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As belezas de uma road trip pela Garden Route, na África do Sul

Por
Laura Cesar
Em
15 abril, 2019

A poucos quilômetros da Cidade do Cabo existe uma rota que percorre parte da costa sul-africana oferecendo uma mistura surpreendente de florestas antigas, estuários, lagos, rios e uma estrada cinematográfica cujos contornos, às vezes irregulares, abrem caminho para vistas impressionantes do Oceano Índico. Conhecida como Garden Route, ou Rota Jardim, o percurso de pouco mais de 200 quilômetros pela N2 – que vai de Mossel Bay até Storms River – é passagem obrigatória pra quem escolheu a África do Sul como próximo destino. A dica aqui é estender o trajeto e explorar todas as riquezas naturais até Porto Elizabeth, pra não perder a selvageria dos “big five” – rinoceronte, búfalo, leão, elefante e leopardo – no Addo Elephant Park, além dos famosos supertubos de Jeffreys Bay.

Esqueça a vida noturna, pelos menos por alguns dias. A Garden Route é guiada pelo sol, perfeita pra dirigir tranquilamente pelas baías recortadas, sentir a brisa do mar e ser abraçado pela natureza que muda a cada cidade. É uma road trip pra ser feita com tempo, parando aqui e ali, em algumas das várias atrações pelo caminho. Aqui, um guia com alguns dos pontos imperdíveis.

A vida selvagem do Addo Elephant Park

O Kruger Park, no norte da África do Sul, é o maior e mais famoso safari do país. Mas ele não é o único. Apesar de não fazer parte da Garden Route, o Addo Elephant Park, a terceira maior reserva sul-africana, fica a duas horas da rota e impressiona com a diversidade animal. É uma opção mais barata para se aventurar em busca de rinocerontes, zebras, antílopes e, claro, elefantes – são mais de 600 espalhados pelo parque atualmente (quase um século atrás, em 1931, existiam apenas onze por conta de caça). E uma das partes mais divertidas do passeio é justamente essa: se aproximar do vidro do carro e procurar a maior quantidade possível de animais camuflados entre matos e arbustos. Mas não se afobe, pois você dificilmente verá todas as espécies num dia. Cada 24 horas no safári é única e é essa imprevisibilidade da vida selvagem que torna a experiência ainda mais encantadora.

Leão no Schotia Safaris | Foto: divulgação

Conheci o Addo Elephant Park com um guia local, que com muita simpatia agregou com informações históricas, pontos estratégicos para ver os animais e curiosidades. Mas o parque pode ser tranquilamente percorrido por conta própria, já que as estradas de terra não exigem carro 4×4. O pacote também incluía um passeio pela reserva privada Schotia Safaris, onde senti os encantos e calafrios de ver leões e crocodilos bem de perto. A grande diferença desse safári para o Addo (Parque Nacional Público), é que na Schotia os carros são abertos e podem sair das trilhas demarcadas e ficar, literalmente, lado a lado dos animais. A experiência inicia às 14h e vai até às 19h, quando é servido um jantar junto à fogueira. Após a refeição, no caminho até a saída, é possível observar com certa dificuldade os hábitos noturnos de alguns animais. Não chega a ser um safári à noite completo igual é vendido no pacote, mas recomendo o passeio mesmo assim.

Se for possível, não perca a oportunidade de se hospedar em alguma das acomodações dentro dos safáris. Acordar imerso na natureza é inesquecível. No Addo Afrique Estate, além da recepção ser calorosa e com direito à muitos sabores locais no café da manhã e jantar, o chalé de madeira e carpete traz um toque rústico à experiência. Na área da pousada vive uma família de girafas que volta e meia se aproxima da casa e impressiona com a postura elegante.

J-Bay: praia, surfe e vibe californiana

A última parada antes de entrar oficialmente na Garden Route foi Jeffreys Bay, uma das cidadezinhas praianas mais charmosas da África do Sul. Permeada pela cultura do surfe, a população local tem um jeito californiano de curtir a vida: bem diurno, sem pressa e com programas que envolvem chinelo e vista pro mar. Se não for pra entrar na água, arriscar manobras em cima da prancha ou assistir algum campeonato de surfe (a cidade sedia todo ano o J-Bay Open, um dos eventos do Circuito Mundial Masculino de Surfe, onde o surfista Micky Fanning foi atacado por um tubarão em 2015), uma outra opção é caminhar pelo pequeno centro comercial e aproveitar as promoções que rolam nos outlets de marcas de surfwear, como Quiksilver e Rip Curl.

Centro de Jeffreys Bay. Foto: Thomas Frontoni

Os poucos comércios da cidade ficam concentrados nas ruas De Gama Road e Jeffreys Street. Não deixe de conhecer o The Greek, restaurante grego que em alta temporada tem disputa pela fila de espera, e experimentar o café da manhã do J-Bay Bru Co. Pra quem quer gastar pouco, mas ainda sim acordar de frente pro mar, recomendo o hostel Island Vibe. Dá pra fazer aula de surfe com instrutor profissional, preparar refeições nas cozinhas comunitárias e ainda conhecer uma galera nova nas festas que ocorrem à noite, com direito a beer pong com muita Castle – cerveja popular sul-africana.

Queda d’água e doses de aventura no Parque Nacional Tsitsikamma

Cem quilômetros separam Jeffreys Bay e Stormsriver, mas a diferença climática é tão gritante, que parece que a região é outra. Mesmo em dezembro, no auge do verão sul-africano, quente e seco, tirei meu casaco corta-vento da mala pra me proteger da chuva e brisa gelada. Em Stormriver, troque o chinelo pela bota ou por um bom par de tênis de corrida, pois a atração lá é o Parque Nacional Tsitsikamma – um dos lugares mais bonitos da Garden Route.

Parque Nacional Tsitsikamma

As inúmeras possibilidades de trilha no parque podem gerar dúvida, mas se tiver tempo para fazer apenas uma, não deixe de ir na das Pontes Suspensas. A caminhada é leve e curta ( pouco mais de 1 quilômetro), mas o cenário lembra o filme do Indiana Jones, com pontes extensas e vista deslumbrante que termina com um encontro entre rio e mar. Vale uma passada pra conhecer a gigante árvore Outeniqua yellowwood, um tesouro natural de mais de 800 anos e 36 metros de altura.

O bungee jump de ponte mais alto do mundo

Tsitsikamma também é a melhor opção da Garden Route pra sentir algumas doses de adrenalina com esportes radicais. Para listar alguns: mountain bike, caiaque até uma das quedas d’água do parque, tirolesa e, pros corajosos, pular do mais alto bungee jump de ponte do mundo sobre o rio Bloukrans. Mais informações sobre o salto aqui.

Beach, please

Na Garden Route o que mais tem é praia. Pra quem gosta de passar o dia curtindo o sol e o mar, a dica é atravessar esse trecho da costa sul do país sem pressa para absorver cada detalhe. Vale no mínimo dois dias pelas praias badaladas de Plettenberg Bay, e um dia pra conhecer o vilarejo de Wilderness e a orla portuária de Knysna, recheada de lojas, bares e bons restaurantes. Menos de oitenta quilômetros separam essas três cidades, então o ideal é escolher uma como base para explorar a região. Em termos de passeio, todas são muito parecidas: escondem paraísos praianos, oferecem esportes aquáticos e de aventura, além de centros comerciais charmosos e agitados no alto verão.

No meu caso, o ponto escolhido para hospedagem foi Victoria Bay, uma praia de surfista movimentada, mas pouco atrativa. O ponto alto da experiência foi o hostel Surfari, que além da vista privilegiado pro oceano, conta com cozinhas equipadas, bar, churrasqueira, salão de jogos e preço acessível pra aproveitar alguns dias conhecendo as praias da região.

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