada dos Veadeiros, o Pantanal, as cidades de montanhas, como Teresópolis ou Campos do Jordão, onde a altitude e o ar seco ajudam a enxergar mais longe. E tem ainda um observatório que recebeu um telescópio russo na Serra da Mantiqueira, o Observatório do Pico dos Dias. Fica entre as cidades de Brasópolis e Itajubá, em Minas, e você pode aproveitar para conhecer a bela região em torno, que inclui cachoeiras e o monumento da Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí.


Um dos 40 parques americanos bons para observação | Foto: Renden Yoder / Unsplash

Joshua Tree Park, Estados Unidos

Há uma lista de destinos nos Estados Unidos para quem quer observar os astros, então você pode fazer um tour pelo país só olhando pro céu. Há 40 parques nacionais na lista, sempre bons lugares pois costumam estar longe da poluição luminosa. Joshua Tree National Park, na Califórnia, fica entre dois desertos, o do Mojave e o do baixo Colorado, tem sítios arqueológicos como atração e os guardas viram guias noturnos para os visitantes. Não é dos céus mais escuros do mundo, mas é considerado o último lugar com escuridão natural que restou no sul californiano e vem conscientizando as comunidades próximas a reduzir sua iluminação noturna, incluindo a base militar próxima.


Um dos 40 parques americanos bons para observação | Foto: Namibia Tourism | Divulgação

Deserto de Sossusvlei, Namíbia

A Namíbia é a viagem da vez entre os destinos africanos – e o deserto de Sossusvlei, com suas dunas alaranjadas e árvores retorcidas, é um dos melhores pontos para se olhar as estrelas. Dentro dele, a reserva natural de NamibRand é a única listada pela International Dark Sky Association no continente e um dos poucos lugares do mundo que tem poluição luminosa próximo de zero. Por isso recebeu a classificação de santuário pela associação que classifica a escuridão dos céus. Fica a 140km de distância da cidade mais próxima, o que garante um dos céus mais escuros do planeta.


Um dos santuários mundiais para se olhar estrelas | Foto: Divulgação

Great Barrier Island, Nova Zelândia

Situada a 100 km de Auckland, a capital neozelandesa, a ilha Great Barrier, ou Aotea, nome dados pelos Maori que habitavam o lugar, é um dos melhores pontos do planeta para o turismo de observação dos astros. É considerado um santuário Dark Sky, um lugar muito especial por ser extremamente isolado. Coberta por floresta nativa, a ilha tem outras atrações, como os passeios de caiaque bem populares entre quem visita. Tem apenas 1000 habitantes vivendo, basicamente, de agricultura e turismo, por isso preservar a escuridão noturna virou prioridade para essa comunidade.

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