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Entenda os mitos e as verdades da kombucha, a bebida do momento

Por
Adriana Setti
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A bebida que virou febre pode ser gostosa, refrescante e, muitas vezes, saudável. Mas nem todos os “poderes” atribuídos a ela são comprovados pela ciência.


Recentemente, a rainha Letícia da Espanha virou motivo de chacota ao ser flagrada bebendo kombucha. Radicalmente abstêmia dos drinks — ela não coloca a boca na taça nem durante brindes oficiais —, Sua Majestade provavelmente não sabia que essa bebida, feita a partir de chá fermentado, sempre contém um pouquinho de álcool e pode até ultrapassar a graduação da cerveja em sua versão “hard”. Assim como ela, muita gente se apaixonou pelo gostinho ácido, ouviu falar dos supostos benefícios que traz à saúde e se jogou na kombucha. Mas, pelo menos por enquanto, nem todos os “poderes” atribuídos a ela são comprovados pela ciência.

Sutilmente espumante e com um toque ácido, a bebida que transita do estúdio de yoga ao bar é obtida a partir da fermentação do chá adoçado preparado com as folhas da planta Camellia sinensis. Os primeiros registros da kombucha datam de mais de 2 mil anos atrás na China, onde era conhecida como o “chá da imortalidade”.

Os primeiros registros da kombucha datam de mais de 2 mil anos atrás na China

A Coca-Cola do século 21?

Hoje, amplamente difundida também no Ocidente, a kombucha movimenta uma indústria de US$ 475 milhões só nos EUA, onde o consumo quadriplicou entre 2015 e 2019, segundo o New York Times.

Chá de desinformação

“A kombucha é uma bebida promissora, que ainda vai ser muito estudada e explorada, mas há muita informação incorreta ou inverídica circulando na internet”, diz o biólogo Cosme Barbosa, pesquisador da UFMG, autor de um estudo recente sobre a bebida.

Boas notícias

A lista de benefícios à saúde atribuídos à kombucha é vasta. Mas, por enquanto, as pesquisas mais promissoras — uma delas da USP — são relacionadas ao tratamento de diabetes, já que a bebida auxilia no controle da glicemia e protege os rins.

 Beba com moderação

Segundo o biólogo Cosme Barbosa, as suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, antibacterianas e protetoras do fígado também  foram comprovadas por estudos científicos. Mas, atenção, o consumo deve ser feito com moderação. Por outro lado, uma de suas propriedades mais anunciadas nunca foi comprovada: a de que seja um probiótico. “Para que essa nomenclatura possa ser usada, pelo menos um dos microrganismos (leveduras e bactérias) presentes na kombucha teria que ser estudado e sua ação probiótica comprovada, mas isso não foi feito até hoje”, explicou a pesquisadora Cristina Bogsan, responsável pelo Laboratório de Alimentos Fermentados Funcionais da USP, em entrevista à Vegmag (@vegmagbrasil).

High, a primeira marca brasileira de kombucha alcoólica

A nova cerveja

Tendência em alta nos bares, a chamada hard kombucha pode ter um teor alcoólico mais alto que o da cerveja e até do vinho. A da marca brasileira High (@highkombucha), por exemplo, tem 6,2% de graduação alcoólica, mais do que uma cerveja do tipo pilsen. No entanto, vale saber que toda kombucha tem um pouquinho de álcool, geralmente não mais do que 0,5%. Ao coletar 21 amostras para análise anos atrás, no entanto, o órgão fiscalizador de Nova York detectou que 6 marcas ultrapassavam o prometido na embalagem, sendo que duas batiam nos 7% de graduação alcoólica. Nas versões caseiras, esse controle fica ainda mais difícil. Ou seja, não é o melhor refresco para crianças, mulheres grávidas e pessoas com problemas no fígado.

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