A jornalista Betina Neves traz verdades incômodas sobre a indústria do turismo e aponta caminhos pra viajar de forma mais responsável.
O turismo é parte de um mercado bilionário com um impacto socioambiental negativo tremendo. Só que, até pela natureza da atividade, diretamente ligada ao prazer e o entretenimento, esses efeitos acabam passando batido entre selfies na praia. Por isso, é importante refletir sobre formas menos nocivas de continuar viajando.
Salve Boipeba

Recentemente, a polêmica ao redor da construção de um resort dentro de uma Área de Proteção Ambiental e próximo de uma comunidade pesqueira tradicional na ilha de Boipeba, no sul da Bahia, evidenciou um pouco dessa realidade.
Efeitos colaterais
O modelo hegemônico de turismo, explorador e colonialista, causa pelo mundo depredação de ecossistemas delicados, acúmulo de lixo e crueldade animal, assim como a marginalização de populações nativas, com expropriação de suas terras e descaracterização de seu modo de vida.
Concentração de renda

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), só 5% do gasto de um turista estrangeiro em um país em desenvolvimento fica com a comunidade local. Ou seja, a maior parte do dinheiro acaba nas mãos de companhias aéreas, hotéis de redes e grandes empresas com sede em outras nações. Isso ajuda a explicar por que nas Maldivas — país com resorts cujas diárias ultrapassam US$ 2.000 dólares e onde mais de 70% do PIB vem do turismo — a maior parte da população vive na pobreza.
Um longo caminho

Pra mudar essa realidade, precisa de mudanças estruturais imensas conectadas com outros setores, claro. Mas já tem bastante gente pensando em como organizar o turismo dentro de um modelo de desenvolvimento socialmente mais justo e ambientalmente responsável, como o turismo de base comunitária. Por exemplo: a Brazilian.do e a Garupa.
Turismo consciente

Tentar viajar de forma mais consciente, pra gerar benefícios a todos, e não só pra um lado, exige uma atitude humilde, respeitosa e interessada, junto de muita pesquisa e questionamento. Aqui, algumas ideias:
> Viajar fora da alta temporada pra não sobrecarregar a infraestrutura.
> Reduzir a geração de resíduos, principalmente plástico.
> Escolher agências, restaurantes, eventos, hospedagens e lojas com gestão local.
> Privilegiar empresas/pessoas que apoiem causas relevantes ao destino.
Crédito imagem de abre: Vladislav Babienco / Unsplash