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Muay thai, lixo zero e comida vegana: a Península de Maraú, na Bahia, pelo olhar de Larissa Colombo

Por
Adriana Setti
Em parceria com

Militando por uma relação mais sustentável com a natureza, a educadora ecológica revela seus picos favoritos em seu refúgio baiano e explica como causar o menor impacto possível no paraíso.

Em 2018, Larissa Colombo passou três meses em alto-mar entre a África e as Filipinas, participando de duas séries produzidas pelo Canal Off. Navegando em barcos a vela (entre eles a réplica de um veleiro milenar), ela conheceu lugares incríveis, como o arquipélago filipino de Palawan e Madagascar. Mas foi topando com areias cobertas de plástico em ilhas inabitadas que ela teve o insight que transformaria a sua vida em terra firme. “Passar esse tempo sem nenhum artifício, com tudo muito nu e cru, fez com que também fosse me descascando e chegando à minha essência”, diz a educadora ecológica, que milita por uma relação mais sustentável com a natureza através da alimentação e ensina a compostar, reciclar, identificar PANCs (plantas alimentícias não convencionais) e aplicar os preceitos da agrofloresta. “Entender que eu era parte daquele problema fez com que me sentisse muito negligente sobre a questão do lixo. A partir dali, toda a busca que sempre tive por saber de onde vem o meu alimento acabou se estendendo a outras áreas da minha vida”. 

A Península de Maraú, na Bahia, vista do alto: tudo é intenso ali | Créditos: Arquivo pessoal

Também foi durante a expedição nas Filipinas que a apresentadora conheceu o diretor de fotografia Tiago Azzi, com quem divide teto e os projetos da Muda Company, uma produtora focada em contar histórias inspiradoras de pessoas que se dedicam a transformar a relação com a natureza. “A vida vale muito mais a pena quando a gente compartilha o que aprende e ajuda a mudar o que antes parecia uma regra”, diz Larissa. Há dois meses, o casal realizou o sonho que simboliza seu projeto de vida: morar numa casinha no meio do mato, a uma trilha da praia, em Florianópolis. Mesmo instalados no paraíso, sempre que podem eles escapam à Península de Maraú, na Bahia. A seguir, Larissa dá as dicas pra comer açaí direto do pé, surfar e pedalar na praia, gerando o mínimo e impacto.

 Por que Maraú?

“Como diria Gil, a Bahia já me deu régua e compasso, porque me toca muito. É um recorte do país que representa a alegria e o acolhimento do brasileiro”, diz Larissa, apaixonada pelo calor baiano. “Tudo lá é muito intenso, das comidas às belezas naturais. Em Maraú, é lindo olhar pro horizonte e ver aquela faixa de areia muito extensa, com aquele marzão tão límpido”. 

Como ser um viajante responsável na Península de Maraú

Em primeiro lugar, sabendo que Maraú não tem coleta seletiva e que todo e qualquer lixo gerado lá é levado a um lixão próximo. “É preciso entender a importância de limitar o seu consumo de produtos com embalagem a aquilo que for realmente necessário e, se possível, carregar o seu lixo com você”, diz Larissa, que já chegou a sair de Algodões com o carro lotado plástico e outros resíduos, pra entregá-los a uma cooperativa (o ponto de coleta seletiva Riqueza do Lixo fica na BR-101, na altura do km 35, pouco antes da entrada de Serra Grande). “Quando viajo a lugares remotos, encho a bag da prancha com lixo seco e trago comigo pra Floripa”, conta a educadora ecológica. Outro fator importante é usar produtos de autocuidado, como desodorante e xampu biodegradáveis. “Pode parecer radical, mas sempre faço minha própria composteira por onde passo. É a coisa mais fácil do mundo, você só precisa de folhas secas e terra”, ensina. 

Por onde passa, Larissa sempre faz sua própria composteira. Em Maraú, que não tem coleta seletiva, a iniciativa é ainda mais importante

Airbnb lixo zero na Península de Maraú

Militante da causa do Lixo Zero na Península de Maraú, Gabrielle Kull (@casa_lixozero) recebe viajantes em um bangalô praticamente sem paredes e com cama suspensa, na praia de Algodões. Durante a estada, ela ensina como ter uma boa qualidade de vida sem consumir além do necessário ou gerar lixo. 

Pousadas ecológicas em Algodões

Praia preferida de Larissa em Maraú, Algodões concentra várias pousadas de proposta sustentável. Erguida com telhas e madeira de demolição em meio a um coqueiral, a Casa dos Arandis (@casadosarandisbahia) tem uma casa e quatro bangalôs pertinho do mar, com spa, sala de yoga e restaurante com produtos orgânicos. Na mesma praia, a Villa Elemental (@elementalecovilla) é uma casa sustentável com acesso privado à areia e cercada de verde. Construída com materiais ecológicos certificados, tem energia solar, sistema de tratamento de resíduos, entre outras boas práticas. Ela também recomenda a pousada Na Villa dos Algodões (@navilladosalgodoes), onde os sete chalés, com varanda e rede, estão espalhados em um enorme jardim com piscina de frente pro mar. 

Vista para o oeste da Casa dos Arandis, em Maraú | Crédito: @casadosarandisbahia

Onde comer em Algodões

Larissa é fã do Massala Cozinha Natural (@massalacozinhanatural), um restaurante vegano famoso pelo hambúrguer sem carne. Também tem sucos, açaí e cerveja artesanal, pé na areia e — eventualmente — com música ao vivo. Ela também bate ponto no Afrodite Pizza Bar (@afroditepizzabar), que serve boas redondas num jardim espetacular, ao lado da lagoa e à luz de velas. Pra uma comidinha baiana caseira, ela vai direto ao Quintal da Val, onde moquecas, peixe fresco e pratos vegetarianos são servidos entre árvores, samambaias e outras lindezas do quintal da cozinheira.

Onde tomar café da manhã em Algodões

Num ambiente aconchegante e cheio de cores que é a cara de Algodões, o café da manhã sarado da guest house Boki da Zezé (@bokidazeze) tem pães e bolos artesanais, sucos, tapioca, docinhos caseiros, frutas e outras delícias. 

Onde comer e beber pé na areia

Com um deck de frente pro mar cercado de coqueiros altíssimos e mesinhas baixas à sombra de velas brancas, o Tikal (@tikalpraiabar) serve petiscos, drinks e Corona gelada. 

Fim de tarde perfeito em Algodões

“Recomendo muito visitar o Sítio do Outrito (@sitio.do.outeiro), onde Marisa e Márcio, um casal de artistas, tem um projeto agroflorestal e prepara o açaí com menos impacto de carbono que você vai tomar na sua vida”, diz Larissa. A fruta é colhida no pé, transportada de carrinho de mão, processada in loco e servida no pote com nibs de cacau e crisp de coco de produção própria.  “O tour pra conhecer a parte de bioconstrução e agroflorestal também é incrível”. Dentro da propriedade, um mirante revela uma das vistas mais espetaculares da Península de Maraú, ideal pra um fim de tarde perfeito. 

Maraú tem o tamanho ideal de mar para quem está aprendendo a surfar, a exemplo de Larissa

O que fazer na Península de Maraú

“É hipnotizante sair de barco por aquelas águas claras”, diz Larissa, que aprendeu a surfar recentemente e também aproveita as viagens a Maraú pra praticar o esporte. “Como o banco de areia de Maraú é bem firme, andar de bike na praia de manhã também é uma delícia”. A educadora ecológica costuma fazer todos os passeios com a Marruá Esportes Natureza (@marruaesportesnatureza), que ainda aluga bikes e pranchas. Pra uma dose extra de suor, ela curte as aulas de muay thai da Letícia, na Pousada Sítio Corais (@pousadasitiocorais). 

Artesanato do Seu Manoel, na Península de Maraú, na Bahia: peças lindas e únicas produzidas por ele e sua companheira

O que comprar em Algodões

“Passei uma tarde aprendendo a arte do tear no Artesanato do Seu Manoel, um artesão local que, ao lado da sua companheira, trabalha com samambaia e fibras do açaizeiro, fazendo coisas lindas, como luminárias, mandalas, apoios de pratos, entre outras peças”, diz Larissa, que desde pequena adora ouvir histórias e aprender com as pessoas que cruzam o seu caminho. “Ele aprendeu a tecer com o pai e faz questão de continuar ensinando as pessoas da comunidade”. 


A vida é aqui fora!

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