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Vento Festival muda de praia e traz novidades. Francisco, El Hombre e Do Amor são algumas das atrações

Por
Rafael Bittencourt
Em
10 maio, 2017

Depois de duas edições transformando os ares de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, o Vento Festival fez uma curva fugindo do trânsito da barca e passa a ocupar, entre os dias 15 e 18 de junho, a vizinha e charmosa São Sebastião. Além da mudança de endereço há uma rajada de novidades imperdíveis. E, o que é melhor, tudo grátis!

Além das bandas já confirmadas (Mombojó, Macaco Bong, Paula Cavalciuk e Ava Rocha), hoje deve sair a confirmação de duas novas atrações musicais: a banda carioca Do Amor e os psicodélicos campineiros do Francisco el Hombre, que encerra o primeiro dia de evento.


Francisco el Hombre. Foto: divulgacão

Em parceria com o Spotify, o Vento Festival fará uma série de mesas de discussão com músicos, produtores e agitadores culturais sobre o mercado e como a arte pode transformar a sociedade. Em um papo mais transcendental, uma das conversas será justamente sobre o tema do evento, “Olhar para dentro”, que explorará a relação com o outro sob diferentes pontos de vista, do misticismo à neurociência.

Ouça a playlist do Vento no Spotify:

Para quem se inspirar com estes papos e quiser criar a própria mesa de debates e trocar uma ideia com amigos e quem mais se interessar, as Mini Arenas estarão organizadas para receber os grupos com os convidativos dizeres: “Faça aqui a sua conversa”.

A Feira Vila Vento continua valorizando os designers do litoral, com uma curadoria super afiada. E, pela primeira vez, o Cine Netflix realiza exibição de filmes que tenham tudo a ver com o universo do Vento, a exemplo do documentário “Humano – Uma Viagem pela Vida”, do francês Yann Arthus-Bertrand.

A seguir, um papo com a Anna, que contou com exclusividade para gente algumas novidades desta próxima edição.


Anna Penteado, idealizadora do Vento Festival. Foto: José de Holanda

Anna, no ano passado vocês fizeram um mini documentário perguntando para os artistas que participaram do evento, o que significava Vento para cada um… E a gente te pergunta: o que é Vento para você?
Vento condiz muito com o que a gente quer trazer: transformação, movimento. É algo que nos atrai muito, porque é algo que você não vê, mas sente. O nome veio por isso, e porque o vento é muito forte e um elemento muito presente na vida de quem mora na região de São Sebastião e Ilhabela. É algo muito característico dali, por que fala-se muito do tal “vento sul”, que quando surge muda todo o clima da região.

Nesta 3ª edição vocês trocaram Ilhabela por São Sebastião. O que o Vento tem de melhor para oferecer a São Sebastião e vice-versa?
É uma oportunidade de reeducação do olhar para a cidade. São Sebastião tem muita história indígena, monumentos tombados, foi o local onde portugueses aportaram antes de seguir para o interior do estado. Mas quando o porto chegou à cidade, começou a ficar tudo meio abandonado, a cidade estava adormecida e pedindo muito essa energia para se reinventar.


Edição de 2016 do festival, em Ilhabela. Foto: Marcel Nascimento

Como você vê a atual cena de música independente do Brasil?
Sou uma completa apaixonada por esse cenário. Me alimenta como ser humano. É muito importante esse momento que a gente está vivendo: desde o começo dos anos 2000, ser um artista independente virou uma escolha, algo que empodera, dá força e muito mais autenticidade para o artista. É a autoestima de poder ser quem você é. Para a arte isso é muito importante, por que a arte materializa a vida.

Ano passado o Vento trouxe muitos artistas “empoderados”, que andam despontando agora. Qual o mote desta 3ª edição?
Ano passado falamos de diversidade e liberdade. Trouxemos artistas que incorporavam essa filosofia, como a Liniker, o Johnny Hooker, a Karina Buhr… Esse ano a gente olha pra dentro de nos mesmos para tentar entender que também são nas diferenças que podemos nos encontrar. Precisamos ter empatia e entender que a gente é todo mundo. Só se colocando no lugar do outro vamos conseguir ter uma sociedade mais tranquila e honesta.


Karina Buhr se apresenta no Vento Festival 2016. Foto: Marcel Nascimento

E como você acha que o mercado e a mídia veem tudo isso?
A gente está vivendo um momento muito bonito, porque as pessoas estão com vontade de falar, os artistas estão muito transgressores, desconstruindo inclusive a equação clássica do jabá. Por que o independente é o boca a boca e na hora que a arte toca o coração, não adianta. O resultado é a grande mídia chamando esses artistas independentes para mostrarem a arte e o trabalho deles, pois começam a entender que é disso que eles precisam, porque é essa verdade que o público quer.

Nesse sentido, quais são as suas apostas musicais?
Eu admiro muito a Linn da Quebrada, porque além de ser uma grande intérprete, ela tem um discurso e uma eloquência incríveis. Ela também traz outros elementos para o funk, como tambores. É importante ter o público trans falando com todo mundo. Eu percebo que antes tinha aquela coisa da trans que frequentava a balada da elite e isso era muito pontual que todo mundo admirava, mas não falava com todo mundo. A Linn fala para a trans que apanha na favela, que é estuprada, que a mãe abandona. Essas pessoas a gente precisa tocar também e esses artistas tocam de fato as pessoas que precisam. O trabalho é muito importante por que leva a verdade com leveza: a mensagem entra na casa das pessoas sem que elas percebam e quebra preconceito sem agressão. Isso é transformação.


Do Amor, uma das novas atrações deste ano

Até agora o Vento vai levar para São Sebastião Mombojó, Ava Rocha, Macaco Bong e Paula Cavalciuk. Alguém mais que você possa adiantar pra gente?
O Francisco el Hombre encerra o evento no primeiro dia. É uma banda de Campinas (SP) que fala de empatia e que tem um grande potencial que a mídia ainda não descobriu. A carioca Do Amor também está confirmada. Depois de ter parado um tempo, voltou agora com ótimo álbum “Fodido Demais!” Mas nossa abertura vai ser justamente abraçando a cultura local, com um ritual xamânico dos índios da aldeia do Rio Silveiras, com canto e dança típicos deles que vão se apresentar pela primeira vez para o grande público não-indígena.

Mais informações
facebook.com/ventofestival

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