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A sustentabilidade descomplicada das novas vozes da internet

Por
Laura Cesar
Em
6 maio, 2019

Existe uma galera relativamente nova na internet que está provando que sustentabilidade não é um bicho de sete cabeças. Em vídeos, fotos e conteúdos informativos, eles mostram que é possível sim viver uma rotina mais consciente, fazendo trocas inteligentes que são melhores pra natureza. Todo mundo já sabe que descartáveis, como o plástico, alimentos com agrotóxicos e desperdício de comida e água são práticas nocivas pro meio ambiente, mas esses perfis fogem da generalização e propõem soluções ecológicas práticas e efetivas.

Onde é possível comprar à granel? É mais caro? Quais materiais são de fato reciclados no Brasil? O que são microplásticos? Como fazer receitas saudáveis e baratas sem produtos de origem animal? Como funciona a compostagem? São muitas as formas de começar a lutar contra as alterações climáticas, a poluição e outros problemas ambientais. Se a mudança começa dentro de casa, eles ajudam a embarcar nessa jornada. E garantem: ser sustentável é mais simples, barato e divertido do que a gente imagina.

Sustentabilidade sem neuras

Aline Matulja sempre gostou de brincar com coisa séria, fazendo imitações e criando personagens que são espelhos da nossa própria vulnerabilidade. Por isso que seu Instagram é assim: uma militância divertida, onde compartilha suas inquietações ambientais de maneira descontraída e levemente sarcástica. Lá vale tudo. De memes e dublagens que cria em cima de cenas de filmes, à reflexões mais sérias que faz via stories e fotos inspiradoras em meio à natureza. “A minha abordagem no instagram nasceu de uma necessidade que tinha de expressão. O espaço começou a crescer e funcionar de maneira muito natural. Percebi que eu atingia um lugar de transformação quando as pessoas se divertiam e estavam relaxadas. Uma forma quase que osmótica de assimilar o conteúdo”, conta.

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Formada em engenharia ambiental, ela utiliza o Instagram pra propagar conhecimento e esclarecer dúvidas comuns sobre sustentabilidade, que vão desde prática rotineiras, como compostagem e reciclagem, até informações mais teóricas sobre microplásticos, preservação de reservas indígenas, nascentes e restingas. “Vejo que as pessoas têm diversas inquietações, mas não têm com quem dividi-las. E onde existe inquietação existe um caminho para mudança. Então eu tenho o compromisso de responder todo mundo. Cada vez que vou gerar um conteúdo eu estudo, aprendo, me entrego e me comprometo mais”. Para ela, as redes sociais são ótimas ferramentas de diálogo, desde que usadas de maneira inteligente.

Casal de respeito

Durante os três meses que Larissa Colombo e Tiago Azzi moraram em alto mar, o incômodo com o tema lixo se fez presente. Por isso que desde que voltaram à rotina em Florianópolis, o casal não para de repensar seus próprios hábitos e correr atrás de informações, visitando cooperativas, ecopontos e organizações voltadas à sustentabilidade para entender o destino de cada produto que utilizam dentro de casa. Agora, as compras são feitas à granel, recusam descartáveis quando comem fora, trocaram os produtos de limpeza e higiene por opções mais naturais e construíram a própria horta e composteira. Também viraram embaixadores da Mídia Sustentável, onde participam ativamente de diversas ações de gestão ambiental como, por exemplo, a implementação de coletores seletivos de reciclagem em Fernando de Noronha e em outros municípios onde a empresa atua. “No final das contas as coisas realmente vão pra natureza. Não existe jogar fora no planeta, tá tudo dentro. Acredito que o ser humano está começando a perceber que a forma como estamos se desenvolvendo não está em equilíbrio com os impactos que a gente gera. E os recursos naturais estão ficando escassos”, conta Larissa.

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E tudo isso eles compartilham em conteúdos inspiradores nos seus perfis pessoais e no Instagram Eu cuido e você?, dividindo suas descobertas ecológicas e mostrando diversas formas de cuidar da natureza. “Eu cuido e você é um novo espaço onde vamos dividir as nossas mudanças em casa, além de questionar amigos e marcas. A ideia é mostrar também como algumas pessoas próximas cuidam e se relacionam com a natureza.”, explica.

Veganismo prático

Os vídeos da Marina Godward são leves, rápidos e super gostosos de assistir. De receitas veganas práticas e acessíveis à trocas inteligentes para produzir menos lixo, os conteúdos da Mima – como é conhecida na internet – nos inspiram a viver de maneira mais consciente. “O que eu procuro passar é que não existe um estilo de vida 100% sustentável. O importante é fazer o melhor para reduzir o impacto no meio ambiente, mesmo que hoje o nosso melhor seja apenas recusar um canudo. Cada um tem o seu tempo, mas é fundamental se conscientizar e começar por algum lugar”, diz.

O seu despertar para uma vida mais sustentável veio por meio da alimentação. Quando tinha 16 anos decidiu substituir carnes e derivados de origem animal – como ovos, leites e mel – por legumes, frutas, grãos e sementes. Uma forma que encontrou de se relacionar com a comida de maneira mais saudável, ambientalmente responsável e sem violência animal. Mima é quem cozinha e prepara todas as marmitas da semana, compartilhando suas invenções culinárias pelas redes sociais. E essa mudança que começou no prato, se expandiu para outras esferas da sua vida, que hoje também inclui compostagem, uso de cosméticos naturais, roupas novas apenas de marcas nacionais e brechós, entre outras medidas.

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“É muito importante a gente realmente fazer o que diz. Tento compartilhar com as pessoas como eu vivo a minha vida com a esperança de que isso motive elas a viverem um estilo de vida mais sustentável também. Tudo isso dentro do que é possível na realidade de cada um”, diz.

De acordo com a FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, o setor pecuário é responsável por 14,5% das emissões de gases do efeito estufa. Esse número considera todas as emissões da cadeia, que vai desde os cultivos que viram ração animal, até o transporte e varejo da carne processada. Além disso, a indústria da carne estimula grande parte do desmatamento na Amazônia Legal. Aproximadamente 70% da terra desmatada é usada como pasto, e uma grande parte do restante é coberta por plantações cultivadas pra produção de ração.

Um ano sem lixo

Em 2015, Cristal Muniz se desafiou a reduzir a praticamente zero sua produção de lixo. Estava incomodada. Queria repensar seus hábitos de consumo e parar de gerar qualquer resíduo que não pudesse ser reciclável. Foi nesse processo que ela criou o blog Um Ano Sem Lixo, onde compartilha dicas, reflexões e todo conhecimento que adquire diariamente levando uma vida (quase) sem lixo. Hoje, a rotina de Cristal é assim: sem descartáveis, com guardanapos e canudos reutilizáveis na bolsa, bucha vegetal ao invés de esponja pra lavar a louça e composteira em casa. Ações que parecem simples, mas que geram diversas dúvidas. E o papel higiênico? A camisinha? O fio dental e desodorante? Essas e muitas outras ela esclarece de maneira rápida aqui ou então no livro “Uma vida sem lixo”, um guia completo pra quem busca reduzir o desperdício em casa.

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Menos 1 lixo

Foi a partir do documentário Trashed, que percorre diversas partes do mundo investigando o lixo e seus destinos, que a carioca Fernanda Cortez começou a repensar o seu próprio consumo. O primeiro passo foi substituir copos descartáveis por um retrátil que passou a carregar na bolsa. A atitude simples resultou na economia de 1618 copinhos plásticos durante um ano e uma grande repercussão nas redes sociais que, na época, desafiou influenciadores e celebridades a se juntarem à causa. Hoje, o Menos 1 Lixo é o movimento sobre consumo consciente mais influente do Brasil. Além de marca própria, onde vendem copos reutilizáveis feitos de silicone, eles atuam como uma plataforma de conteúdo sobre sustentabilidade, realizam palestras e dão consultoria pras empresas que buscam reduzir sua pegada ambiental. E Fernanda, que embarcou nessa jornada despretensiosamente, virou ativista, sendo atualmente defensora da ONU Meio Ambiente, colunista mensal da Glamour e apresentadora da websérie Mares Limpos, que coloca a questão do lixo marinho no centro do debate.

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