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Tom Barreto: experimentações no audiovisual sob um olhar empático

Por
Rafaela Mercaldo
Em parceria com
true

O infinito particular do fotógrafo paulistano estampado nas flanelas que acompanham os óculos da Livo nestes últimos meses de 2021.

Se você se lembra do mundo pré-pandemia, vai se lembrar da figura onipresente de qualquer boa balada, o “fotógrafo do rolê”. Estimulado desde criança por um pai apaixonado por câmeras e filmadoras, Tom Barreto (@tom_barreto) começou clicando festas. Mas elas foram só as rampas propulsoras de uma carreira na fotografia. O audiovisual é hoje sua plataforma de uma pesquisa abrangente, cheia de referências que atravessam sua geração Z, seja na moda e na música, seja na cultura de internet e na sociologia.

Quem é Tom Barreto?

Profissional da arte que traduz o mundo sob uma perspectiva empática por meio do suporte audiovisual e da escrita. 

Quando você se deu conta que tinha veia criativa?

Meu pai tem uma frase que sempre ecoa na minha mente: “Você é a primeira geração (da nossa família) que pode ser artista”. Isso porque o meu contexto familiar é o seguinte: minha avó é artista plástica, meu avô foi circense, minha mãe é artesã e artista plástica, e meu pai é músico e fotógrafo. Porém, por conta de cenários econômicos e sociais, além de diversos outros fatores, eles nunca exerceram suas artes profissionalmente e, mesmo não me criando com tal direcionamento, desde sempre tive ao meu redor referências para lá de sensíveis e artísticas. 

Quais foram seus primeiros contatos com a fotografia? 

Ocorreram desde muito cedo por conta dessa vontade do meu pai de clicar e gravar tudo. Mas se eu puder marcar alguns momentos, acredito que comecei a identificar e estudar fotografia de fato a partir da minha pré-adolescência, quando eu comecei a me interessar e estudar muito Photoshop (nessa época cheguei a ser moderador de um fórum de design e downloads chamado GSMFans). Depois, no ensino médio, com as câmeras do meu pai, passei a ser o “fotógrafo do rolê”, levando a câmera para todo canto da minha cidade natal, Taubaté, no interior de São Paulo; Taubaté. Foi lá, entre 2013 e 2014, onde surgiram os primeiros trabalhos em festas, casamento, ensaios etc. Desde o contato como “fotógrafo do rolê”, eu nunca mais deixei de clicar. 

Tom Barreto | Foto: KAO (@________kao)

Quais foram os primeiros e também os mais importantes projetos profissionais? 

Com certeza a exposição “Sem Amarras do Sentir”, que fiz em 2016 em Taubaté, marcou bastante minha vida, pois vi — de forma física e não apenas virtual — as pessoas interagindo com minha arte e percebi como ela pode, de fato, causar impacto a quem a recebe e tem uma experiência com ela. Poderia citar alguns, dentre os mais importantes da vida, mas, para ser sintético, acho que um que me marcou bastante foi o que realizei para a marca Anacê, para o SPFW deste ano de 2021. Foi a estreia da Cecília [Gromann] e da Ana [Clara Watanabe] nesse evento e foi muito bacana fazer parte disso. 

Você costuma ter um tema principal ou recorrente? 

No meu trabalho autoral, sim. Parto sempre de palavras, mitos e livros, esmiuçando essas temáticas em imagens. Isso na base teórica. Já na base estética comum, há sempre uma soma de experimentações e a necessidade de somar o mundo físico com o digital, colidindo em experimentações únicas. Isso é visível nas séries “Jardim Virtual” e “Liquidez” (esta tem como base a obra do sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman). 

Quem são suas referências? 

Gosto muito de buscar na música, seja na atmosfera criada pelas melodias, seja nos clipes. Posso citar algumas referências internacionais, como Tyler The Creator, Gus Dapperton, FKJ e, no Brasil, alguns amigos da cena musical, como Myung e Camilo Frade que também me inspiram. Já no contexto audiovisual e moda, tenho muito carinho pelo trabalho da dupla Mar+Vin, que são grandes amigos; pela Anacê, que sempre traz um teor de novidade para as coleções; Maria Fernanda Salazar, com seu styling sóbrio e chique; Tate Wasabi, extremamente presente na pesquisa interna e cultural na sua marca Tansu, e Georgia Young Lee, que traz um olhar novo e com teor chique e, ao mesmo tempo, megaconfortável para suas peças na Hyun Studio. Vale ressaltar também a importante presença do João Janot, meu assistente fixo e parceiro de trabalhos, que, decerto, faz meu trabalho chegar a outros locais. Esses e diversos outros artistas me inspiram diariamente, nessa troca intensa que é o mundo virtual e físico. 

O que podemos esperar como próximos projetos? Existe algo novo que você esteja planejando ou deseja tirar do papel em 2022? 

Um dos próximos projetos que tomou forma neste ano, e que vai desaguar de forma mais presente em 2022, é o da minha loja de obras, onde trabalho muito sobre o que citei, na temática recorrente do físico com o digital. Já outro que tenho investido bastante atenção é a criação de fashion films. Até o final do ano devem rolar novidades nesse aspecto do vídeo e espero realizar outros no ano que vem. A pesquisa e estudos são diários — gosto muito de experimentações de todo o tipo e, como digo no início, utilizo o audiovisual como plataforma e suporte da minha pesquisa, nunca tentando enxergá-la limitada a esse suporte ou “caixinha” da sua nomenclatura, sempre buscando referências em todos os campos do saber. 

Conte um pouco sobre a foto escolhida para circular na plataforma LIVO. 

Essa foto me remete aos melhores sentimentos. Ela foi tirada durante as férias, quando vim passar uns dias com minha família em Ubatuba, na época em que eu estava morando e estudando em Portugal. Ela me remete exatamente a esse desejo de verão, de sol, de vida, de novos ares e expectativas, e, como a moldura sugere, um momento de reflexão e de apreciação da vida e da natureza. Exigências tão necessárias em tempos extremamente inseguros nos âmbitos ecológico e político. Que o futuro possa nos mostrar novos ares e melhores políticas em todos os termos sociais e ambientais.


Aos Inquietos

A LIVO acredita no poder das conexões. Que boas ideias são transformadoras. E que o mundo é colaborativo. Por isso, criou o canal "Aos Inquietos", junto com o The Summer Hunter, para contar quem são os criativos que estão circulando arte sob um novo ponto de vista. Onde? Nas flanelas que acompanham todos os óculos da LIVO é possível ver os trabalhos de gente criativa e inquieta. Gente de talento e visão. Vem ver. Leia todos os posts aqui.
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