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As 7 ondas preferidas de Alejo Muniz pra surfar em Santa Catarina

Por
Adriana Setti
Em parceria com

Argentino naturalizado brasileiro, o surfista que já bateu Kelly Slater em Pipeline conta quais são os melhores picos do quintal da sua casa.

Nascido na Argentina e criado em Bombinhas, no litoral de Santa Catarina, Alejo Muniz entrou pra história do surf como o cara que despachou Kelly Slater na onda em que ele é praticamente invencível: Pipeline, no Havaí. No mesmo dia, em outra bateria, ele ainda conseguiu a façanha de eliminar o mítico australiano Mick Fanning (tricampeão mundial), deixando o caminho aberto pra Gabriel Medina, que saiu daquele Pipe Masters, em 2014, com o primeiro título mundial do Brasil. “Vencer o Kelly Slater com um tubo no último segundo, na onda em que ele é considerado o melhor surfista de todos os tempos, e ainda ter feito parte da conquista do Gabriel, foi o momento mais especial da minha carreira”, conta Muniz. 

Crédito: Daniel Bistrot

Competindo na Liga Mundial de Surf (WSL) desde 2011, Alejo disputou sete temporadas do WCT, a elite mundial do esporte. Depois de uma lesão no joelho, retornou no ano passado ao WQS, a divisão de acesso, na qual coleciona vários títulos — inclusive o US Open de Huntington Beach, uma das provas mais disputadas do circuito. Há dois anos, ele é pai de Martin. “Sempre fui muito imediatista com resultados e já tive batalhas internas por querer vencer sempre, o que acabava me deixando pra baixo nas derrotas”, diz o surfista. “Mas a paternidade me ensinou a ter paciência, a saber esperar o momento e me deu uma força de vontade gigante pra continuar”. Segundo ele, o surf é muito mais do que competição. “É um estilo de vida, você está sempre em contato com o oceano e aprende a respeitar a natureza e as pessoas”. Viajando pelo mundo pra participar de campeonatos, ele já esteve em Fiji, no Taiti, na Indonésia e em outros templos do esporte. Mas é em Santa Catarina, onde pegou as primeiras ondas, que construiu a sua relação com o mar. A seguir, as ondas favoritas de Alejo no quintal de sua casa.

1. Praia de Quatro Ilhas, Bombinhas: mi casa, tu casa

“É a praia em que aprendi a surfar e pela qual tenho um carinho imenso”, diz Alejo. É em Quatro Ilhas, também, que seu pai, Rubens, mantém a Escola de Surf 4 Ilhas (@escoladesurf4ilhas) há mais de 25 anos. “Tem uma onda que no canto direito que é estilo point break (quebra do costão pra fora), rápida e com bastante força. Quando essa não está grande, a gente tem outra um pouco mais no meio, cavada e com potencial de formar vários tubos”. Segundo ele, as condições de Quatro Ilhas foram decisivas pra que evoluísse no esporte. “Esse mar me obrigou a desenvolver um estilo rápido e forte”, conta. Depois do treino, ele curte almoçar no Rancho do Vital (@ranchodovital), restaurante de uma família nativa que fica no canto esquerdo da praia. “Eles mesmos pegam o peixe e preparam, é o mais fresco da cidade”. 

Tubo na Praia Brava, em Itajaí (SC) | Crédito: Anderson Silva

2. Praia Brava de Itajaí: fábrica de tubos

Em terra firme, uma das areias mais fervidas de Santa Catarina. No mar, uma máquina de ondas triangulares e cavadíssimas, espalhadas pela praia extensa. “Quando entra um swell bom, a gente já sabe que vão rolar altos tubos por lá”, diz Alejo. No pós surf, ele repõe as forças no Melanina Mix (@melanina_mix), que tem sucos, saladas, açaí, pokes e pratos mais reforçados. “É uma comida saudável e os donos também são surfistas”. 

3. Praia do Silveira, Garopaba: ondas de até 12 pés e fundo de pedra

Conhecida há muitos anos no mundo do surf, a Praia do Silveira já recebeu grandes eventos internacionais. “É uma das ondas mais perfeitas que a gente tem no Brasil e uma das poucas do litoral catarinense que quebram em cima de uma bancada de pedras e terminam na areia”, conta Alejo. Contraindicadas pra iniciantes, em dias grandes podem chegar a 12 pés, atraindo os big riders. “Por mais que a fama seja essa, também é um lugar bom pra surfar quando quebra pequeno”. 

4. Praia da Vila, Imbituba: é o canal

Uns 20 km ao sul da Praia do Rosa, é um dos picos com mais condições de surfe de Santa Catarina, onde as ondas variam de 2 a 12 pés, perfeitas tanto de esquerda como direita. “É fácil de surfar quando está pequena, porque é um pouco mais cheia, o que não exige um nível muito alto no esporte. Além disso, tem um canal. Ou seja, você nem precisa furar onda e já é jogado lá dentro”, diz Muniz, que guarda boas memórias de campeonatos na Praia da Vila, na época em que ainda competia no circuito amador. “Até hoje tento ir lá pra treinar, porque é um mar que permite que você faça a manobra que quiser”. 

Praia da Joaquina, em Florianópolis (SC) | Crédito: Marcio David

5. Joaquina, Florianópolis: a praia que colocou Santa Catarina no mapa do surf

“Eu não tinha nem nascido quando a praia da Joaquina recebeu uma etapa do mundial em um dia de mar perfeito que ficou pra história”, conta Alejo, referindo-se ao Hang Loose de 1986, que colocou Floripa no mapa internacional. A Joaca, pros íntimos, é conhecida pela esquerda que quebra atrás de uma pedra, muito longa. “Gosto de lá porque você consegue surfar uma onda longa de manobra e também pegar tubos, em uma das praias mais bonitas que já conheci, cercada por dunas de areia gigantes que são incríveis pra fazer sandboard. É um ícone de Santa Catarina”. 

6. Praia da Guarda do Embaú, Palhoça: Reserva Mundial de Surf

“Acho que é a onda mais perfeita de Santa Catarina, com seu point break de esquerda. Fora isso, é um dos lugares mais lindos que conheço, com aquele rio desaguando no mar”, diz Alejo. Ao norte de Garopaba, é a única praia brasileira entre as 10 do mundo reconhecidas como Reserva Mundial de Surf pela ONG Save The Waves Coalition (STW). “Na mesma onda, você consegue pegar um ou dois tubos e ainda executar várias manobras. E, pelo canto esquerdo, rola entrar no mar pelo canal sem molhar o cabelo!”. 

7. Farol de Santa Marta, Laguna: só pra gente grande

“O lugar é conhecido por suportar swells gigantes, provavelmente os maiores do país – não à toa, é onde rola o campeonato de ondas grandes do Brasil”, diz Muniz. Na Praia do Cardoso, elas chegam a atingir 25 pés. “São ondas difíceis, porque não quebram muito perto da praia. Não é pra quem está começando. Fora isso, é uma região muito linda e preservada pelos moradores locais”. 

Foto de abertura: Alejo Muniz por Daniel Bistrot

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