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A cidade literária de Paulo Leminski

Por
Ricardo Moreno
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O curitibano mais pop das letras é o homenageado deste ano da Flip. Mas quem ganha os holofotes é a pulsante cena literária de Curitiba.

Seja na Boca Maldita, seja no boteco Bentevi ou no Passeio Público, em calçadas vazias e tardes geladas, Curitiba construiu um território literário contido e autossuficiente. Mas também foi berço de vozes que ajudaram a moldar a literatura brasileira contemporânea, como Dalton Trevisan, Cristovão Tezza, Jamil Snege, Valêncio Xavier, Alice Ruiz e o próprio Leminski.

Um século de impacto

Em 2025, ano em que Dalton Trevisan (1925-2024) completaria cem anos, a Todavia publica a primeira leva de 36 livros do autor que relançará com novo projeto gráfico, além da antologia Educação sentimental do vampiro, organizada por Caetano W. Galindo e Felipe Hirsch. Também está prevista uma biografia escrita por Christian Schwartz.

“O que temos agora não é exatamente um boom da nossa cena literária, mas o reconhecimento de um trabalho contínuo e qualificado feito há bastante tempo.”

Rogério Pereira, editor do jornal literário Rascunho, em entrevista à revista Quatro Cinco Um

A tradição das páginas

A cidade literária de Paulo Leminski

Muito antes da era digital, Curitiba já publicava literatura com estilo e personalidade. A cidade é lar de jornais como Joaquim, editado por Dalton nos anos 1940; Nicolau, nos anos 1980 e 1990; Rascunho, desde 2000; Cândido, publicado pela Biblioteca Pública do Paraná; e de editoras independentes como Arte & Letra, Madame Psicose e Travessa dos Editores, entre outras.

Leminski em estado líquido

Pop, filosófico e visual, Leminski misturava haicai com publicidade, Joyce com rap, zen com zoeira. Compôs com Caetano Veloso, Moraes Moreira e José Miguel Wisnik. Sua obra reaparece agora sob os holofotes, mas segue desafiando qualquer molde. 

A Flip apenas confirma o que Curitiba sempre soube: Leminski ainda nos lê.

“amar é um elo
entre o azul
e o amarelo”
Paulo Leminski

Alice Ruiz também estará lá

Parceira de Leminski na vida e na arte (foram casados de 1968 a 1988 e tiveram três filhos), Alice publicou mais de vinte livros, fez parcerias musicais com Chico César, Itamar Assumpção e Zeca Baleiro, e teve letras gravadas por Cássia Eller, Gal Costa e Zélia Duncan. Ela também estará na Flip.

Além do papel pólen

A cidade literária de Paulo Leminski

Hoje, a literatura da cidade existe além do livro. Está nos slams das Gurias, do Contrataque, do Muma, da Zumbi e Dandara… A literatura virou performance.

Sangue novo

Giovana Madalosso, Luiz Felipe Leprevost, Luci Collin e Luís Henrique Pellanda

Mas também tem quem siga apostando no texto publicado, com fôlego, consistência e alcance. Curitiba vem revelando uma geração de autores que consolidaram seus nomes na última década, como Giovana Madalosso, Luiz Felipe Leprevost, Luci Collin e Luís Henrique Pellanda.

Sumário curitibano
• 36 livros de Dalton em nova edição + 1 antologia.
• 25 anos de Rascunho.
• 30 bibliotecas públicas municipais.
• 16 Casas da Leitura espalhadas pela cidade.
• 10 coletivos literários em atividade.
• 1 Flip com um curitibano no centro do palco (por enquanto!).

O The Summer Hunter vai estar na Flip!

De 30 de julho a 3 de agosto, a 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty ocupa as ruas da cidade. E a gente vai mediar dois talks. Esperamos você lá!

Auditório do Areal
Quinta, 31, às 16h

A ficção pode salvar a humanidade?
Os benefícios de ler histórias criadas por outras pessoas.
Caetano W. Galindo
Patricia Palumbo
Mediação: Ricardo Moreno


Auditório do Areal
Domingo, 3, às 10h

Quando a máquina escreve pra você, quem é o autor?
O que está em jogo quando parte do processo criativo é feito pela IA?
Patrícia Campos Mello
Sérgio Rodrigues
Mediação: Ricardo Moreno