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Paula P Rezende: sereias, seres mágicos e o protagonismo feminino

Por
Rafaela Mercaldo
Em
3 abril, 2019
Em parceria com

Arte como felicidade e troca entre pessoas. Arte para se conectar com as crianças, os agentes da transformação do futuro. Sonhos, conversas e casualidades como material para criar o universo lúdico e colorido da paulistana Paula P Rezende (@paulaprezende) – assim mesmo, abreviado sem o ponto. Suas sereias e peixes-gato colorem muros na Lapa, na Vila Mariana, em Montreal no Canadá. Trazem visibilidade e auto-estima para carroças de catadores de materiais recicláveis. Podem ser vistas em grandes exposições, como no CCBB ou no MIS. São seres mágicos e improváveis, como um mundo ideal, com liberdade, igualdade e justiça. “O impossível está aí pra gente criar e fazer existir”.

Quem é Paula P Rezende?
Sou mulher, LGBT, artista que não para de pensar. Penso em um mundo melhor, em um mundo mais colorido, de igualdade, de diversidade, de justiça, em que todos podem ser livres e viver dias de paz. Acho que sou uma criança que esqueceu de crescer. Ou um adulto que se lembra de ser criança todos os dias. Eu desejo um mundo com mais magia.

Quando se deu conta que tinha veia criativa?
Quando criança eu pintava as paredes do meu quarto, fazia meus próprios jogos de tabuleiro e brinquedos. Eu nunca fiz curso de desenho ou artes, mas tinha ideias, muitas ideias. Fui crescendo e a vida foi tirando isso de mim: na escola temos provas, no trabalho perdemos o tempo e na vida adulta temos preocupações e obrigações. A sociedade impõe um padrão de vida e a criatividade, a arte e a magia vão ficando em segundo plano. Quando me dei conta disso, comecei a desenhar mais e mais o que estava dentro de mim. Percebi então que assim eu conseguia entender minhas dores, medos, sentimentos e sonhos. Percebi que arte me fazia bem e que ela poderia ser meu meio de conexão com a cidade, com as pessoas e meu jeito de mudar um pouquinho do mundo. Aos 29 anos, larguei trabalho fixo, arregacei as mangas e comecei a pintar na rua, isso mudou realmente a minha vida. A arte virou uma extensão de mim, meu trabalho, meu ar e a energia da minha alma.

Quais foram seus primeiros contatos com os desenhos e a ilustração?
Pessoalmente, na infância, e profissionalmente quando comecei a entender que isso poderia se tornar o meu trabalho, por volta de 2012.

Quais foram os primeiros e também os mais importantes projetos profissionais?
Os primeiros trabalhos são também os dos mais importantes para mim! Foi uma oficina que dei para crianças para com materiais recicláveis o Pimp My Carroça (@pimpmycarroca), movimento que ainda hoje eu consigo ajudar através da minha arte. Fazer parte do coletivo Efêmmeras (@efemmeras), também é bem importante para mim, somos 50 mulheres artistas e unidas.

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Como define seu estilo?
Um estilo livre de estética e simples na execução. Um estilo que reflete sentimentos, momentos e movimentos. Um estilo lúdico, pois um dos meus objetivos é também conversar com as crianças, elas são nosso futuro.

Você costuma ter um tema principal ou recorrente?
Sim! Muita sereia, muita mulher e um peixe-gato em um universo cheio de estrelas e muita água.

Quais são suas grandes inspirações na hora de criar?
São as coisas simples da vida, as coisas que eu gosto: sonhos, fantasias e coisas que gostaria que fossem verdades (liberdade, igualdade, justiça).

Quem gosta de citar como referências?
Eu amo Tarsila do Amaral, porque eu amo relembrar minhas aulas de artes da escola, voltar no tempo e perceber o caminho que a arte tomou de lá até hoje.

O que é indispensável te acompanhar na hora que está criando?
Um chá gelado e uma boa música.

Você leva outras atividades além do trabalho criativo?
Eu amo o universo infantil, então trabalho muito com esse público com consultorias, concepção de eventos e oficinas. Também faço alguns trabalhos de planejamento de comunicação, minha área de formação, que tem ainda tem um espaço no meu dia a dia.

O que podemos esperar para 2019?
Eu espero mais amor e mais justiça. E eu vou me dedicar para mostrar isso com a minha arte.

Conta um pouco pra gente sobre o trabalho escolhido para circular na plataforma da LIVO?
O meu trabalho para LIVO foi feito em homenagem às crianças. Minha ideia foi propor um universo colorido e improvável de adultos livres e felizes, como são as crianças. Tem adulto andando de patins, tem adulto na bóia, tem adulto se divertindo na piscina, arco-íris e um monte de peixe gato pra mostrar que o impossível está aí pra gente criar e fazer existir! Esse trabalho foi muito especial, pois todos os meus personagens usam óculos, assim como eu, assim como a LIVO. 🙂

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Aos Inquietos

A LIVO acredita no poder das conexões. Que boas ideias são transformadoras. E que o mundo é colaborativo. Por isso, criou o canal "Aos Inquietos", junto com o The Summer Hunter, para contar quem são os criativos que estão circulando arte sob um novo ponto de vista. Onde? Nas flanelas que acompanham todos os óculos da LIVO é possível ver os trabalhos de gente criativa e inquieta. Gente de talento e visão. Vem ver. Leia todos os posts aqui.
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