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“Girls can’t surf”: filme fala sobre machismo no surfe

Por
Adriana Setti
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Documentário conta como um grupo de mulheres surfistas combateu o patriarcado dentro e fora do mar nos anos 1980.

Foi nos anos 1980 que o surf começou a fazer sua transição da contracultura para uma liga profissional. Nessa época, o esporte se popularizou no mundo todo — inclusive no Brasil, onde rolou um grande boom. Mas, em meio a esse ambiente festivo, repleto de cores fluorescentes, havia um lado bem dark: o machismo dentro e fora do mar.

Quem vê hoje as mulheres sendo reconhecidas e respeitadas no esporte profissional e amador — ainda que falte um bom caminho por percorrer até a igualdade — nem sempre sabe o que suas antecessoras passaram. O documentário Girls Can’t Surf conta um pouco dessa história na ótica de um grupo de mulheres surfistas que, exaustas de serem marginalizadas e tratadas de forma diferente dos homens, iniciaram uma luta pela igualdade.

Menina não entra

Cena do documentário "Girls Can't Surf"
Homens eram celebrados como “deuses do mar” e as mulheres tinham um papel quase decorativo l Créditos: Reprodução Filme

“Era como um clubinho de meninos e as meninas estavam sempre em segundo plano, tanto institucionalmente como culturalmente”, disse à Monocle Christopher Nelius, diretor de Girls Can’t Surf — disponível no Brasil no Google Play.

Cena do documentário "Girls Can't Surf"
Mulheres eram hiperssexualizadas no meio l Créditos: Reprodução Filme

Em outras palavras, o surf era um esporte extremamente machista, nos quais os homens eram celebrados como “deuses do mar” e as mulheres tinham um papel quase decorativo. Não à toa, concursos de beleza no estilo “miss biquíni” costumavam acontecer nos intervalos dos campeonatos da época.

Revolução no mar

Girls Can’t Surf mostra um grupo de mulheres surfistas que, exaustas de serem marginalizadas e tratadas de forma diferente dos homens — recebendo menos em patrocínios e competindo em condições precárias —, iniciaram uma luta pela igualdade.

Cena do documentário "Girls Can't Surf"
Cena do documentário “Girls Can’t Surf” l Créditos: Reprodução Filme

Naquela época, era comum que, ao suspender as provas masculinas pela falta de onda, as mulheres fossem obrigadas a cair no mar pra competir, mesmo em péssimas condições. Até que, em uma etapa na África do Sul, a australiana Pauline Menczer, uma das personagens do documentário, liderou um motim. A partir de então, a história começou a mudar.

Troféu, beijo e tchau

Girls Can't Surf é um documentário que fala sobre machismo no esporte
Valor dos prêmios da WSL só foi igualado para homens e mulheres em 2019 l Créditos: Reprodução Filme

Mas foi um processo lento. Quando Pauline foi campeã mundial, em 1993, ainda não havia um prêmio em dinheiro para as mulheres, enquanto os homens já faturavam alto. Por incrível que pareça, o valor dos prêmios da WSL só foi igualado para homens e mulheres em 2019!

“O mundo de hoje é um lugar muito melhor em termos de aceitação e inclusão, mas ainda precisa seguir nessa direção. Aos 52 anos, estou começando a receber ofertas de patrocinadores pelo que conquistei. No passado, eu era tudo que eles não queriam: tenho cabelo escuro, sou baixinha, sofro de artrite e sou lésbica. Agora está tudo bem”, falou Pauline Menczer, em entrevista à Carve.

Pelo visto, ainda temos muito pelo que lutar.

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