Nossa data de nascimento não deve limitar nossos sonhos e estilo de vida. ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
Nas últimas semanas, as discussões sobre envelhecimento e etarismo se mantiveram no topo dos trending topics das redes sociais e nas conversas do dia a dia. O assunto começou a ganhar espaço quando, aos 60 anos, a atriz malaia Michelle Yeoh se tornou a primeira mulher asiática a ganhar o Oscar de melhor atriz pelo seu papel em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Em seu discurso, ela mandou o recado pra Hollywood e pro mundo: “Mulheres, nunca deixem ninguém dizer que a sua melhor fase já passou.” No entanto, a discussão pegou fogo mesmo quando um vídeo de três estudantes debochando de uma colega de classe por ter “mais de 40 anos” viralizou nas redes sociais. Na gravação, as ex-universitárias de biomedicina de Bauru (SP) dizem frases como “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?” e “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. Patrícia Linares, estudante hostilizada, não só continua na faculdade, como ganhou uma bolsa de estudos pra realizar um intercâmbio no Reino Unido.
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O etarismo – também chamado de idadismo ou velhofobia – pode se mostrar de várias formas no cotidiano. Por exemplo: achar que uma pessoa não é capaz de executar algo apenas por sua idade, dizer que alguém está “velho demais” pra fazer algo ou até mesmo ligar pessoas mais velhas a estereótipos, como quando um idoso é infantilizado. Também existem as formas mais diretas, como casos de violência física, verbal e psicológica. Segundo a antropóloga especialista em envelhecimento Mirian Goldenberg, uma das principais causas do etarismo é o verdadeiro pânico que os mais jovens têm de envelhecer. “Nós somos uma cultura que propaga que a juventude é um valor. Que só a juventude é bela, só a juventude é produtiva, só a juventude é sensual, só a juventude é interessante. A velhofobia é um resultado desse pânico de envelhecer em uma cultura que existe uma verdadeira ditadura da juventude”, disse ao podcast Café da Manhã, da Folha de S. Paulo. O etarismo abala muito a saúde mental, podendo levar a um isolamento e até a quadros clínicos como a depressão. Mas não para por aí. Um relatório divulgado pela a Organização Mundial da Saúde em 2021 mostra que vítimas desse tipo de discriminação têm maior tendência a desenvolver doenças cardiovasculares e cognitivas. E o sistema de saúde, que deveria ter o papel de ajudar, pode piorar essa realidade: segundo a Pesquisa Idosos no Brasil, 18% dos entrevistados disseram que já foram discriminados ou maltratados em um serviço de saúde.
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Com uma expectativa de vida mais alta, vivemos um aumento do número de pessoas idosas no mundo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 13% da população brasileira tem mais de 60 anos de idade. Os mesmos dados apontam que, em 2031, o país será formado por mais idosos do que crianças. E se antes as pessoas — principalmente as mulheres — tinham o hábito de esconder a idade quando perguntadas, hoje existe um certo orgulho por parte de muitas delas em dizer a a data estampada no RG. Por conta dessas e outras questões, as fronteiras entre meia-idade e terceira idade são cada vez mais nebulosas. Em um questionário respondido de forma online por mais de meio milhão de pessoas em 2018, participantes que tinham entre 20 e 30 anos responderam que, em média, a meia-idade começava aos 40 anos, enquanto a velhice tinha início aos 62. Em contrapartida, os maiores de 65 anos não pensavam que se chegava à velhice antes dos 71 anos. No entanto, mais do que definir esses limites, vale pensar: É importante distinguir essas fases, e falar delas com orgulho? Ou são apenas uma forma de colocar as pessoas em certas classificações e dizer – mesmo que implicitamente – quais comportamentos elas podem ou não ter?
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É impossível negar que existe um lado duro em envelhecer. A passagem do tempo pode vir acompanhada de dores, da perda da mobilidade e de preocupações com a aposentadoria ou a finitude. E, apesar de avançarmos muito em vários sentidos, ainda há uma pressão estética enorme em torno do envelhecimento, especialmente pras mulheres. Esconder os cabelos brancos, tratamentos de pele e outros mil procedimentos estéticos “preventivos” estão aí pra provar. Além disso, não dá pra envelhecer bem sem ter uma boa qualidade de vida. O Mapa da Desigualdade de 2022 de São Paulo apontou que moradores de bairros nobres da capital paulista podem viver até 21 anos a mais dos que moram em áreas periféricas. Um grande período de espera pra obter um atendimento médico, condições de moradia precárias e trabalhos que exigem uma maior força física são apenas alguns dos motivos que fazem com que aproveitar a velhice ainda seja uma realidade pra poucos no Brasil.
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Embora o envelhecimento seja obviamente biológico, ele também é um estado de espírito. E as duas coisas estão interligadas. Estudos recentes revelaram que as pessoas que se sentem mais jovens “de espírito” do que suas idades cronológicas tendem a ser mais saudáveis e psicologicamente mais resilientes do que aquelas que se sentem mais velhas. De certa forma, dizem os especialistas, você realmente "é tão velho quanto sente que é". Também existem muitas coisas que só aprendemos com o passar dos anos. No livro Liberdade, Felicidade e Foda-se, Mirian Goldenberg afirma que, apesar do medo de envelherer, após completarem 60 anos, principalmente as mulheres afirmam que esse é o melhor momento de suas vidas. Isso porque elas se sentem mais livres dos julgamentos dos outros, podendo finalmente fazer o que desejam. Aqui, algumas outras lições que vem com a idade e que ex-estudantes de Bauru poderiam ter aprendido com a colega de classe:
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- A dizer não quanto tiver vontade;
- A não ter muitas certezas e mudar de ideia;
- A cansar e pedir ajuda;
- A dar a real sobre o que está sentindo;
- A não perder tempo;
- A não carregar peso (tanto físico quanto espiritual);
- Que você não é o centro do mundo… E isso é ÓTIMO!
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