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54 horas em Garopaba: praias, gastronomia e aventuras na capital catarinense do surf

Por
Adriana Setti
Em parceria com

A cerca de 80Km ao sul de Florianópolis, a praia reserva algumas das melhores ondas do Brasil. Mas não só: é também rota das baleias-francas e destino de quem gosta de comer bem e natureza abundante. Saiba aqui onde ficar, o que fazer e comer em Garopaba.

Os surfistas foram os primeiros a injetar serotonina na veia desse antigo vilarejo pesqueiro, lá pelos anos 1980. No rastro das quilhas, vieram muitas outras tribos, que acabaram transformando a cidade de jeitinho provinciano em um dos principais hotspots do sul do Brasil, 80km ao sul de Florianópolis. Em terra firme, a capital catarinense do surf também tem altas trilhas na Mata Atlântica, dunas ideais pro sandboard e ferveção nonstop na Praia da Ferrugem. E, ainda que muitos passem batido a caminho das ondas perfeitas do Silveira, seu centro histórico de raízes açorianas também merece atenção — que tal um fim de tarde com jazz ao lado de uma igrejinha do século 19? Pra driblar as multidões, a boa é evitar a época do Réveillon e o Carnaval. Ainda vale saber que, entre julho e novembro, Garopaba está na rota das baleias-francas, que podem ser avistadas da praia. A seguir, nossas dicas pra 54 horas com esportes ao ar livre, dunas, água salgada e uma das melhores anchovas de Santa Catarina.

DIA 1

A Praia do Silveira, em Garopaba | Foto: ailtonsza/iStock

16h
Surf em Garopaba: todos os caminhos levam à Praia do Silveira

Quem surfa toca reto pra Praia do Silveira, um dos point break de direitas mais famosos do Brasil. As ondas podem passar de 12 pés nos dias clássicos, que costumam rolar entre maio e novembro. Mas, se a ideia for colocar o corpo em movimento sem enfrentar a arrebentação, procure a saída para a Trilha do Casqueiro, ao norte da faixa de areia (onde há uma placa), e caminhe até a praia da Vigia, que tem água cristalina e calminha. O caminho vai beirando o mar na maior parte do tempo, entregando visuais incríveis do Silveira e do costão de Garopaba. O percursos tem 4km. Calcule uma hora e meia de caminhada, incluindo uns 20 minutos pelo meio do mato. Se quiser pular a volta, peça um Uber ao chegar na Vigia. 

18h
Fim de tarde em Garopaba: ferveção na Casa do Padre

Idealizado por um casal de gaúchos apaixonados por Garopaba, esse mix de espaço cultural e bar ocupa uma antiga casa paroquial ao lado da Matriz de São Joaquim. Erguida em 1830, toda branquinha, a igreja é o cartão postal do centro histórico de Garopaba, com as melhores vistas da praia do centro. Vale reservar uma mesa no deck ao ar livre — mas há quem prefira se acomodar na escadinha da igreja ou nas pedras ao redor. O interior da Casa do Padre também é divino, decorado com fotografias que contam a história do vilarejo. Serve pizzas e tábuas de frios pra acompanhar a caipirinha da casa (com maracujá, limão e hortelã) e vende peças de arte e artesanato local. A hora pra estar lá é no fim de tarde, quando rola música ao vivo. 

21h
Onde comer anchova na brasa em Garopaba: uma instituição local

Um clássico da culinária local, o Zanoni prepara a melhor anchova na brasa que você vai comer em Garopaba. Ela vem douradinha, com alcaparras e limão, acompanhada de arroz, pirão, batata sauté, salada e farofa. Quem não come nada do mar pode entrar de cabeça no chuletão, outra especialidade do chef, com arroz, batata frita, salada de maionese e o famoso feijão da casa. Os pratos servem duas pessoas famintas.

Garopaba, em Santa Catarina: um dos melhores lugares pra avistar as baleias-francas | Foto: Beto Galetto/Unsplash

DIA 2

9h
Como avistar baleias em Garopaba: na cola das gigantes do mar

Seu passado lhe condena: durante mais de dois séculos, a vida em Garopaba girou em torno da caça da baleia-franca, cuja gordura era transformada no óleo utilizado pra iluminação pública. Por incrível que pareça, a prática só foi extinta em 1973, quando praticamente já não restavam representantes dessas gigantes do mar na costa catarinense. Estabelecida em 2000, hoje a Área de Proteção Ambiental da Baleia-Franca abrange 130km. Resguardadas, elas voltaram com força total e, de julho a novembro, embarcam em uma longa jornada da Antártica até Santa Catarina, em busca de águas mais quentinhas pra se reproduzir. Com sorte e um olhar atento, dá pra avistá-las da praia. Mas é interessante contratar um guia da Ao Sul Natural pra saber mais sobre esses animais e aumentar as chances de avistá-los. 

11h
Praia da Ferrugem: o epicentro da ferveção em Garopaba

Para estar onde as coisas acontecem em Garopaba, o lugar certo é a Praia da Ferrugem, onde a noite só termina de manhã. Ótima pro surf, também rende agito diurno (ao ar livre e com espaço de sobra) em frente ao Bar do Zado, um remanescente da Garopaba raiz, que viu chegar os primeiros surfistas. Pra curtir uma tranquilidade total, caminhe na direção oposta até a Praia da Barra. No morro entre uma e outra está o mirante de onde você vai conseguir seu melhor clique. 

13h
O hambúrguer mais famoso de Garopaba: pit stop no Guna Madê

Para um almocinho rápido e infalível, passe no Guna Madê, que serve o hambúrguer artesanal mais respeitado de Garopaba, em um terraço abertão e altamente simpático, no centro da cidade. Pra fugir do convencional, o Sweet Chilli vem com geleia de pimenta. Apague o fogo com uma long neck Corona gelada e, depois, arremate com um sorvete artesanal da Gelateria Bering

14h
Rolê pelo centrinho de Garopaba: arquitetura e loja da Mormaii

Faça a digestão dando um rolê pelo centro histórico. Caminhando por ruas de paralelepípedo rente ao mar, você topará com alguns casarões de arquitetura açoriana preservados com dignidade. Um deles abriga o Instituto Baleia-Franca, onde acontecem cursos e exposições sobre esses animais. Aproveite que está pelo centro e dê uma passada na loja da Mormaii, marca criada em Garopaba pelo médico-surfista Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, que ergueu um império a partir de uma roupa de borracha pra surfar, sem renunciar a seu (invejável) estilo de vida. Tem peças com desconto e um surf-bar ideal prum café, um açaí ou uma comidinha leve.

Sandboard nas dunas de Siriu, em Garopaba, SC| Foto: Claudia Back/Unsplash

16h
Sandboard nas dunas do Siriú: o surf de areia catarinense

Quando o mar está flat, as dunas da praia do Siriú garantem a adrenalina nossa de cada dia. O sandboard, que nasceu em Florianópolis, também é coisa séria em Garopaba. Quem não tem prancha pode alugar uma por lá. Aproveite a escadinha de madeira pra escalar até o topo. Depois, é só deslizar por ladeiras de até 40 metros de altura. Do alto, dá pra ver as ondulações de areia que chegam até a praia, com a Guarda do Embaú de pano de fundo. Quando bater vontade de lavar corpo e alma, vale esticar até a Cachoeira do Siriú, a uns cinco minutos de carro das dunas.

21h
Amazon Tastes: diretamente da selva pra Santa Catarina

A Casa Kimo é uma das construções mais charmosas de Garopaba. Com seus tijolinhos à vista e janelas azuis, essa estrutura centenária foi trazida da Serra do Rio do Rastro e remontada no caminho da Praia do Silveira. Abriga eventos e tem uma curadoria de peças interessantes pra vender: arte, artesanato, roupa, pranchas etc. Recentemente, esse espaço multifuncional também passou a ser endereço do Amazon Tastes, um restaurante que materializa os sabores do Pará em pleno litoral catarinense. O Caboclinho do Mar tem pão de cacau do combu, maionese de jambu, peixe crocante, coalho gratinado e ketchup de açaí. Para acompanhar, suco de taperebá ou cupuaçu.

DIA 3 

8h
Rapel na Pedra Branca — pra baixo, e avante

A trilha da Pedra Branca é sob medida para desconectar e respirar ar puro. Saindo do centro pela SC-434, basta rodar uns sete quilômetros até encontrar a placa que indica o caminho, por estradinha de terra, até o ponto inicial do percurso. A caminhada pode ser feita em menos de 40 minutos, mas a inclinação garante o suor. No fim da linha, depois de um trecho pedregoso que exige certa habilidade, está a Pedra Branca. A 273 metros de altura, tem vista panorâmica da Lagoa de Garopaba, Praia da Ferrugem, Barra e Silveira. Quem não se contenta em curtir o visual pode encarar um rapel pedra abaixo com a Amo Garopaba

13h
Comida vegetariana em Garopaba — as cores e sabores do Brotô Bistrô

Na terra da anchova e da tainha, restaurante vegetariano é sempre uma ótima novidade. Com uma proposta de “cozinha consciente”, o Brotô Bistrô vende pão orgânico, além de preparar sanduíches, tapiocas, tortinhas, pratos do dia e açaí. Supercoloridas, as receitas do chef Alex Alcântara vêm à mesa em lindas apresentações. A salada thai tem tofu empanado, arroz negro, mix de ervas frescas, amendoim torrado e shoyo agridoce. 

Guarda do Embaú: a meca do surf fica a 30Km de Garopaba, SC | Foto: Fernando Frazão/iStock

14h
Bate-volta pra Guarda do Embaú: o pecado mora ao lado

Ferrugem, Ouvidor, Siriú, Silveira, Gamboa… O páreo é sempre duro quando o assunto é escolher a praia mais bonita de Garopaba. Como se não bastasse, a Guarda do Embaú fica logo ao lado, a menos de meia hora pela BR-101, já no município de Palhoça. Pra chegar até a enorme faixa de areia branca, é preciso atravessar de barquinho o Rio da Madre. Totalmente virgem em grande parte de sua extensão, escoltada por altas dunas e pelo leito do rio, é certamente uma das maiores belezas naturais de Santa Catarina.

21h
Alta cozinha garopabense: a viagem gastronômica do Vivamo

Escondidinho na Praia da Gamboa, o Vivamo Enogastronomia é o elo perdido entre Garopaba e a alta cozinha. Pilotado pela chef Glau Zoldan, formada pela Le Cordon Bleu em Londres, reúne referências mediterrâneas e técnicas da cozinha molecular em seu balaio criativo. Tanto a carta como os menus degustação atacam em três frentes: mar, terra e veg. A lista de vinhos tem mais de uma centena de rótulos. O ambiente é sóbrio, com muita madeira e iluminação suave. Para um jantar arejado, reserva mesa no terraço com vista para o jardim. 

Foto de abertura: Renato Ganske Júnior/iStock

A vida é aqui fora!

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