O som que rola enquanto comemos no nosso restaurante favorito ou compramos umas blusinhas faz muita diferença.
Segundo vários estudos científicos sobre a relação entre a música ambiente e o comportamento dos consumidores, o som que a gente escuta enquanto faz compras ou come em um restaurante pode influenciar desde o tempo que permanecemos no lugar ao valor gasto, passando pela percepção da qualidade dos produtos.

Comprando conforme a música
Segundo Charles Spence, psicólogo e pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que liderou uma pesquisa sobre o assunto, a música clássica pode induzir os clientes a gastar mais. Já um som “étnico” bem escolhido pode fazer um prato parecer mais autêntico (ex.: música japonesa no sushi bar).

A música clássica costuma ser associada à qualidade e à sofisticação e pode influenciar na percepção de qualidade.
Fonte: The influence of background music on shopping behavior: classical versus top-forty music in a wine store (Texas Tech University)

No restaurante
Estudos apontam que tendemos a ajustar a velocidade com que nos alimentamos ao ritmo da música de fundo. Batidas rápidas nos fazem comer mais rápido, enquanto as lentas convidam a demorar nas refeições — e, geralmente, pedir outro drink, um docinho, um cafezinho…



Redes de comida rápida querem dizer algo quando apostam em uma música alta e agitada: é comer e ir embora. O mesmo vale nas lojas de fast fashion, onde o som bombando estimula a comprar rápido, sem grandes reflexões.

Ingredientes sonoros
É possível até criar trilhas sonoras específicas pra realçar certos sabores na comida, devido ao que os cientistas chamam de “correspondências crossmodais entre sons e sabores”.

— Sons mais agudos: sabores mais doces e ácidos
— Sons mais graves e dissonantes: ressaltam o amargor
— Sons curtos e rápidos: mais sensação de crocância
— Sons suaves e contínuos: acrescentam cremosidade
Fonte: Crossmodal correspondences between sounds and tastes (Psychonomic Bulletin & Review)

Cada som, uma galera
A seleção da playlist pode ajudar a determinar o público-alvo, segundo diversos recortes, e tem uma forte influência na vibe do lugar. Por isso, cada vez mais, essa escolha está sendo calculada e planejada pelos donos de vários tipos de estabelecimentos.



“A música certa, alinhada ao DNA da marca, pode até passar despercebida, enquanto a errada afasta o cliente imediatamente.
Paulo Sattamini, diretor de criação da Tecla Music
Ilustrações: TSH / Adobe Firefly