Para a arquiteta Fernanda Marques,enquanto a identidade do designcontemporâneo brasileiro se constrói,nossa produção ganha cada vez maisreconhecimento, especialmente por aqui.
Nos Hotéis Grand Mercure estamos sempre à procura do que há de mais incrível sendo produzido pelo Brasil. O resultado dessa busca está espalhado em todos os nossos destinos, porque se tem uma coisa que a gente gosta é valorizar o que é feito por aqui. E comemoramos quando o nosso design, que também é um reflexo da cultura brasileira, ganha cada vez mais projeção. “Finalmente a ideia de que tudo o que vem de fora é melhor ficou para trás”, diz a arquiteta Fernanda Marques. “Primeiro, o design brasileiro foi ganhando uma importância lá fora. Em seguida, essa valorização chegou aqui e fez com que a indústria se renovasse, procurasse novos nomes”, diz a arquiteta Fernanda Marques.
O design brasileiro ganhou espaço internacional ainda na década de 1950, quando nomes como Sérgio Rodrigues reinventaram o uso da madeira, do couro, do tecido, da palha. Mais tarde vieram os irmãos Campana, que levaram essa força brasileira para o mundo. Mas e hoje? O que representa o novo design feito em território nacional? “A gente teve um hiato muito grande nessa produção nacional e hoje vive um momento onde começamos a traçar uma linha mais forte do que vai ser o esse design do século 21”, explica Fernanda.

“Não temos todos os recursos tecnológicos nem alguns maquinários específicos, o que exige um jogo de cintura, mas também transfere para a produção um caráter muito bonito, revelador”.
Como parte da construção de nossa identidade, o design também é capaz de produzir trocas importantes e resgatar saberes brasileiros. “Ele tem condição de ser um motor propulsor para a inserção social e profissionalização dos nossos artesãos, que muitas vezes têm dificuldade de colocar seus produtos dentro de um mercado consumidor importante. O design tem um grande poder de capacitação de pessoas”, diz a arquiteta, que fez um trabalho numa comunidade ribeirinha do Rio Negro, na Amazônia, e pôde dividir seus conhecimentos e aprender com os artesãos. “Não imagino o design brasileiro com cara de artesanato, mas sim que todo esse conhecimento venha a contribuir com os designers — e vice-versa. É uma troca que pode ser transformadora”.
Fernanda acredita que a transferência de conhecimentos é a chave para construir outros rumos. “Quando tive contato com os artesãos, com esse conhecimento ancestral, vi um novo caminho a ser percorrido. Eles me mostraram essa beleza que existe na simplicidade, a maneira como sabem lidar com materiais tão naturais, tão próximos da gente”, conta. “Quando me perguntam sobre inspiração, sempre falo: a gente desenha e projeta para o homem, então é importante que a gente saiba para onde a sociedade está indo, o que ela quer e quais são os valores importantes”.
Fotos: Divulgação