Suas formas fluidas, que lembram os hipnóticos abajures de lava, são fruto de uma pesquisa híbrida entre analógico e digital.
Foi quando a LIVO decidiu abrir as portas de sua primeira loja em Santa Catarina que os radares não passaram ilesos à explosão de cores de Daniel Viecili (@danielviecili757). Suas formas fluidas, que lembram os hipnóticos abajures de lava, são fruto de uma pesquisa híbrida entre analógico e digital. Conheça mais sobre o processo criativo do artista, que navega pela colagem, pintura e intervenção digital.
Quem é Daniel Viecili?
Um contador de histórias. Independente da qual seja a plataforma: parede, tela, web, papel. Não tenho preconceito com nenhuma delas (risos), o que importa é sempre surpreender com algo inusitado.
Quando você se deu conta que tinha uma veia criativa?
Desde moleque eu já sabia que não seria da área de exatas. Ainda no colegial já criava zines, fazia colagens, tinha bandas de rock e rap, andava de skate… Com o passar do tempo foi virando uma bola de neve e não teve mais volta. Cursei publicidade, cinema e design gráfico, o que serviu pra embasar tecnicamente tudo o que já vinha fazendo de maneira autodidata.
Quais foram seus primeiros contatos com os desenhos e a ilustração?
Minha mãe era professora e sempre me incentivou. Lembro de produzir histórias em quadrinhos e sair vendendo pros vizinhos da minha rua, de reproduzir tipologias medievais em cadernos de caligrafia. De fazer stencil utilizando radiografias, de criar brinquedos com madeira. Mais tarde fiz alguns cursos de ilustração e desenho, mas apenas reproduzia o que os professores passavam nas aulas. Isso me causava um certo desconforto. Hoje percebo que o que me faltava era desenvolver um estilo próprio.

Quais foram os primeiros e também os mais importantes projetos profissionais?
Tudo que me rendeu algum dinheiro foi trabalhando dentro de agência de propaganda. Lá, você precisa gerir muito bem o tempo, até porque ele simplesmente não existe, é preciso ser muito objetivo. Sempre acreditei que os trabalhos feitos a mão trazem mais empatia e uma carga emocional maior. O resultado final é algo distante dos processos 100% digitais. Tive a honra de ver trabalhos que desenvolvi pra clientes locais ganharem reconhecimento internacional, sendo publicados na revista austríaca Archive e também no portal Ads of The World.
Você costuma ter um tema principal ou recorrente?
Já faz alguns anos venho me dedicando em reproduzir formas irregulares e orgânicas estilo lava lamp. Tudo surgiu ao acaso, recortando revistas pra fazer montagens analógicas. Percebi que as fotografias terminavam retas, secas nos limites da página. A partir do momento que passei a recortá-las de modo mais fluido e irregular as coisas começaram a se encaixar de maneira mais original.
Poderia nos contar mais sobre o processo criativo com estas formas?
Comecei recortando essas “amebas” em papel e colando-as sobre telas. Quando vi o potencial que elas tinham, passei a reproduzi-las em grandes formatos em madeira, pinturas em muros, paredes e até passarela de moda. Atualmente, estou pintando vasos decorativos em cerâmica e desenvolvendo uma linha de acessórios femininos.
Quem gosta de citar como referências?
A originalidade do londrino Neville Brody, que colocou as estruturas do design gráfico de pernas pro ar.
Conta um pouco pra gente sobre o trabalho escolhido pra circular na plataforma da LIVO?
O trabalho criou forma através de um processo híbrido analógico e digital. Valorizei os fortes contrastes das cores pra causar um efeito pop-art 3D, criando um movimento fluído que “transborda” pra fora da flanela, em formas orgânicas e arredondadas. Acredito que quanto menos reto e plano, mais nos aproximamos da natureza e do divino.
