Entenda o movimento do clean beauty, ou cosméticos naturais ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
O termo clean beauty (“beleza limpa”) vem sendo utilizado desde os anos 1990, mas ainda não tem contornos totalmente definidos. Geralmente se refere a marcas com produtos que só utilizam ingredientes naturais (logo, biodegradáveis) em sua composição. Alguns deles podem ser orgânicos, com produção socialmente responsável. E isso pode incluir a sustentabilidade em toda a cadeia, como a preocupação com o resíduo das embalagens (vide a tendência de shampoos em barra) e a compensação de carbono na produção e na entrega. Também há marcas consideradas “clean beauty” que não têm fórmulas 100% naturais, mas restringem o uso de substâncias comprovadas ou suspeitas de serem nocivas pro corpo e o meio ambiente (como sulfatos e alguns conservantes sintéticos). Muitas das marcas também são veganas, ou seja, não utilizam ativos de origem animal nem fazem testes em animais. Mas nem todo cosmético vegano se enquadra nesses outros aspectos da “beleza limpa”. Definições à parte, o mercado de produtos de beleza “limpa” nunca foi tão grande. Entenda esse movimento.
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Nos EUA, um levantamento de 2021 feito pela Nielsen mostra que esses produtos movimentaram US$ 406 milhões no país — crescimento de 8,1% em relação ao ano anterior. Bem mais que o mercado total de beleza e cuidados pessoais, que cresceu apenas 2%. No Brasil, o mercado foi estimado em R$ 10 bilhões em 2020 pela pesquisa Natural Personal Care, realizada pela consultoria Factor Kline, e deve chegar a 2025 com receita na casa dos R$ 17 bilhões. E a Euromonitor Beauty and Personal Care 2020 Brasil mostrou que, assim como rolou nos EUA, o mercado de cosméticos convencionais cresceu em média 5%, enquanto o dos “limpos” cresceu 10% no mesmo período. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abiphec), os consumidores estão mais críticos tanto quanto ao modelo de atuação das empresas, como aos produtos ofertados por elas, a forma que são produzidos, quais ingredientes são utilizados e como são embalados. “A forma como as pessoas buscam os produtos pra uso pessoal e autocuidado está mudando e há um aumento do engajamento nas escolhas que priorizam a saúde do corpo e do planeta”, informou a associação à CNN Brasil.
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Substâncias problemáticas
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Alergias, ressecamentos, infertilidade e até câncer já foram ligados ao uso de algumas substâncias presentes em cosméticos convencionais. Essa indústria usa mais de 10 mil POPs (Poluentes Orgânicos Persistentes), que são altamente resistentes à degradação e podem se acumular no meio ambiente e no organismo humano. A benzofenona-3, por exemplo, presente na grande maioria dos protetores solares, tem sido relacionada com distúrbios endócrinos e danos a recifes de corais. Não há, porém, consenso científico sobre a toxicidade de muitos ingredientes e a consequência de uso a longo prazo, ainda mais se combinados entre si. Faltam estudos, transparência e regulação, como mostra esta reportagem do jornal britânico The Guardian. Avanços em pesquisas já fizeram com que muitas marcas parassem de usar algumas substâncias (algumas delas já proibidas na União Europeia): na última década, essas empresas baniram parabenos, ftalatos, triclosan e metilisotiazolinona. Outros impactos são bastante evidentes, principalmente a poluição gerada pelo acúmulo de lixo plástico das embalagens.
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Um case do mercado nacional é a Simple Organic, de cosméticos naturais, veganos e orgânicos, que foi comprada pela farmacêutica Hypera. Outro é a Quintal Dermocosméticos, primeira empresa de “clean beauty” brasileira a ser vendida na rede mundial de lojas da Sephora. Mas há um sem-fim de marcas, maiores e menores, na mesma toada. A maior oferta de produtos “limpos” têm refletido nos preços, que estão ficando mais competitivos, juntamente com uma expansão de espaços de venda. No entanto, ainda é difícil encontrar a maioria deles nas prateleiras de farmácias e supermercados.
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Greenwashing, sempre isso
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Como acontece em outros setores, o greenwashing, ou falso discurso de sustentabilidade, tem sido forte nesse meio. Como é de se imaginar, embalagens com ilustrações de plantas não são garantia de “clean beauty”. No Brasil, não existe nenhuma legislação ou regulação pra especificar que um produto cosmético é “limpo”. Por isso, as empresas acabam se baseando nas regras das certificadoras, como a Ecocert e a IBD. Também existem selos que indicam marcas “cruelty-free” e neutras em emissões de carbono. Pra saber mais, há algumas dermatologistas adeptas ao movimento dos cosméticos naturais (que, de quebra, dão bastante informação nas redes sociais), como Monalisa Nunes, Patricia Silveira e Grace Marzano. A jornalista Nyle Ferrari dá caminhos para a beleza natural e analisa marcas em seu perfil.
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