Conheça a incrível história de quatro amigos que pretendem reinterpretar a nossa atual relação com o vaivém dos astros no céu.
A astrologia existe há pelo menos 6.000 anos. Mas de uns tempos para cá, graças às redes sociais, à febre dos memes e a um mundo cada vez mais veloz, o assunto parece ter ganhado mais força e novos adeptos. Quer um exemplo? Mercúrio retrógrado sempre existiu, mas nunca foi tão temido e divulgado como agora, a ponto de grifes de moda fazerem coleções pautadas no tema e sermos bombardeados de memes em nossas timelines antes mesmo do planeta mudar seu curso. De olho nessa tendência, o psicanalista e pesquisador Lucas Liedke, os designers gráficos Gabriela Namie e Jun Ioneda e o publicitário e pesquisador André Alves decidiram montar um projeto para mapear a nossa atual relação com o vaivém dos astros no céu: o Peoplestrology.
“O gosto pelo místico sempre existiu na minha vida. Está presente no meu mapa astral, inclusive”, conta Lucas, que é pisciano com ascendente em gêmeos. Apesar desse interesse, foi somente em meados de 2015 que a ideia do projeto começou a amadurecer. “Tudo começou quando me dei conta de que a astrologia estava tendo uma presença muito forte na cultura popular, especialmente no Brasil.”
Além do universo digital, Lucas e André, que já haviam trabalhado na Box1824, especializada em pesquisa de mercado e tendências de consumo, e hoje mantêm a agência de pesquisas Float, perceberam que o interesse pela astrologia também estava aparecendo em outros lugares, como nas vitrines da Selfridges de Londres, por exemplo. “Em 2016 eles lançaram uma campanha inteira de signos, cada um representado por uma vitrine. Também saíram matérias sobre o assunto no New York Times, na Atlantic e em outros veículos respeitados globalmente. Percebi que era a hora de falarmos sobre isso”.
Ao lado de André e de Gabriela e Jun, que tocam o Estúdio Barca, Lucas começou a colocar o projeto de pé. “Percebemos que nunca tinha sido feita uma pesquisa sobre astrologia de um jeito aberto e colaborativo, que usasse o tema como pano de fundo para pensar em coisas que estão acontecendo, como valores da sociedade, tendências comportamentais e sociais. Coisas que a astrologia acaba se tornando uma espécie de desculpa para se falar a respeito.”
A partir dessa ideia surgiu o Peoplestrology, uma plataforma online que pretende solucionar questões como qual é o signo que as pessoas mais admiram ou qual deles todos gostariam de ser e o que isso diz a respeito do nosso mundo e da nossa sociedade hoje. Para isso são utilizadas metodologias digitais de pesquisa e análise cultural, ou seja, qualquer pessoa que acessar o endereço na web pode preencher um questionário astrológico gratuitamente e, a partir da coleta de dados, rankings e reports serão divulgados periodicamente.
“Hoje já é possível conferir alguns resultados em tempo real, com as características que foram mais atribuídas a cada signo. Também dá para ver por ranking, por exemplo, a lista dos signos mais racionais”, diz Liedke. “Parece meio óbvio, mas nunca ninguém organizou essas listas dessa forma, de acordo com a opinião das pessoas e não de um guru”, conta ele, que já está analisando dados de mais de 2 mil pessoas no momento, entre brasileiros e gringos. “É tudo aberto e, em nosso perfil no Instagram, também postamos conteúdos, eventos astrológicos, questionários e enquetes.”
A plataforma também conta com um blog onde astrólogos, bruxas e outros conhecedores do tema têm colaborado não só com posts, mas também para fornecer materiais de base. “Conversamos com alguns profissionais para incluir todas as pesquisas científicas que já foram feitas e assim conseguir desmistificar a astrologia.” Alguns deles também estão colaborando na interpretação dos dados e por lá também é possível pegar os contatos para futuras consultas pessoais. “A ideia é criar uma rede mais contemporânea de astrologia”, afirma.
Se esse mercúrio retrógrado não atrapalhar muito, o primeiro report sai no próximo mês.
