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As presilhas com conteúdo de Verena Figueiredo

Por
Fabiana Corrêa
Em
31 julho, 2018

De dia, ela faz a curadoria de produtos da Void. À noite (e em todo o resto do tempo), trabalha em sua marca de presilhas cheias de palavras nonsense e divertidas

Sabe aquelas pessoas que, por não estarem muito satisfeitas com seu trabalho, criam um plano B para ter mais prazer e encontrar sentido no que fazem? Então, Verena não é uma delas. Curadora dos produtos vendidos em todas as lojas da Void, ela tem o privilégio de passar o dia em busca das marcas e visitar os novos designers que irão fazer parte das desejadas vitrines e araras das 10 lojas em São Paulo, no Rio e em Porto Alegre. “Recebo dezenas de emails de pessoas fazendo coisas legais, roupas, objetos, acabo me encontrando com muita gente criativa”.

Mas acontece que ela também curte criar e, em uma visita a uma lojinha de armarinhos do centro do Rio, encontrou umas letrinhas de strass para vender. “Aí eu vi presilhas!”, conta. Começou a viajar no público, nas frases, na identidade visual da nova marca. E no nome. Tentou criar um perfil no Instagram chamado Vacaciones. Como veio a resposta “Vacaciones não está disponível” na tela do app, foi esse nome mesmo que ela adotou: @vacacionesnaoestadisponivel.

Da sua cabeça – e das clientes, que podem encomendar – saem frases como “Aff fome de pizza”, “Baby Don’t”, “Mara hehe”. Sem limites, como gosta de dizer. Um dia, comprando material para novas presilhas, checou seu perfil no Instagram e viu que havia 30 mensagens inbox. “Tinha saído no perfil de em uma revista feminina, cuja editora me conheceu, e lotou de pedidos”, diz. Verena correu para montar tudo e mandar por Sedex na semana seguinte. E começou por aí o sucesso da Vacaciones, com encomendas feitas pelo Instagram ou amigas de amigas. Algum tempo depois, ela mostrou o trabalho para seu chefe na Void e ele curtiu. E a nova marca ganhou mais uma vitrine.

“Em vários momentos da minha vida tive essa vontade de criar algo meu. Já pensei em lingerie, canga, vestido. Antes das presilhas, tinha saído pra comprar material para brincos”, diz. Mas sempre tinha um obstáculo. Grana, ou falta dela, tempo, ou falta dele, estrutura, site, marketing etc etc etc. Até que Verena percebeu que precisava simplesmente fazer. “Chego à noite ou aos domingos e vou montar presilha pra mandar pra gente do Brasil todo. É tudo super mambembe e nem sei até quando vai durar, mas estou curtindo muito ter mais esse trabalho”.

A vida de Verena tem a ver com moda desde o começo. Quando pequena, acompanhava a mãe indo na costureira. Sua primeira criação, aos 10 anos, foi o vestido de festa junina que desenhou quando ainda morava em Aracaju (SE), onde nasceu e passou a infância. Na hora de escolher a faculdade, conseguiu uma bolsa no Senac e veio estudar em São Paulo. Passou pela Santa Lolla, Ellus e outras marcas até que soube da vaga na Void. “Queria muito, então mandei meu currículo no primeiro dia de janeiro de 2017 e deixei tudo pra trás para morar no Rio”.

Na Void, Verena passou a escolher de perto as roupas e acessórios à venda. Para isso, juntou olhar esperto, seu gosto por novidades e um jeitinho de trabalhar só seu — mas que finalmente foi aceito. “Não acredito em ter que passar horas e horas na empresa só pra fingir que você está trabalhando. O importante é a entrega, é fazer bem feito e cumprir o que você se propôs. Não importa se você quer trabalhar de madrugada, começar depois do meio dia, se cria melhor depois de tomar um ácido. Não me importo como as pessoas fazem, com tanto que o trabalho esteja lindo”. E, no caso dela, tá tudo lindo. Ou MTO MARA EITA AUGE.

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