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A arte movida a sol, vento e mar de Marcella Riani

Por
Mariana Weber
Em
11 novembro, 2019
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Suas obras surgem de mergulhos no mar, horas de surfe, viagens a vela — e transportam esse universo aquático para telas, paredes, pranchas, tecidos.

Marcella Riani, 33 anos, desenha levada pelo vento e pela água. Suas obras surgem de mergulhos no mar, horas de surfe, viagens a vela — e transportam esse universo aquático para telas, paredes, pranchas, tecidos. Tanto em criações autorais como em parcerias comerciais, como uma linha de móveis que estampou para o designer Fernando Jaeger. Suas formas cheias de movimento também já ocuparam a cenografia do SPFW, os vidros da área da piscina do Sesc Pinheiros, o hotel Selina da Vila Madalena.

Paulistana abastecida de maresia desde a infância por idas frequentes às praias de São Sebastião, Marcella adotou o Ceará depois de viajar ao Estado pra estudar rendas cearenses, em 2012, pro trabalho de conclusão de curso de design gráfico na Faap. “Lá aprendi a velejar de kite, foi uma paixonite.”

Não é só mais um esporte. O tempo dentro da água faz parte do processo criativo de Marcella (@marcella.riani). Porque velejando — ou surfando, ou nadando — ela se abastece de imagens e deixa a cabeça fluir.  “Uso muito pra pensar na vida”, diz a artista. “Se tenho uma questão, vou velejar ou surfar e resolvo. Sem contar que a observação da paisagem e do movimento da água é muito inspiradora.”

Em 2016, a artista se mudou pra Jericoacoara, e hoje em dia, por causa dos trabalhos, se divide entre a vila cearense, São Paulo e onde o mundo chamar. “Não tenho muito um lugar, sou meio nômade”, diz. “Gosto de ser livre.”

Com essa liberdade, buscou uma residência artística na Itália em junho de 2019. À beira do lago de Mergozzo, pintou o mural Água, Filha da Terra (abaixo). Também teve tempo de viajar e encontrar nas construções e na água de Veneza a paleta de cores que costuma usar.  “As cores terciárias são as que mais me agradam. As que têm mais cinza.”

Em Nice, na França, uma visita ao Museu Matisse, cinco anos atrás, acabou refletida numa obra recente. “Amo Matisse. Comecei a fazer recortes depois de visitar o museu e ver os recortes dele. Como pode algo tão simples e tão lindo? Parece um som de tão gráfico.” Uma obra em especial, La Piscine, com recortes de formas de movimentos da água, inspirou um mural que Marcella foi chamada pra fazer numa casa. “Era num muro que dava bem na água. Eu quis fazer uma homenagem à água, mas foi treta, porque a gente teve que montar o andaime dentro da piscina. Estava meio frio e eu tinha que ficar dentro da água umas horas. Foram uns quatro, cinco dias disso.”

Marcella pinta de porcelanas a telas, sem esquecer de pranchas de surfe (em parceria com um amigo shaper), mas adora especialmente as grandes superfícies. “Gosto quando a obra ganha uma escala monumental e passa a fazer parte da vida das pessoas, tipo um cenário.”

Entre seus planos pro futuro, estão velejar muito, melhorar no surfe e espalhar seus cenários por aí. “Quero levar meu trabalho pro mundo inteiro.” Talvez a próxima parada seja a Costa Rica, pra desenhar e surfar. “A qualquer lugar que eu vou levo as coisas do trabalho. Está tudo misturado.”

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