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A era dos desinfluencers?

Por
Dandara Fonseca
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Vídeos de influenciadores falando o que não vale a pena comprar viralizaram nas redes. Mas será que os desinfluencers existem mesmo?

Nos últimos anos, as mídias sociais se tornaram uma espécie de shopping center digital. De acordo com um estudo recente, 54% das pessoas disseram que já fizeram uma compra no momento ou depois de ver um produto/serviço no Instagram. E os grandes responsáveis por causar desejo em quem está do outro lado da tela são os influenciadores. Com milhares de seguidores, muitos deles divulgam dezenas de produtos por dia e quase tudo vira um “must have”. Mas será que ainda dá pra remar no sentido contrário desse consumismo? Será que existem “desinfluencers”?

Stop the shopping!

Nos últimos meses, a #deinfluencing viralizou no TikTok, e conta hoje com mais de 250 milhões de postagens.  Presente com mais força nos ramos de beleza, moda e livros, a # é usada principalmente em vídeos com análises sinceronas, dizendo com o que você NÃO deve gastar o seu dinheiro. 

“Uma geladeira pra cuidados com a pele. Sério? Mas por que você está comprando isso?”

Questionamento de uma “desinfluencer” (termo usado no Brasil) com mais de 100 mil seguidores em um desses vídeos.

De boas intenções…

O problema é que nem sempre esses conteúdos vêm associados a uma crítica ao consumo excessivo. Pelo contrário, muitos deles consistem em sugerir alternativas de baixo custo pra produtos de luxo. Além disso, muitos “desinfluencers” também usam o hype pra provar que não se vendem a qualquer marca e manter em alta o que? Isso mesmo: sua influência com os seguidores. 

“Desinfluenciar ainda é influenciar. Dizendo o que não comprar, os criadores estão usando seu poder pra influenciar as decisões de compra de uma população mais ampla. Eles apenas adaptaram a tendência pra ressoar com os consumidores durante uma crise econômica.”

Jasmine Enberg, analista de mídia social da Insider Intelligence, ao jornal The Guardian

Tem gente tentando

Mas também existem as contas que entraram na onda da desinfluência pra passar uma mensagem contra o consumo excessivo. Vários perfis que antes estimulavam a compra desenfreada passaram a falar sobre slow fashion, consumo consciente e as problemáticas por trás de certas marcas. 

Um bom exemplo em meio aos desinfluencers é o de Nava Rose, com quase 6 milhões de seguidores no TikTok. Anteriormente, ela era conhecida como “a garota que tinha roupas demais”. “O fato de algumas pessoas realmente considerarem comprar fast fashion um hobby é bastante nojento. É óbvio que a Terra não pode mais sustentar esses sistemas”, disse em um vídeo sobre o assunto. 

No gosto da galera

De acordo com os “desinfluencers”, as pessoas também estão mais interessadas nesse tipo de conteúdo, seja pelo cansaço de publicidades e conteúdos cheios de elogios ou do consumismo extremo estimulado pelas redes. Os números confirmam essa hipótese, que é um sinal de que a maré está mudando.

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