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GIRA, a kombi só de minas que quer rodar o Brasil

Por
Lilian Kaori Hamatsu
Em
23 maio, 2019

Um papo sobre empreendedorismo, colaboração, sororidade e autonomia com as minas da GIRA, um coletivo que trabalha rodando o Brasil em uma kombi

Já mais sábias do que foram aos 20 e extremamente otimistas quanto ao futuro à medida que alcançam os 30, Amanda Caradori, Camilla Gonçalves, Dessa Brandão, Fernanda Lima, Gabriela “Gavi”, Grazi Luzini e Raiana Pires, da GIRA, fazem parte do crescente grupo de jovens que abandonam grandes empresas, rotinas em escritórios e horários fixos pela vida independente, itinerante e repleta de significado.

O coletivo feminino que deseja percorrer o país exibindo seus trabalhos em uma kombi inicia essa jornada no sábado, 25, ocupando o Bloco Perestroika, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Na onda das tendências descritas pela Future of Work, pesquisa que ouviu cerca de 2500 profissionais em 13 dos países de maior impacto na economia mundial, convidamos as minas pra bater um papo sobre empreendedorismo, colaboração, sororidade e autonomia.

Projeto Gira
Amanda Caradori, Bibi Campos, Camilla Gonçalves, Dessa Brandão, Fernanda Lima, Gabriela “Gavi”, Giuliana Machado, Grazi Luzini e Raiana Pires, da GIRA | Foto: Divulgação

A kombi, o squad e os boletos

GIRA é o nome dado ao projeto de kombi itinerante que reúne a produção intelectual, artística e criativa dessa turma. Com o intuito de promover a interação e a troca entre mulheres dispostas a desenvolverem seus negócios e relações pessoais, o grupo organiza ações e eventos onde expõem e vendem seus novos estilos de vida por meio de produtos e apresentações.

Idealizada por Raiana e Fernanda, que conheceram as outras integrantes por meio das redes sociais, a parceria teve início quando passaram a divulgar os trabalhos umas das outras e compartilhar seguidores e clientes.

Cada qual em sua área, encontraram na responsabilidade social e no apoio a sustentabilidade e ao negócio liderado por mulheres uma ponte para se relacionarem e compreenderem. “Já nos inspirávamos no trampo das outras pelo virtual, mas o contato pessoal fez com que nos víssemos como humanas, aprendendo juntas o que é ser mãe e mulher em diferentes perspectivas”, conta Amanda.

Ao mesmo tempo em que trabalham juntas na GIRA, Amanda, Camilla, Dessa, Fernanda, Gavi, Grazi e Raiana são proprietárias de empresas independentes e construíram suas marcas em voo solo. Para elas, o maior desafio em abandonar a carteira assinada e o mercado convencional está no fato de que passaram a não ter uma renda fixa mensal. Ainda assim, encorajam: “nunca haverá um momento perfeito para investir no seu negócio. É necessário ter coragem e saber que você vai se privar de algumas coisas, enfrentar perrengues, mas acima de tudo precisa acreditar no fruto do seu trabalho”.

Raio X: os universos da GIRA

Amanda Caradori & Terramor
Após abandonar um trabalho pelo qual não era apaixonada, a terapeuta Amanda Caradori compreendeu que “liberdade de empreender é benéfico para a saúde mental e espiritual, o que é só progresso”. Em um ateliê localizado dentro da própria casa, passou a desenvolver artesanalmente produtos de origem 100% vegetal sob o selo Terramor. Frutos da natureza e da colaboração de afeto com a mãe, são desodorantes, máscaras, sabonetes, hidratantes e outros itens que buscam honrar o processo de cura idealizado pela naturopata.

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Camilla Gonçalves & Brechominante
Uma empresa de uma só: essa é a definição que melhor descreve o negócio de Camilla Gonçalves, defensora do consumo consciente que trancou a faculdade para trilhar seus próprios caminhos. Há dez anos vivendo em São Paulo, deixou o trabalho em uma agência de modelos para se tornar responsável por garimpar peças para venda, administrar a área financeira, controlar o estoque, fotografar (com a ajuda de um amigo) as produções, divulgar, produzir conteúdo autoral e organizar a logística do Brechominante.

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O samba de Dessa Brandão
Quando foi aceita em um grupo de Whatsapp formado apenas por artistas mulheres, Dessa Brandão passou a descobrir que a formação e os anos trabalhando com turismo já não faziam mais sentido pra ela. Autodidata, aprendeu a tocar cavaco e violão e há dois anos vive de canções, composições e um tempinho dedicado ao trio de samba Batuque de Lara, projeto onde compartilha seu dom com outras duas colegas.

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Fernanda Lima & Makra
Metais, pedras naturais e elementos como terra constitutem a base do trabalho de Fernanda Lima na Makra. Por lá, a designer abandona padrões estéticos e reitera a mensagem de empoderamento ao promover bem-estar, autoestima e valorização da beleza individual através de joias criadas e desenvolvidas por ela própria. As coleções recebem nomes como Vulva e a relembram da satisfação ao abrir mão do antigo ofício em detrimento das novas descobertas.

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O soul de Gavi
Quem olha para Gavi mal enxerga a pele de advogada que já encarnou um dia. Com repertório em black e soul music, além do carinho especial pelo R&B, a cantora precisou abandonar a Gabriela do passado para viver das mensagens de empoderamento que desenvolve através de seu som. Completamente entregue aos mistérios da música, tudo o que deseja é passar a ideia adiante.

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Grazi Luzini & Entre Paredes
Comunicativa e dona de uma criatividade sem tamanho, Grazi Luzini tentou terminar a faculdade, se aventurar no mercado publicitário e até cuidar da área de comunicação de um escritório de arquitetura. O universo e talvez ela própria, mesmo que involuntariamente, tinham outros planos. Apaixonada pelas redes sociais, decidiu criar um canal no Youtube para mostrar trabalhos de amigos e a reforma de seu quarto, mas uma parede repleta de pôsteres excedeu o orçamento que pretendia dedicar ao projeto. A solução foi fazer as artes com as próprias mãos e assim nasceu a Entre Paredes, um negócio baseado em papelaria afetiva, presentes que deixam o coração quentinho e quadros para contar histórias.

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Raiana Pires & Psicotrópica
Um cheiro de tinta e o balançar dos pincéis convenceram Raiana Pires a deixar Florianópolis para ganhar o país. À frente da Psicotrópica, um blog que nasceu há sete anos com o intuito de tratar a arte como forma de expressão e cura e hoje também é loja, a estilista produz estampas autorais em aquarela, acrílica e lápis de cor. Por acreditar no valor psíquico de seu ofício, adquire obras criadas por pacientes em tratamento de doenças mentais e as transforma em produtos.

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Estacionadas no Rio

No sábado, 25 de maio, as integrantes da GIRA, acompanhadas pela tatuadora Manuela Ruas e pela cantora Sarah Roston, ocuparão o Bloco Perestroika, em Botafogo, no Rio de Janeiro. O evento marca o início da jornada do grupo fora de São Paulo e celebra o desejo das garotas da kombi de conquistarem o país, viajando, inspirando e crescendo como empreendedoras.

Para ter acesso a programação, com exposições, shows e rodas de conversa, será cobrado 1kg de alimento não perecível como taxa de entrada. Todos os produtos arrecadados serão doados a moradores de comunidades locais. A ideia é fortalecer as regiões por onde a kombi passar, dando espaço para colaborações com mulheres que vivem nas cidades visitadas e retorno ao meio social.

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