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54 horas em Florianópolis: overdose de serotonina e surra de natureza na ilha catarinense

Por
Adriana Setti
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Floripa não perde seu doce jeitinho provinciano e o vínculo com as raízes açorianas — a começar pelo quase-dialeto local. Ao mesmo tempo, nos últimos anos, começou a abrir caminho como um polo de tecnologia e criatividade e reciclou sua vida noturna.

Com quase todo o seu território acomodado numa ilha, cercada de 42 praias da pesada, a cidade maravilhosa de Santa Catarina é um playground ao ar livre. Surfe, velejo, pedal, sandboard, corrida e muitas outros esportes movem a produção local de serotonina, ao passo que contribuem para desenhar um dos lifestyles mais invejados do Brasil. Mesmo batendo na casa dos 250 mil habitantes, parte deles vindos de outras bandas do país em busca de uma vida mais arejada, Floripa não perde seu doce jeitinho provinciano e o vínculo com as raízes açorianas — a começar pelo quase-dialeto local. Ao mesmo tempo, nos últimos anos, começou a abrir caminho como um polo de tecnologia e criatividade e reciclou sua vida noturna. A seguir, 54 horas de vida ao ar livre, segredos gastronômicos e modernices na capital catarinense.

DIA 1

17h
Sítio urbano

Ao pisar na cidade, confira a intensa programação de oSítio. Concebido pelo onipresente empresário Tião Rosa, uma das locomotivas do hub criativo da cidade, o espaço é um mix de galeria digital e coworking, instalado num casarão de 150 anos em meio à mata da Lagoa da Conceição. Recebe exposições de arte contemporânea e tem uma agenda eclética de oficinas, workshops, cursos e debates, além de música de qualidade (quase sempre grátis). Caso tenha pendências de trabalho a resolver, o espaço de coworking pode ser alugado por dia e é uma ótima pedida para conhecer gente interessante.

19h
Fervo no mercado

Mercadoteca é a versão catarinense, importada de Curitiba, de mercados gastronômicos como o Time Out, de Lisboa, ou o Grand Central, de Los Angeles – entre tantos outros. Num galpão moderninho com mesas coletivas, tem boxes que vendem cerveja artesanal, vinho e comidinhas que vão de pratos thai a sushi, passando por tacos mexicanos e carnes. Pertinho da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia), e da sede de boa parte das startups de Floripa, é ponto de encontro de jovens moderninhos e bomba na happy hour de sexta.

Mercadoteca, em Floripa: de comida thai a sushi | Foto: Divulgação

DIA 2

8h
Sonífera ilha

Um dos cenários mais lindos de Floripa, a Ilha do Campeche também é um bom lugar para não ver e não ser visto. Com água “o Caribe é aqui”, areia branquinha e (quase sempre) sem vento, tem acesso de barco a partir da praia da Armação, da Barra da Lagoa ou (só no verão) do Campeche. Tem dois bares para quebrar o galho, mas a boa é levar um lanchinho para ficar sossegado.

11h
É muita areia

Quem não tem neve, desliza na areia. Inventado em Floripa nos anos 80 (provavelmente num dia de mar flat), o sandboard é febre na cidade. O melhor lugar para praticá-lo é nas dunas da mítica praia da Joaquina. Quem temer pela saúde de seu cóccix pode simplesmente sentar na prancha e entregar para a gravidade. O lugar mais conhecido para alugar pranchas é o Lagoa Sandboard

Ladeira abaixo: sandboard em dia de mar flat na Joaquina | Foto: Tony Monti/iStock

14h
Fundo de quintal

Cozinheira de mão cheia, Mônica abre sua casa todo sábado para receber amigos e clientes no Quintal da Mô, um segredo sussurrado entre os locais, pertinho da Joaquina. Uma de suas especialidades é a feijoada. Mas, vira e mexe, também pode pintar uma comida árabe ou um bobó de camarão. A anfitriã revela o cardápio pelo Insta (@quintaldamo) uns dias antes.

15h
Casa de bamba

Caso esteja numa pegada mais boêmia, sábado é dia do clássico samba com feijoada no Canto do Noel, um bastião do centro da cidade. Altamente democrático, reúne gente de todas as idades e crenças para comer, beber, requebrar e ser feliz. Aproveite para explorar as ruas ao redor, onde há vários brechós, lojas de móveis de segunda mão e uma feirinha de antiguidades.

20h
Centro das atenções

Nos últimos anos, a cena noturna do centro de Floripa cresceu e apareceu. O que antes era um emaranhado de ruas mortas e até perigosas hoje em dia desponta como o terreno mais fértil da cidade para novos bares e afins, atraindo uma multidão jovem e alternativa – a resposta catarinense ao Baixo Augusta, guardada as devidas proporções. Comece a noite no Class, que tem drinques criativos e uma lista enxuta de comidinhas para acompanhar, como hambúrgueres e tempura de peixe. Depois, descabele-se na pista do Don’t Tell Mama Club.

A pistinha do Don’t Tell Mama Club | Foto: Divulgação

DIA 3

8h
Começando bem

Arranque o dia com uma respeitável dose de cafeína orgânica no Café Cultura Brasil. Num caixotão moderno decorado com móveis de design escandinavo, muita madeira e detalhes vintage, serve delícias como ovos Benedict, croissants, tortas, panquecas… Com público que parece fugido de um casting, também tem wi-fi amiga e potencial para servir de coworking.

10h
Social ou não

Para estar entre os corpos mais tonificados de Floripa, a Praia Mole é sempre uma boa pedida. Para fugir deles, pegue a trilha que vai dar na vizinha Praia do Gravatá, onde o visual é incrível e o sossego, total. 

13h
Nem tudo é sequência de camarão

Não dá pra ir a Florianópolis e não sucumbir a uma (ou mais) orgia de frutos do mar. Para fugir das manjadas sequências de camarão, a dica é fazer o passeio de barco (ou a trilha de duas horas) que leva até o Restaurante do Cabral, comandado por uma família de pescadores na Costa da Lagoa. Tem o melhor refogado de siri da ilha e uma carapeba (peixinho pescado na lagoa) de comer de joelhos.

Vista aérea do Restaurante do Cabral: melhor siri da ilha | Foto: Divulgação

16h
Ninguém fica parado

Ficar parado é contra os princípios de quem vive em Floripa. Para não destoar, uma boa é velejar de kite na Lagoa da Conceição, o outro “mar” da ilha. Para quem está ensaiando as primeiras manobras, uma boa medida é fazer umas aulinhas com a Go Kite, que tem barco de resgate e instrutores experientes.

19h
Chora, cavaco

Aos domingos, todos os caminhos levam ao Sambaqui. Para fechar o fim de semana, a boa é o samba de raiz do Rancho do Bastião, para sacudir um barraco que, até pouco tempo, fazia as vezes de garagem de barco. Caso esteja na cidade numa quarta-feira, substitua o programa pelo Choro Xadrez, quando um grupo de músicos abre sua casa, literalmente, para receber a galera com um choro de alto nível. Eles tocam na cozinha, servem cerveja artesanal e pizza. Simples assim.

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