A receita perfeita e perversa pra transformar um lugar idílico num empreendimento de luxo sem noção.
Certifique-se de que seu empreendimento megalomaníaco esteja bem pertinho (ou dentro) de um território onde vivem pessoas bem vulneráveis. Se houver comunidades quilombolas ou pesqueiras envolvidas e ameaçadas, melhor ainda.
Não dê ouvidos à comunidade local. Mesmo se a população, as ONGs ambientais e até o Ministério Público se manifestarem contra o empreendimento, siga em frente.
Faça uma maquiagem bem bonita pro seu projeto parecer, apesar de tudo, sustentável. E, contra os argumentos da própria comunidade local e científica, rebata: “vai trazer emprego, renda e bem-estar para a região”. Depois, contrate todo mundo de fora porque afinal de contas treinar os nativos dá trabalho.
Grande mesmo! Não basta só um hotel, precisa ter um condomínio, pista de pouso pra importunar a fauna local com o barulho e uma marina pra embarcações a motor bem poluentes, cuja construção vai demandar remexer bastante a areia, destruir os corais e acabar com a vida marinha em um lugar onde muitos dependem da pesca.
Mesmo com todo o demais já aprovado de forma extremamente questionável e duvidosa, vá além, incluindo um campo de golfe no projeto, em uma área de vegetação nativa de Mata Atlântica que abrange restingas, manguezais e árvores frutíferas.
O golfe é puro requinte: além de não deixar nem uma única arvorezinha em pé, esse lindo tapete verde que serve a meia dúzia de homens brancos ricos também consome milhões de litros de água ao ano, suficientes pra abastecer praticamente toda a comunidade local.