Na maior fazenda marinha da região, é possível conhecer todo o processo de produção deste ícone gastronômico da Ilha e experimentar dez versões da ostra em um restaurante à beira-mar
Ao pedir uma porção de ostras em qualquer parte do país, é muito provável que os moluscos que cheguem à mesa tenham sido cultivados em Santa Catarina. O estado é responsável por 98% da produção nacional – e essa história começou em Santo Antônio de Lisboa, um bairro à beira-mar no noroeste de Florianópolis. Ali, um pequeno grupo de pescadores resolveu testar o cultivo de mariscos, o que despertou o interesse de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina para a possibilidade de criar ostras na região. Trinta anos se passaram desde as primeiras experiências naquelas águas e hoje as chamadas fazendas marinhas, que produzem o molusco, se enfileiram no mar de Santo Antônio.
O produtor Leonardo Costa, dono do Grupo Freguesia, que possui a maior fazenda marinha da região e um restaurante com mesmo nome na frente da praia, resolveu transformar a produção de ostras em uma experiência. Ele leva grupos de até 18 pessoas em sua balsa para conhecer todo o processo do cultivo e depois experimentar dez pratos diferentes com o ingrediente colhido a pouco metros dali. “Santo Antônio é o local mais antigo da Ilha. A prova disso é a igreja, que é documentada como a primeira da ilha. Então tem toda uma pegada gastronômica e histórico-cultural”, conta Leonardo. “É um produto orgânico, slow food, que vai do processo de cultivo até a mesa em questão de horas.”

O tour começa pelos cilindros de assentamento, onde são colocadas as minúsculas sementes trazidas da universidade. Quando já estão um pouco maiores, as ostras vão para recipientes flutuantes aceleradores de crescimento, chamados de travesseiros. Só então chegam às lanternas, que são estruturas que ficam submersas enquanto as ostras engordam até atingirem de 9 a 12 centímetros e estarem prontas para ir para o prato. Todo o processo leva de 4 a 10 meses – um período encurtado por anos de estudo para descobrir a melhor maneira de ter uma produção mais eficiente. “Nossas ostras são originárias do Japão, mas lá o cultivo demora três anos”, conta Leonardo.
A melhor parte do passeio é ao desembarcar na areia. No restaurante, uma degustação com dez versões de ostras espera os clientes: gratinada, ao bafo, espetinho, pastel, à dorê, ao alho e óleo, espaguete, estrogonofe, risoto e a ostra exótica, aberta na mesa e temperada com limão, cachaça e mel. “Tem gente que é muito resistente à experimentar a ostra crua. Então começamos a inventar moda para introduzir esse sabor e deixar as pessoas à vontade para provar”, explica Leonardo. “Mas a estrela da festa é mesmo a ostra sem tempero, com o sabor original e que, mesmo sendo cultivada na água salgada, tem um nervo doce.” Sentado em uma das mesas do restaurante à beira-mar, é impossível dizer não a este convite.
Freguesia Oyster Bar
Rua XV de Novembro, 179, Santo Antônio de Lisboa
(48) 3235-1098
www.freguesiaoysterbar.com