Egoísta virou narcisista. Mudança de comportamento atualmente é bipolaridade. E ter dificuldade pra se concentrar só pode ser sintoma de TDAH. Esse fenômeno tem nome: patologização da vida.
Será que a saúde mental está sendo tratada como deveria? Alguns especialistas acreditam que não, devido a um fenômeno chamado “patologização da vida“. Enquanto crescem os diagnósticos psiquiátricos, especialistas alertam pra tendência de reduzir o sofrimento mental a um problema individual, um transtorno, ignorando fatores sociais que impactam nossa psique.
No novo episódio do Desenrola, a gente conversa com a pediatra Maria Aparecida Moysés e com a psicóloga Flávia Albuquerque, à frente do Despatologiza, pra discutir novos caminhos pro cuidado psicológico.

“Quando dizemos que uma criança tem distúrbio de aprendizagem, a gente diz que o problema é dela, que deveria aprender e não aprende. Por que não se fala em distúrbio do processo de ensino ou distúrbio da política educacional que mantém a desigualdade? Colocamos toda a responsabilidade na criança, mas o problema é muito mais amplo.”
Maria Aparecida Moysés, pediatra e militante do Despatologiza — Movimento pela Despatologização da Vida

O que dizem os críticos da patologização?
· Reduz o sofrimento a uma questão individual.
· Ignora o impacto de fatores sociais, culturais e econômicos.
· Traz soluções práticas e formatadas.
· Estimula o uso de medicações que adaptam as pessoas ao convívio social, mas não tratam o sofrimento.
· Fecha portas pra soluções que levem em consideração a complexidade de cada um.

“Receber um diagnóstico é uma forma de aliviar o sofrimento porque reduz a culpa que sentimos por romper com as expectativas sociais, e também ajuda a acessar direitos políticos. Mas esse não deve ser o único caminho pra ter suporte. Precisamos de uma sociedade que atenda às nossas necessidades sem depender de rótulos.”
Flávia Albuquerque, psicóloga à frente do perfil @despatologiza

Como buscar um cuidado mais completo?
· Escuta atenta e individualizada.
· Respeito às histórias e contextos pessoais.
· Explorar atividades que valorizem as potencialidades, como arte e esportes.
· Diagnósticos e medicações como ferramentas, não rótulos permanentes.
· Atenção às bulas e efeitos colaterais antes de optar pela medicação.
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