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A cosmic soul de Cornelia Murr, que se apresenta pela 1ª vez no Brasil com Rodrigo Amarante

Por
Ricardo Moreno
Em
16 abril, 2019

Batemos um papo com a cantora e compositora inglesa. Acostumada a fica na estrada, Cornelia também criou pra gente uma playlist que reflete sua vida on the road

“Este lugar é para você. Todo para você. E mesmo que você não venha esta noite, ainda assim, este lugar será todo seu.” Um misto de romantismo adolescente, niilismo adulto e uma profunda esperança de dias melhores costuram boa parte das letras e melodias da cantora e compositora britânica radicada em Los Angeles Cornelia Murr, que vem pela primeira vez ao Brasil para abrir dois shows de Rodrigo Amarante. Em São Paulo, no dia 24/4, no Centro Cultural Rio Verde (ingressos esgotados), e em Salvador, no dia 7/5, no Teatro Castro Alves (ingressos aqui). Os shows solo de Amarante, que prepara novo disco de inéditas para este ano, vêm na esteira das apresentações especiais do Los Hermanos.

Há quem se refira às músicas de Cornelia como “cosmic soul”. Ela aceita, mas prefere não rotular. O fato é que, realmente, suas canções, resultado de experiências super particulares e suas constantes mudanças por cidades dos EUA, ora nos remete a um psicodélico exercício de viagem para fora da Terra, ora para dentro de nós mesmos, seja em versos cotidianamente frugais, a exemplo da letra que abre este post, da faixa “Different This Time”, seja numa cover do hino feminista escrito por Yoko Ono em 1973, “I Have a Woman Inside My Soul”. Confira o bate-papo que tivemos com Cornelia antes de embarcar para o Brasil. De quebra, ela também criou uma playlist exclusiva para o The Summer Hunter com uma seleção de músicas “Pra ouvir na estrada”.

Cornelia Murr
Foto: Rachael Pony Cassells

Para quem ainda não te conhece, conte-nos um pouco sobre você…
Meu nome é Cornelia Murr. Eu nasci no Reino Unido, mas passei boa parte da minha vida vivendo em diferentes partes dos Estados Unidos, especialmente alguns períodos mais longos em Nova York. Atualmente moro em Los Angeles numa casinha entre árvores com meu namorado em uma gatinha chamado Moon. Escrevo músicas há muito tempo, nem lembro quando comecei, mas sempre foi algo muito pessoal, privado, até cerca de dois anos atrás. Comecei cantando como vocalista de apoio, algo que me ensinou muito sobre performance mas ainda assim me permitia, digamos, me manter escondida. Até que chegou o momento em que percebi ser a hora de interpretar as minhas próprias canções ou eu enlouqueceria. Hoje em dia gasto boa parte do meu tempo pensando música e me sinto extraordinariamente sortuda em poder chamar isso de trabalho. Nesse momento estou num trem, debaixo de chuva, ao longo do rio Hudson rumo a Nova York, onde pegarei um vôo para o Rio de Janeiro em algumas horas.

Como você definiria a sua música?
Não tenho uma boa maneira de definir, e trata-se de algo que eu nem quero. O que procuro fazer são canções que toquem as pessoas de alguma maneira – pelo menos algumas pessoas por aí. Componho músicas para fazer as pessoas se sentirem vivas, e quem sabe um pouco menos solitárias. Quero compor melodias as quais as pessoas se sintam íntimas, amigas, e que elas possam sempre voltar. Gosto dessa ideia de me comunicar com estranhos por meio de canções. Algumas pessoas já me falaram que as minhas músicas são “cosmic soul”, o que eu concordo caso precise defini-la em duas palavras.

Quais são as suas expectativas desses dois show que fará em São Paulo e Salvador?
Trata-se da minha primeira vez no Brasil. Exceto uma vez que fiz uma escala rumo ao Peru, e lembro de ficar extremamente confusa com a língua portuguesa. Mas quem sabe fosse apenas um jet lag. Desta vez estou estudando um pouco pelo app Duolingo, então espero ficar um pouco menos confusa. Tento não criar muitas expectativas, porque expectativas sempre são a garantia de que a realidade vai ser completamente diferente. Torço apenas para que as pessoas desfrutem das minhas músicas, ao menos um pouquinho, e que eu não me sinta muito bizarra no palco ao tentar falar uma ou outra palavra em português, naquele estranho momento de silêncio entre uma música e outra, sabe. Qualquer coisa eu peço para o Amarante subir no palco e contar uma piada (risos).

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E como surgiu essa parceria com o Rodrigo Amarante?
Nós dois vivemos em Los Angeles, e frequentamos, digamos, a mesma comunidade musical. Temos muitos amigos em comum. Recentemente, meio que por acaso, o vi tocar. E ele acabou me convidando para eu participar do seu novo disco, ainda inédito – e que é maravilhoso, by the way. E aqui estamos.

E você planeja dividir o palco com ele?
O foco da minha apresentação será as canções presentes no álbum que eu lancei em julho do ano passado, chamado “Lake Tear of The Clouds”, além de uma ou outra música nova. Não sei exatamente o que vou cantar com o Rodrigo, mas provavelmente dividiremos alguns momentos juntos no palco.

Foto de abertura: Wyndham

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