Solidão é uma coisa. Solitude é outra. A segunda pode ser uma delícia pra se conhecer melhor. ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
Compartilhar experiências e estar cercado de pessoas que a gente gosta é essencial pra ter uma vida solar. Mas saber aproveitar a própria companhia pode ser igualmente importante. Segundo o professor Robert Lang, da Universidade de Nevada, é cada vez mais provável que a gente acabe ficando sozinho em algum momento da vida. Afinal, estamos casando mais tarde, nos divorciando mais e vivendo mais tempo. Além disso, é comum seu roommate ir viajar por alguns dias, por exemplo. Por essas e outras, saber aproveitar a solitude é necessário. Pra começar, é preciso entender que solidão e solitude são duas coisas diferentes. A solidão costuma ser definida como um sentimento próximo da angústia que surge quando não somos capazes de estabelecer as conexões que desejamos. E isso independe de termos ou não pessoas ao redor — sozinhos na multidão, quem nunca? Já a solitude é o tempo que passamos sem interagir com outras pessoas, o que não acarreta, necessariamente, sofrimento. Pelo contrário: temos muito a ganhar com a nossa própria companhia.
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Ao conviver com mais pessoas — seja no casal, na família ou na galera —, nem sempre a gente faz tudo o que quer. E quem é mãe ou pai de uma criança pequena, sabe como a experiência da parentalidade pode fazer você se perder de si mesmo. Por essas e outras, ficar só pode ser uma forma incrível de autoconhecimento: do que eu gosto, mesmo? Escutar os pensamentos, decidir o que fazer e administrar o próprio tempo, mesmo que de vez em quando, nos ajuda a resgatar nossa individualidade e liberdade.
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Em um mundo tão hiperativo e hiperconectado, a solitude pode oferecer um momento de pausa, algo necessário pra criatividade e inovação. Um estudo realizado em 1994 pelo psicólogo croata Mihaly Csikszentmihalyi comprovou que os adolescentes que não aguentam ficar sós têm mais dificuldade em desenvolver o talento criativo. Um dos motivos é que, quando estamos com outras pessoas, muitas vezes nos limitamos a seguir suas ideias — ou sugerir outras similares. Ao desenvolvermos um projeto solo, temos mais chances de fazer aflorar pensamentos originais.
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Pode parecer contraditório, mas abraçar a solitude quando você deseja pode deixá-lo mais sociável em outros momentos. Um estudo feito pelo sociólogo Benjamin Cornwell mostrou que pessoas adultas que vivem sozinhas têm uma rede de amizades tão grande ou maior que a das pessoas da mesma idade que vivem acompanhadas.
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> Deixa a vida mais solar
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Em uma pesquisa de 2019, Virginia Thomas, uma professora de psicologia no Middlebury College, nos Estados Unidos, que estuda a solitude, descobriu que jovens adultos de 18 a 25 anos que buscavam a solitude quando sentiam vontade apresentavam maiores níveis de crescimento pessoal e autoaceitação, e níveis mais baixos de depressão do que seus colegas que estavam sozinhos apenas por causa das circunstâncias.
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Em uma série de experimentos, Thuy-vy Nguyen, professora do departamento de psicologia da Universidade de Durham, no Reino Unido, descobriu que, após alunos da graduação ficarem apenas 15 minutos sentados sozinhos em uma sala, quaisquer emoções fortes que os participantes pudessem estar sentindo, como ansiedade ou euforia, diminuíram.
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Justamente por ter um efeito calmante em nossos corpos e mentes, estar só pode trazer tédio e desânimo às pessoas que, geralmente, associam a felicidade a um estado de agitação. Sabendo disso, você pode presumir que apenas os introvertidos se beneficiam da solitude, mas as pesquisas sobre essa afirmação ainda são muito confusas. Na verdade, como nos sentimos em relação ao tempo que passamos a sós depende, em grande parte, de isso ser fruto de uma escolha — ou seja, quando é uma decisão consciente, não uma questão de aceitar a situação. As pessoas que buscam a solitude por vontade própria tendem a relatar que se sentem “preenchidas”, com ideias aflorando e energia pra realizá-las. É importante pontuar, também, que não há mal nenhum se você gosta de, sempre que possível, estar junto de amigos e familiares. No entanto, vale analisar se essa é apenas uma preferência ou se você NÃO CONSEGUE passar um tempo na sua companhia — seja porque sente tristeza ou incômodo, seja pela sensação de que a vida perdeu o propósito. Nesses casos, vale levar pra terapia.
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Também é fato de que saber administrar a solitude e se beneficiar dessa condição é uma questão de maturidade. À medida que desenvolvemos mais controle sobre nosso tempo, juntamente com melhores habilidades cognitivas e emocionais, maiores as chances de conseguirmos usar essa pausa da vida social de uma forma produtiva. Algumas dicas pra aprender a lidar melhor com o tempo sozinho:
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Usar o tempo a sós pra navegar sem rumo pela internet é produtivo? Não, como comprovou um estudo recente do Middlebury College, que acompanhou várias pessoas com e sem telefone em uma semana de solitude, e constatou que os desconectados viram mais vantagens nessa experiência. Por outro lado, aproveitar esses momentos pra estabelecer uma conexão com alguém, longe das demais distrações, pode render bons frutos.
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