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Glitter ecológico fabricado no Rio vai ser o hit do Carnaval

Por
Rafael Andery
Em
24 janeiro, 2018

Esqueça Anitta, Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Jojo Todynho. Se depender de Maíra Inaê ninguém vai brilhar mais do que ela no Carnaval. Literalmente.

Há pouco mais de duas semanas, a paulistana de alma carioquíssima – são dois beijinhos no rosto na hora de se cumprimentar – vem fazendo sucesso com a Glitra, uma purpurina biodegradável que promete não ser prejudicial ao meio ambiente, criada por ela e a sócia Noemi Puig.

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Fotos: Gessica Hage

A ideia surgiu há alguns meses quando Maíra, louca por carnaval e, consequentemente, purpurina, não pôde se paramentar com o brilho durante uma edição do festival alternativo americano Burning Man, que tem por princípio deixar o mínimo de rastro ambiental possível durante a realização da festa. O glitter, é claro, não é visto com bons olhos pela turma.

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“Todo mundo sabe que purpurina se espalha por aí”, diz Maíra. “O problema é que ela não se espalha só pela nossa casa, mas por todo lugar”. Não é exagero. Essencialmente, o glitter não passa de uma impressão metalizada em pedacinhos minúsculos de plástico. O problema é que esses pedacinhos não são filtrados pelos sistemas de filtragem de água das nossas cidades.

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Segundo pesquisa publicada na revista científica “Environmental Research Letters”, são aproximadamente 236 mil toneladas métricas de microplásticos que chegam aos oceanos anualmente. Ou seja, mais ou menos 1.300 baleias azuis feitas de purpurina. “Isso não saía da minha cabeça”, conta Maíra. “Ficava desesperada quando tomava banho para tirar a purpurina”. Acostumada a trabalhar com advocacy, uma espécie de “lobby do bem” realizada por organizações sociais junto aos tomadores de decisão, sabia que uma cruzada contra o brilho não seria tarefa fácil.

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“Tudo é uma questão de conscientização, mas angariar recursos e fazer esse ‘advocacy’ é muito difícil”, explica. “Tentar conscientizar de uma forma leve e engraçada é muito mais legal”. Foi então que fez-se a luz. Procurando soluções para o problema da purpurina, encontrou na Europa uma empresa que realiza a impressão metalizada em celulose de eucalipto ao invés de nos microplásticos. Firmou uma parceria. “Eles tinham acabado de patentear o processo, não vendiam nem por atacado ainda”.

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Maíra e sua sócia então passaram a testar o brilho importado em receitas que permitissem sua melhor fixação na pele. “Parecíamos duas feiticeiras, passamos várias noites cozinhando e tentando alcançar a fórmula ideal”, lembra. O resultado foi o Glitra, uma maquiagem vegana que não polui o ambiente e, de quebra, sai no banho. Ou seja, chega de encontrar um ponto brilhante na testa 8 meses depois da quarta-feira de cinzas.

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Disponível em 4 cores: turquesa, rosa, ouro e prata, os potinhos contém 8 gramas de maquiagem e saem a partir de R$ 45. “Se você não perder a latinha, dura pelo menos até 2020”, brinca Maíra. A maquiagem já pode ser encontrada em alguns pontos de venda em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas também pode ser encomendada via Instagram (@glitra.bio) ou pelo e-mail [email protected].

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“O Glitra é, no fundo, uma ferramenta para a conscientização”, explica Maíra. A empresa reverte parte dos lucros para projetos como a fundação Plastic Oceans, que lida com a poluição de plástico dos oceanos. “A missão no futuro é conseguir ter uma produção própria, menos artesanal e com preço mais acessível. Imagina uma escola de samba por ano usando uma purpurina biodegradável? Já seria incrível”.

Enquanto esse dia não chega, contudo, é bom correr. A tiragem inicial do Glitra foi de 4000 potinhos e o estoque já está no fim.

Onde encontrar:

Rio de Janeiro:
RIOetc: rioetc.com.br
Brownie do Luiz: browniedoluiz.com.br

São Paulo:
Insecta Shoes: insectashoes.com
Can Can: cancanacessorios.com.br
Amoreira: 9amoreira.com.br

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