Pode até parecer fraqueza... mas é sinal de que você está disposto a aprender e a amadurecer. ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
Na infância, nossos gostos e crenças costumam ser um reflexo do que nossos pais – ou as pessoas que nos criaram – gostam e acreditam. Com a chegada da adolescência e o início da vida adulta, vamos conhecendo mais gente, criando relações por afinidade, percepções religiosas e políticas. E também músicas que gostamos e ideais. Os objetivos de vida tendem a mudar. O problema é que, a partir da vida adulta, mudar de ideia parece tomar outra conotação. Além de ser lido como sinônimo de fraqueza – afinal, você não foi “forte o bastante” pra defender o que acredita – tendemos a duvidar de alguém que diz repensar suas posições sobre algum assunto. É como se aquela máxima de que estamos em constante evolução e em desenvolvimento ficasse apenas nos livros e nas postagens do Instagram. No entanto, ao contrário do que se pensa, mudar de opinião pode ser sinônimo de inteligência. Aqui, a gente explica por que é tão difícil “dar o braço a torcer” e por que vale a pena tentar.
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Os motivos pelos quais relutamos em mudar de opinião são vários. Ao dar o braço a torcer, tememos demonstrar fraqueza, indecisão, falta de personalidade ou até de caráter. Coletivamente, tendemos a admirar uma pessoa que se mantém firme e consegue sobrepor sua opinião à de outra, aquele ser que desde sempre parece defender aquilo que discursa hoje.
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Um bom exemplo disso é quando alguém ganha fama repentina. Uma das primeiras coisas que as pessoas fazem é buscar em tweets feitos há anos – quase uma década — opiniões que vão ao encontro do que ela defende hoje. E, é claro, nem tudo deve ser relevado. Atitudes como comentários preconceituosos, por exemplo, merecem ser analisadas. Mas é preciso lembrar também que todos nós já pensamos e dissemos algo de que não nos orgulhamos hoje em dia. As redes sociais também intensificaram outro fator que fez com que mudar de ideia fosse cada vez mais difícil: a polarização. Com os algoritmos trazendo pra perto pessoas que pensam de forma similar, o diálogo na internet quase não existe – e quando acontece, é mais uma disputa pra ver quem cansa primeiro que o outro. A prova disso é que 70,3% dos brasileiros acham mais provável ter uma discussão saudável sobre política cara a cara do que no ambiente digital, segundo dados do estudo Brasil de Bolhas, da agência de comunicação Dojo.
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O que a ciência nos conta
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No vídeo O Que te Faz Mudar de Ideia, o biólogo Atila Iamarino explica por que é tão difícil convencer alguém. Ele afirma que nosso pensamento fisiológico tem mais a ver com o trabalho de advogado do que com o de cientista. Isso porque o primeiro encontra uma tese e depois busca evidências pra defender sua ideia. Já o segundo, procura as evidências pra depois formular a sua tese. De acordo com Iamarino, em uma discussão, o ser humano costuma ser movido, em primeiro lugar, por um sentimento. Ou seja, primeiro julgamos intuitivamente se aquilo é ruim ou legal, se é errado ou certo, e só depois o racional entra em campo, buscando comprovações para aquela decisão já estabelecida.
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Esse caminho acontece especialmente quando o que estamos discutindo está vinculado a fortes emoções, como princípios, moralidade, política e identidade. É por isso que, diante desses temas mais emocionais — o famoso “religião não se discute” —, também são os sentimentos fortes, e não os argumentos, que costumam motivar a mudança de ideia. Por exemplo: uma pessoa homofóbica que acolhe o filho homossexual. É por essa razão também que políticos não apelam pra dados, mas sim pra sentimentos e valores. Depois, as próprias pessoas, convencidas emocionalmente, vão buscar dados pra justificar quem elas defendem.
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É muito improvável – dada a complexidade do mundo — que todas as nossas convicções atuais estejam realmente certas. Por isso é necessário, de antemão, pensar que algo que acreditamos pode estar errado. Afinal, se as coisas não funcionassem dessa forma, o planeta seria bem diferente — talvez, quem sabe, ainda se acreditaria que ele fosse o centro do universo.
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E é verdade: o mundo seria um lugar muito mais tranquilo se todo mundo pudesse mudar de ideia sem medo de ser criticado, julgado, linchado moralmente, zoado ou diminuído. Afinal, além de fazer parte da vida e da evolução pessoal de cada um, pensar diferente:
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- Nos faz ter contato com novas pessoas e perspectivas;
- Alimenta o nosso encantamento pela vida;
- Ativa a nossa curiosidade;
- Nos empurra ao exercício crítico que alimenta a nossa capacidade de aprender;
- Nos faz entender que quem está do outro lado não necessariamente é alguém maldoso ou burro.
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Se empolgou com essa ideia? Então banque: pra esse sistema funcionar, VOCÊ também precisa mudar algumas coisas. Da próxima vez que estiver conversando com alguém e esbarrar em uma discordância, realmente escute e leve em conta os argumentos trazidos. Mesmo que ninguém mude de opinião, é possível que você entenda um pouco mais a linha de raciocínio da outra pessoa e até crie uma empatia por ela. Além disso, se alguém contar que mudou de ideia sobre certo assunto, não questione ou pague de superior dizendo que você sempre falou isso. Acolha a mudança, e entenda o que fez com que ela acontecesse. Essa simples postura já pode fazer com que menos pessoas tenham vergonha de contar que mudaram de opinião. E com mais exemplos públicos, mais gente vai entender que está tudo bem e é importante, de vez em quando, refletir sobre o que se acredita.
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