Concebida por Augusto Olivani, o Trepanado, e Millos Kaiser, dois jornalistas e pesquisadores musicais, a festa Selvagem nasceu de um desejo simples: tocar músicas, especialmente brasileiras, que não eram ouvidas na noite de São Paulo naquela época, entre 2011 e 2012.
Claudia Assef, jornalista e DJ, autora do livro Todo DJ Já Sambou
A festa nasceu no Paribar, em São Paulo, e aterrissou nas locações mais ecléticas, da cobertura do Shopping Light ao Viaduto Dom Pedro I, passando pelo Campo de Marte. Já no RJ, passou pelo Comuna, invadiu o Cais da Imperatriz e carnavalizou na quadra da Unidos da Tijuca. A anarquia musical Selvagem também já rodou o mundo em festivais, como Bordeaux Open Air e Bogotá Music Market.
Augusto Olivani, o Trepanado, um dos idealizadores da Selvagem
A Selvagem deu um clique logo em 2012, quando recebeu os DJs britânicos Andi Hanley, Twitch (Optimo) e Paul Thomson, na época baterista do Franz Ferdinand, pra tocarem. Os caras do The Horrors apareceram por lá e a festa só terminou porque a polícia chegou.
Impossível não lembrar do Twitch pedindo licença pra tocar Mutantes no Paribar (2012); das festas insanas no Cais da Imperatriz pré-Olimpíadas; do Boiler Room no festival Dekmantel na Holanda (2017) ou de Matias Aguayo fazendo o híbrido DJ set/live sob a maior tempestade do ano, na Vila dos Galpões (2019) em SP.
Depois de um intervalo forçado pela pandemia logo após o baile de carnaval 2020 na quadra da Unidos da Tijuca, a primeira edição da Selvagem pós-vacina rolou em dezembro de 2021 no Super Lounge em SP. Em outubro, a festa vai celebrar seus 10 anos com o Festival Selvagem no Canindé.
Ao longo da próxima década, Olivani quer que a Selvagem deixe definitivamente de ser apenas uma festa, pra se tornar uma plataforma que movimente a cultura além da pista de dança, promovendo o que o Brasil tem de melhor — o que também é o mote do selo Selva Discos.