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54 horas em Jericoacoara: tudo o que você precisa fazer antes e depois de um dos pores do sol mais bonitos do mundo

Por
Adriana Setti
Em parceria com
true

Nos últimos anos Jeri passou a ser páreo pra badalação de Noronha e Trancoso. Passar horas derretendo na rede dentro d’água e subir a duna gigante ao pôr-do-sol são atividades que agora dividem a lista de programas obrigatórios com day beds de tecidos esvoaçantes em beach clubs, brindes de rosé e noites bem animadas.

Longe vão os dias em que a luz vinha de geradores e a pequena vila à beira-mar vivia isolada de qualquer vestígio de civilização por um mar de dunas, nos confins do Ceará, lá onde o mapa do Brasil faz a curva (literalmente). Aquela Jericoacoara dos pescadores, que seduziu o jovem francês Olivier Anquier no final da década de 1980, quando ele resolveu atravessar o Atlântico e se estabelecer de mala, cuia e panelas pra abrir seu primeiro restaurante da vida, cresceu e apareceu. Boa parte das ruelas continua de areia, é verdade. A paisagem recheada de lagoas de águas transparentes e formações rochosas imponentes também está lá. O sol segue se pondo majestosamente no mar e o vento, soprando forte — atraindo cada vez mais kite e windsurfistas do mundo inteiro. Mas, nos últimos anos, Jeri passou a ser páreo pra Noronha e Trancoso: piscinas de vidro transparente suspensas em varandas particulares de hotel, sunset parties com DJs, vinhos orgânicos, receitas com espumas e texturas excêntricas. A seguir, nossas dicas pra você curtir o novo e o clássico de Jeri.

DIA 1

16h
Primeira missão em Jeri: banho de descarrego

Pra chegar com o pé direito, vá direto dar um mergulho — de preferência, na praia mais perto da sua pousada ou seu hotel, que é pra não perder muito tempo e estar a postos para o primeiro programa obrigatório do dia: assistir o sol se pôr no mar num dos seus camarotes mais estratégicos.

17h
O pôr do sol mais lindo do Brasil: palmas para ele

O pôr do sol mais clássico de Jeri é visto do alto de uma duna de cerca de 30 metros que não sem razão se chama… Duna do Pôr do Sol. A formação, no canto esquerdo da praia principal da vila, recebe uma verdadeira peregrinação (fique atento com as aglomerações) todos os dias, a partir das 17h. É mesmo um espetáculo digno dos aplausos que recebe: o sol vai descendo devagarinho até se esconder totalmente no mar, antes das 18h. Missão cumprida!

Duna do Pôr do Sol | Foto: Phael Nogueira/iStock

21h
Onde comer em Jericoacoara: um jantar à luz de velas

Um gramofone aqui, um estrado enferrujado de molas ali, uma porta de demolição mais adiante. Por todo lado, buganvílias e plantas mil, um mix de móveis com cara de antigamente, lindas peças de artesanato e velas, muitas velas. O quintal do restaurante Na Casa Dela é um charme, com direito a chão de areia e comida regional no capricho (há duas unidades, mas a clássica das clássicas fica na Rua Principal). Pra começar, tem bolinho de macaxeira com queijo e casquinha de siri. Depois as opções passam por peixes na churrasqueira, carne de sol e versões mais internacionalizadas como o risoto de funghi com mignon. Pra encerrar, vá de sorvete de rapadura servido sobre banana frita. Ou deixe o doce pra depois, durante um passeio pelo centrinho da vila.

23h
Noite em Jeri: gelato italiano, pra começar

O centro de Jericoacoara fica animado à noite, com aquele eterno astral de fim de semana no interior (só que todo dia). Aproveite pra tomar um sorvete que não faria feio perto da febre dos italianos que se espalharam pelas metrópoles brasileiras. Na Gelato & Grano, os sabores vão dos tradicionais pistache, cheesecake e doce de leite a versões bem nordestinas, caso do de cajá, bacuri ou castanha de caju. 

Pedra Furada: cartão-postal de Jeri | Foto: Patrícia Goya/iStock

DIA 2

9h
Passeios clássicos de Jericoacoara: caminhada da Pedra Furada 

Dois caminhos levam ao principal cartão-postal de Jeri, a Pedra Furada (a famosa formação rochosa à beira-mar, com um buraco no meio): um pela praia, que só vale quando a maré está baixa, e outro pelo Morro do Serrote. Ambos duram cerca de meia hora, sendo que o do morro exige um pouco mais entre subida e descida. Vale a pena ir cedo pra fugir do fluxo dos passeios de buggy. Com tempo, dá pra continuar pela praia e ver outros belos cenários semelhantes, caso da Pedra do Frade

12h
ClubVentos: ferveção fit na praia

O ClubVentos é um mix de loja de aluguel de equipamentos – kite, wind, SUP –, restaurante e bar de praia que é dos melhores pedaços à beira-mar de Jeri. Dá pra se jogar nos esportes e até fazer umas aulinhas. Mas quem é mais samba e cerveja (do que suor) também se dá bem por aqui. O almoço, com buffet de salada e de pratos quentes, é famoso. Entre as delícias, tem peixe assado em folha de bananeira, arroz de coco, moqueca, torta de salmão, risoto de alho-poró com limão siciliano…

Kite na praia em frente ClubVentos | Foto: Divulgação

17h
Fim de tarde off duna: sunset party no Café Jeri

No finalzinho da tarde, quando for chegando a hora do sol se pôr, rume para o endereço mais agitado da vila, com DJs e vista do mar a céu aberto. No Café Jeri, néon, malabarismos e música eletrônica combinam com drinks em plena luz do (fim do) dia.

21h
Jantar de cidade grande em Jeri: a alta cozinha do Éllo

 Graças ao chef belga Hervé Witmeur, agora é possível se aventurar em menus degustação numa combinações inusitadas de ingredientes. A rua continua de areia, mas no Éllo prega-se a filosofia farm to table — aqui, mais apropriado seria sea to table — sob um teto de design que, através de ripas trançadas de madeira, lembra a forma das dunas locais. O projeto, assinado pelo escritório carioca Mareines, famoso pela arquitetura que privilegia as linhas orgânicas, é um espetáculo com direito a parede de plantas e piso com mosaico que lembra marchetaria. Entre os pratos, tartar de atum com sorvete de tapioca e wasabi, arrematado com chips de banana; lagosta com espuma de bottarga; e ravioli de caranguejo. De sobremesa, é famoso o duo quente e frio, que mistura creme de chocolate e sorvete de caramelo salgado. Os menus degustação costumam ter seis etapas. Recomenda-se fazer reserva com antecedência.

DIA 3

10h
Lagoa de Jijoca: praia de água doce

A praia mais gostosa de Jeri não fica à beira-mar. Aquelas fotos clichê de águas verdes transparentes, calminhas, com direito a rede molhada são todas feitas na Lagoa de Jijoca. Na época da cheia, ela é uma só, mas na seca ela se divide em duas: Lagoa Azul e Lagoa do Paraíso. Embarque numa jardineira rumo à segunda e encontre o seu próprio paraíso. Curte camas com tecidos brancos esvoaçantes que avançam água adentro e DJs? Então seu lugar é o Alchymist Beach Club. Prefere uma vibe mais tranquila debaixo de um cajueiro, com comida de primeira preparada por um italiano e quase ninguém na orla? Então vá direito para o restaurante da Pousada do Paulo e deixe o dia passar devagar.

O Buraco azul de Caiçara, a cerca de 20km de Jericoacoara, no Ceará | Foto: reprodução/@fortaljeri

15h
Buraco Azul: chuva de likes

Grandes acontecimentos costumam ser divisores de águas em destinos turísticos. Em Jeri, o ano de 2014, por exemplo, foi aquele que viu as piscinas flutuantes de vidro do Hotel Essenza inaugurarem; 2017, o ano do aeroporto próprio; 2019, a alta gastronomia; e esse 2020, apesar da pandemia, a vez do Buraco Azul (que na verdade são dois) entrarem na rota: um em Acaraú e outro em Caiçara, na cidade de Cruz. De um azul de doer a vista, ambos nasceram de forma artificial: são resultados de escavações cuja parte da areia foi utilizada para construir estradas vizinhas. Mas isso não diminui a beleza — e o sucesso turísticos — deles.

17h
Onde comer bem em Jeri: a última ceia

Um dos restaurantes mais queridos de Jericoacoara, o Tamarindo já é um clássico local. O menu não poderia ser mais variado — tem de pizza e massas a carnes e frutos do mar. São famosos o risoto cremoso de polvo e o camarão de sotaque oriental. O grand finale fica por conta do pudim de pistache. Ou das caipirinhas feitas no capricho (prove a de siriguela), imbatíveis pra noite nascer (ou morrer) feliz.

Foto de abertura:  Sébastien Goldberg on Unsplash

A vida é aqui fora!

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