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O que Larissa Colombo aprendeu após 3 meses em alto-mar entre a África e as Filipinas

Por
Laura Cesar
Em
11 julho, 2019

Quando não acontecem imprevistos, a vida em alto-mar é mansa e silenciosa. Uma tranquilidade sonora que somente é interferida pelos sons da natureza, como a água batendo no casco do barco ou os passarinhos cantando quando alguma terra é avistada. Nos três meses em alto-mar, o despertador de Larissa Colombo era a luz do sol, que começava numa paleta de cor suave e logo explodia num amarelo intenso. As refeições incluiam peixes pescados na hora, arroz e alguns tipos de enlatados. A diversão era contemplar a imensidão azul, pular na água quando a pele ardia e sentir o vento que batia na vela e fazia a magia do movimento acontecer. Isso quando não estava em terra firme explorando as culturas de diferentes povos, enfrentando alguma tempestade ou escrevendo num dos seus cadernos – que terminou a viagem no quarto volume, todos eles recheados de anotações. Numa produção do Canal Off, Larissa embarcou numa jornada de 3 meses rumo à Moçambique, Madagascar e Filipinas, protagonizando dois programas que em breve vão ao ar, e de aventuras que estão entre os sonhos de qualquer amante do verão. Aqui, ela compartilha com a gente algumas delas.

Larissa Colombo em uma das travessias

Serendipidades à bordo do Dhow Luna

Por azar – ou presente do destino – o catamarã que a levaria da Ilha de Moçambique rumo à Madagascar enfrentou uma tempestade no caminho, quebrou e não conseguiu pegá-la no tempo previsto. Provisoriamente veio então o Dhow Luna, embarcação de origem árabe construída manualmente no mesmo estilo de 500 anos atrás. À bordo do novo veleiro, Larissa vivenciou experiências peculiares. Entre elas, passagens emocionantes pela Ilha de Goa, que era um ponto estratégico de abastecimento de água doce das embarcações que iam e vinham pelo Oceano Índico, e pela Ilha de Ibo, onde recebeu a visita de mais de cinquenta golfinhos selvagens e teve o prazer de nadar pertinho deles.

Utilizando a Ilha de Moçambique como base para esse primeiro trecho da viagem, a tripulação velejou pelos arredores, fazendo amigos, explorando as paisagens e conhecendo os costumes de cada lugar. Por ser um país que tem o português como língua oficial, a troca com a população foi bem intensa. “As pessoas são muito receptivas e alegres. Na Ilha de Matemo estava acontecendo um casamento mulçumano e participei de um ritual com a noiva, onde as amigas preparam uma tintura com a planta Mussiro para celebrar o novo estado civil. Foi especial!”, conta.

Numa das ilhas de Moçambique prestes a desfrutar do prato do dia com as mãos

Um dos maiores prazeres da viagem pra Larissa, que há anos trabalha como health coach, foi conhecer a fundo a culinária local. Além de explorar os mantimentos à granel dos mercados, ela aprendeu a cozinhar o tradicional caril de coco (cozido de peixe com leite de coco, vegetais e tomate) e chima (farinha de milho e água) na areia de uma das ilhas com o mínimo de estrutura e recursos possíveis. “A melhor parte da viagem é quando você se entrega a ponto de viver como as pessoas de determinado lugar. É se permitir viver de outra forma. Comi com as mãos todos os dias. Foi uma experiência sensorial incrível”.

À bordo, Larissa desenhava, escrevia e colocava pra fora sentimentos e vivências internas

Um paraíso chamado Madagascar

Já acomodada no catamarã, a travessia seguiu até Madagascar. A certeza de que estava chegando ao paraíso ficou evidente ao colocar os pés em Nosy Iranja, “ilha onde tudo era tão claro que chegava a cegar os olhos. Areia, água e céu. Nunca tinha conhecido outro lugar como esse, e duvido que um dia eu conheça algo parecido”, afirma. Ela chegou de stand-up paddle e logo se acomodou numa cabaninha de palha de frente pro mar.

Diferentemente de Moçambique, que é mais arenoso, o país vizinho tem uma natureza selvagem, bem verde e rica em fauna e flora. Nesse sentido, a animação da DreamWorks retrata bem as paisagens da ilha, que apesar de serem mais fantasiosas no filme, não deixam de ser repletas de baobás, tartarugas gigantes e lêmuras em busca de bananas. “Por lá, só tivemos um pouco de dificuldade com a língua, já que não falo francês. A comunicação acontecia por meio de gestos, sorrisos e abraços.”

Balangay, a embarcação da expedição nas Filipinas

Sem pudor nas Filipinas

Dois meses se passaram e a próxima aventura a esperava: 30 dias à bordo do Balangay, réplica da embarcação mais antiga encontrada nas Filipinas, a cerca de 320 d.C. Sem banheiro, sem cama, sem cabine ou energia, Larissa seguiu viagem ao lado de duas pessoas da equipe de filmagem, quatro do elenco, o capitão, sua esposa e mais três tripulantes. Nesse trajeto da viagem, também havia um barco de apoio com dez pessoas da guarda costeira do país para escoltá-los. A região, deserta e menos turística, é conhecida pelos piratas do mar. Por lá, a atenção tinha que ser redobrada.

“As ilhas das Filipinas são intocadas, aquela coisa que parece que nunca alguém chegou e tirou uma árvore do lugar. A céu aberto, acordava e dormia na mesma sintonia que a natureza”. Durante a terceira expedição, além de conhecer lugares incríveis como Palawan, Tara Island, Twin e Blue Lagoon, Larissa aprendeu a compartilhar de maneira mais intensa espaços, objetos, vivências e sentimentos com toda a equipe à bordo.

Os bastidores da gravação em Filipinas

Com menos amarras, crenças e pudor, Larissa agora segue viagem em Florianópolis, onde divide casa com Tiago Azzi, companheiro que conheceu durante a expedição. Desde que voltaram à rotina, a dupla colocou como meta sair do automático, se envolvendo em causas ambientais e buscando uma rotina mais sustentável. A nova fase de descobertas, eles compartilham no instagram Eu Cuido de Você (@eucuidoevoce). “Esses meses no veleiro me ensinaram que a vida pode ser simples. Também abriu espaço pra contemplar mais a natureza e ter tempo pra, de fato, se relacionar com ela. Quando voltei, queria me engajar com isso. Estou no caminho”, afirma.

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