O curitibano mais pop das letras é o homenageado deste ano da Flip. Mas quem ganha os holofotes é a pulsante cena literária de Curitiba.
Seja na Boca Maldita, seja no boteco Bentevi ou no Passeio Público, em calçadas vazias e tardes geladas, Curitiba construiu um território literário contido e autossuficiente. Mas também foi berço de vozes que ajudaram a moldar a literatura brasileira contemporânea, como Dalton Trevisan, Cristovão Tezza, Jamil Snege, Valêncio Xavier, Alice Ruiz e o próprio Leminski.
Um século de impacto
Em 2025, ano em que Dalton Trevisan (1925-2024) completaria cem anos, a Todavia publica a primeira leva de 36 livros do autor que relançará com novo projeto gráfico, além da antologia Educação sentimental do vampiro, organizada por Caetano W. Galindo e Felipe Hirsch. Também está prevista uma biografia escrita por Christian Schwartz.
“O que temos agora não é exatamente um boom da nossa cena literária, mas o reconhecimento de um trabalho contínuo e qualificado feito há bastante tempo.”
Rogério Pereira, editor do jornal literário Rascunho, em entrevista à revista Quatro Cinco Um
A tradição das páginas

Muito antes da era digital, Curitiba já publicava literatura com estilo e personalidade. A cidade é lar de jornais como Joaquim, editado por Dalton nos anos 1940; Nicolau, nos anos 1980 e 1990; Rascunho, desde 2000; Cândido, publicado pela Biblioteca Pública do Paraná; e de editoras independentes como Arte & Letra, Madame Psicose e Travessa dos Editores, entre outras.
Leminski em estado líquido
Pop, filosófico e visual, Leminski misturava haicai com publicidade, Joyce com rap, zen com zoeira. Compôs com Caetano Veloso, Moraes Moreira e José Miguel Wisnik. Sua obra reaparece agora sob os holofotes, mas segue desafiando qualquer molde.
A Flip apenas confirma o que Curitiba sempre soube: Leminski ainda nos lê.

Alice Ruiz também estará lá
Parceira de Leminski na vida e na arte (foram casados de 1968 a 1988 e tiveram três filhos), Alice publicou mais de vinte livros, fez parcerias musicais com Chico César, Itamar Assumpção e Zeca Baleiro, e teve letras gravadas por Cássia Eller, Gal Costa e Zélia Duncan. Ela também estará na Flip.
Além do papel pólen

Hoje, a literatura da cidade existe além do livro. Está nos slams das Gurias, do Contrataque, do Muma, da Zumbi e Dandara… A literatura virou performance.
Sangue novo

Mas também tem quem siga apostando no texto publicado, com fôlego, consistência e alcance. Curitiba vem revelando uma geração de autores que consolidaram seus nomes na última década, como Giovana Madalosso, Luiz Felipe Leprevost, Luci Collin e Luís Henrique Pellanda.

O The Summer Hunter vai estar na Flip!
De 30 de julho a 3 de agosto, a 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty ocupa as ruas da cidade. E a gente vai mediar dois talks. Esperamos você lá!
