Enquanto tentamos ser mais produtivos a cada dia, “perder tempo” com o que nos encanta se torna, paradoxalmente, cada vez mais necessário.
Viajar é essencial pra quem curte estar em movimento, explorar novos lugares e redescobrir destinos que marcaram nossa vida. Longe da rotina, nos abrimos a correr riscos que evitamos encarar na própria cidade. Esse distanciamento também reprograma o olhar e dá um novo valor ao prazer de voltar pra casa.
Esse espírito de viajante, que transforma o simples em extraordinário, pode ser aplicado a qualquer momento — sem passaporte, malas ou planos. Mas exige treino.
Ajuste no olhar
Na pandemia, muita gente aprendeu essa lição na prática, naqueles dias em que o auge da aventura era dar uma volta na quadra ou uma caminhada até a praça. As pequenas escapadas pareciam ser tão renovadoras quanto um sabático no Sudeste Asiático. De volta à normalidade, no entanto, retomamos o piloto automático.
“Um dos muitos prazeres que tenho em São Paulo, onde moro, é andar de bicicleta. Costumo sair pra pedalar sozinho por lugares que não conheço. E até dentro de casa, esse espírito pode encontrar espaço. Gosto de cuidar do meu apartamento pra que seja tão acolhedor quanto um hotel, com aromas que evocam boas memórias, trilha que me transporta a outros mundos…”
Ricardo Moreno, fundador do The Summer Hunter, em sua coluna na Fast Company Brasil
O barato das pequenas coisas
Talvez essa seja a verdadeira revolução: desprogramar o piloto automático, desaprender o que a rotina nos condicionou, e nos permitir redescobrir o mundo ao nosso redor.
Cultivar esse olhar fresco é lembrar que o extraordinário pode estar muito mais perto do que imaginamos.
· Explorar seu bairro com a disposição de uma criança, com os olhos de quem vê muitas coisas pela primeira vez.
· Observar as fachadas dos prédios, as árvores, os detalhes das cores…
· Pegar outra rua, aventurar-se em um novo bairro.
· Fazer pequenos desvios do automático que abrem espaço pra descobertas e nos tiram da zona de conforto.
Pesquisa da Universidade de Stanford, nos EUA, mostra que momentos de contemplação, seja diante de uma paisagem, seja em uma cena rotineira, têm o poder de reduzir o stress e a ansiedade. Enquanto tentamos preencher cada minuto com algo “útil”, permitir-se perder tempo com o que encanta parece um luxo. Mas não dá pra limitar essa prática às viagens. Precisamos aplicá-la no cotidiano.
