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In natura: Ulf Andersson comanda uma das mais famosas fazendas orgânicas da Suécia

Por
Claudia Nascimento
Em
18 setembro, 2015

Dirigimos cerca de 130 quilômetros a partir de Estocolmo até a província de Västmanland para conhecer a fazenda Kärrbo Prästgård, um exemplo de sustentabilidade na região. Quer saber? A viagem valeu cada segundo, porque tivemos a chance de conversar com Ulf Andersson, 57 anos, homem à frente desses cem hectares de terra onde brotam verduras e legumes livres de agrotóxicos, fertilizantes artificiais e pesticidas.

O que torna esse terreno altamente fértil não é sua pegada orgânica e ambientalista, mas as ideias e ideais de Andersson, que quer montar ali uma espécie de parque de diversões natural, com direito a safári de trator para crianças, mercado de Natal, festa da colheita e até aniversários infantis.

karrbo_Ulf no campo com criancasFotos: divulgação

Em paralelo, o autointitulado “fazendeiro alegre” confessa estar disposto a vender parte de suas terras a quem tiver interesse em levar uma “vida boa e sustentável”, como a dele.

Mais do que cultivo de alimentos saudáveis e uma vida ecologicamente correta, Andersson está disposto a semear pequenas soluções para grandes problemas, como a questão do desemprego nas metrópoles. “Queria dizer a todos que estão cansados da vida superficial e consumista das cidades e que não conseguem trabalho nelas a apostarem na vida no campo. As possibilidades são enormes”, aconselha.

karrbo_Ulf Andersson sentado e garoto

Se os planos desse eterno sonhador parecem infrutíferos em tempos cada vez mais difíceis, vale lembrar que o fazendeiro esteve frente de outras ações socialmente impactantes, como a questão dos imigrantes refugiados. “Contamos com a ajuda de parceiros para desenvolver e executar um projeto destinado a mulheres refugiadas. A iniciativa terminou recentemente e elas presenciaram o trabalho realizado na fazenda, receberam informações sobre a sociedade sueca e treinaram o idioma. A intenção foi inspirar e facilitar a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Fora isso, quatro jovens refugiados moram na fazenda. Eles cultivam o próprio alimento e o trabalho com eles tem sido fantástico”, aponta.

karrbo_image004

Testemunha ocular das maravilhas da vida no campo, Andersson sabe que os alimentos orgânicos são mais caros e desconfia de que os preços venham a cair – mas também acredita que a escolha não deve ser feita pelas cifras, e sim por consciência: “Se não mudarmos nossa maneira de se relacionar com o planeta, a sociedade vai entrar em colapso”.

O discurso pessimista baseado em fatos reais não compromete o caráter alegre e confiante do fazendeiro, que prefere cultivar a felicidade da mesma forma que cultiva suas verduras e legumes: livre, leve, solto e natural.

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