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Carlo Guaragna, um nerd da yoga virou o professor mais querido da internet

Por
Fabiana Corrêa
Em
10 agosto, 2018

Suas aulas bombam no Facebook e ele viaja o Brasil pra ensinar sua técnica, apurada em horas e mais horas de dedicação

“Não importa onde tu tá, se é Índia ou Porto Alegre, em qualquer lugar tu pode sentar tua bunda no chão e meditar”. Resumindo, é nessa facilidade que o gaúcho Carlo Guaragna acredita ao gravar seus videos com aulas de yoga, que atraem 375 mil seguidores para sua página do Facebook. “É algo que me faz tão bem, queria que outras pessoas tivessem a mesma sensação. Se você tem um corpo e tem uma mente, você pode fazer yoga”.

A ideia de compartilhar essas sensações nasceu no comecinho de 2016, quando Carlo resolveu gravar alguns vídeos no celular. “Um amigo me deu um toque, comprei um tripé e comecei a editar os vídeos no meu celular mesmo, com uma qualidade abaixo do amador, eu diria”, conta. No primeiro dia da página, Carlo subiu cinco videozinhos e, apesar dos possíveis problemas estéticos, as aulas viralizaram. No dia seguinte, havia 3000 likes e muitos seguidores esperando por mais aulinhas. “Yoga é algo muito caro no Brasil, inacessível. As aulas no Facebook foram um jeito que eu achei de democratizar.”

O resto está nas redes. Um ano depois, Carlo lançou a Prána Yoga, sua escola online que já tem 2000 inscritos que pagam R$ 39,90 mensais para assistir as aulas, deixou os treinos presenciais para ensinar apenas futuros professores, começou a viajar o Brasil para dar palestras e workshops. Dá aulas eventuais no Rio de Janeiro, na Academia da Ahlma, e no Sesc, em São Paulo, e percorre empresas para workshops que inspiram quem quer começar a trilhar o caminho do meio.

Os vídeos podiam ser toscos, mas a técnica era apurada. “Não sou um Whindersson Nunes, não sei improvisar, eu realmente tenho muita preocupação com os ensimentos. E todo o conteúdo é de graça, por isso bombou”, diz. Alguns vídeos usados nas redes sociais ainda são feitos pelo próprio Carlo na sala de casa, agora com um cenário mais elaborado, ou durante as viagens que faz para dar aulas, ou ficar (um pouco mais) sozinho.

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Estar só sempre fez parte do caminho de Carlo para dentro do yoga. “Eu levava uma vida tipicamente brasileira: samba, futebol e cerveja. Quando comecei a praticar, tudo isso foi ficando de lado”, lembra. As primeiros aulas, há 8 anos, quando Carlo tinha 20, abriram as portas da percepção. Ele passou a questionar o estilo de vida que levava, os amigos e até a namorada. “Terminei o namoro para me dedicar e estudar yoga. Me isolei por um bom período. O yoga faz com que você vire sua flecha pra si mesmo, você passa a construir suas relações de dentro pra fora”.

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Quando voltou desse retiro pra dentro de si, já não era mais o mesmo. Algumas amizades não faziam mais sentido. As baladas foram perdendo espaço. Carlo passou a dormir cedo, foi mudando a alimentação. “Percebi que laticínios me deixam mais lento, açúcar vicia e massa me dá vontade de passar mais tempo na cama”, diz. Tudo isso fica fora do cardápio porque, durante a semana, Carlo acorda às 5h, para praticar logo cedo, e tem que estar disposto porque o trabalho começa em seguida. “Trabalho muito, então criei esse horário para que nada me atrapalhe. Se eu não pratico, é como se passasse um dia sem comer, falta energia.”

“Mas e a foto segurando uma grande pizza no seu perfil do Whatsapp?”, pergunto. “Essa foi uma das melhores que comi na vida, visitando um amigo na Itália. Eu abro essas exceções aos finais de semana, saio um pouco da regra. Me permito a massa e a pizza. Minha família é gaúcha e italiana.”

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Essa veia nerd ele leva para quase tudo na vida. Se você sair para jantar com Carlo, mesmo que seja pra comer pizza, tenha certeza que yoga vai ser um dos assuntos principais da noite. “Meus estudos, meu trabalho, minha alimentação, tudo converge para criar um ambiente melhor para a prática”, diz. De vez em quando, ele muda um pouco o foco. Ou melhor, acrescenta algo para a lista de interesses – e se dedica do mesmo jeito. “Minha modinha agora é escalada, viciei, então fui ajustando tudo para escalar cada vez melhor. Sou nerd no que eu gosto e faz sentido. No que eu não gosto, sou uma decepção”, brinca.

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