A boa forma política, econômica e social da Suécia talvez seja fruto de sua mania de calcular riscos e zelar por sua segurança. A gente anda por aí sem perceber, já que todas as linhas nesse país são bem traçadas, e nos levam a outros lugares, que não sejam o de pensar em tudo o que venha antes de tanta beleza.
E, pelo jeito, esse hábito saudável de zelar pela integridade de todos parece ser contagioso, já que empresas suecas, como a Volvo, repetem a tradição. Diante deste cenário, hoje é bastante óbvio dizer que um dos dispositivos de segurança mais bacanas e inovadores que temos no mercado foi inventado justamente por um local.
Aliás, um não, dois – ou duas, no caso: Anna Haupt e Terese Alstin, as designers industriais que assinam o Hövding, uma espécie de capacete inflável, que funciona de forma semelhante ao airbag, e que pode ser usado quase como um echarpe.
O projeto começou de forma bem experimental, quando ainda cursavam o mestrado. As então estudantes tinham a pretensão de criar algo que protegesse os ciclistas, sem extinguir a sensação de liberdade característica da bike – “e sem arruinar o penteado também”, brinca Terese, em uma entrevista a um jornal português.
Divulgação
Da tese para a realidade, foram sete anos. As jovens avaliam os padrões de acidentes de bicicletas e as situações do dia-a-dia, encontrando um denominador comum entre ambos. Com os dados compilados em um extenso e minucioso estudo, as suecas desenvolveram um método matemático capaz de distinguir movimentos triviais daqueles que podem colocar em risco a saúde do usuário.
Todo o investimento de tempo e dinheiro culminou no Hövding, um “colarinho” que esconde um airbag, visto e ativado apenas quando o ciclista se vê em perigo. Nessas ocasiões fatídicas, o lenço assume a forma de um capuz e envolve toda a cabeça do usuário. O mecanismo é controlado por sensores que detectam movimentos anormais, característicos de um acidente.
Niklas Carlsson
O dispositivo é alimentado por uma bateria com autonomia de até 18 horas, que pode ser carregada via USB, em qualquer computador. Com um uso médio de 30 minutos por dia, por exemplo, é necessário recarregar o Hövding apenas a cada seis semanas. Vale lembrar ainda que o mecanismo pede seis horas de carga.
Quando é ligado, através de um pequeno botão, podemos ver uma luz, que também nos indica o status da bateria. O produto pode ser personalizado: quando conectado a um computador com internet, o usuário pode escolher toques específicos para quando o “capacete” for ligado e desligado.
Jonas Ingerstedt
Inspirado nas caixas pretas de aviões, o Hövding traz também um gravador capaz de captar os dez segundos imediatamente antes ou durante o acidente de bicicleta.
O colarinho é apenas a parte visível da invenção: é removível, lavável e pode ser trocado para condizer com a roupa, por meio de um fecho como o da gola de um casaco. À venda na Suécia e na loja online da marca, cada colarinho pode custar 50 € e o Hövding completo chega aos 480 €.
hovding.com