Será que não existe um lado positivo nessas pausas pra lá de constrangedoras nas conversas? ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
“Errr... você vem sempre aqui?”; “Será que vai chover?”; “O que você faz da vida?”. Atire a primeira pedra quem nunca lançou mão de um clichê desses, seja numa festa, num primeiro date, numa reunião ou num elevador, quando aquele silêncio incômodo e constrangedor pairou no ar. Basta uma rápida pesquisa no Google pra entender como as pessoas realmente querem escapar dessas pausas: incontáveis livros, tutoriais e técnicas de sociabilidade ensinam a ter repertório nessas situações. Mas se essas lacunas da comunicação fazem parte da vida, não teria mais sentido aprender a lidar com elas ao invés de combatê-las a qualquer custo?
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Não é de hoje que essas pausas trazem estranhamento e incômodo ao ser humano. Mas, de uns anos pra cá, alguns fatores contribuíram pra multiplicar os contextos que levam ao temido vazio na fala. Um dos principais é a tecnologia. Professora de psicologia e linguística na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, Julie Boland afirma ao The Atlantic que silêncios são especialmente incômodos no Zoom e afiins. Segundo estudo feito por ela, as reuniões por vídeo alteram nosso ritmo de conversação, não deixando claro de quem é a vez de falar e levando a pausas mais frequentes e prolongadas.
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A comunicação nas redes sociais também bagunçou os nossos critérios, fazendo com que forjemos intimidade com certas pessoas no campo virtual. Já aconteceu de você passar dias conversando com uma pessoa que conheceu on-line e, uma vez ao vivo, a falta de conexão real ficou evidente e o papo não fluiu? Com os apps de relacionamento, essa situação é um clássico, o que leva muita gente a falar sem parar pra preencher o “espaço” ou praticamente entrevistar o date pra puxar conversa.
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Os humanos têm um talento natural pra sincronizar seus tempos de resposta. Alguns pesquisadores acreditam, inclusive, que nossos cérebros realmente disparam neurônios relevantes em uma taxa sincronizada com a fala da outra pessoa. Perder o ritmo ocasionalmente é natural, mas se torna desagradável quando a pausa se prolonga. Esse constrangimento gerado por um silêncio vem, em grande parte, de como o interpretamos. Em algumas situações, por exemplo, eles podem sinalizar descontentamento ou falta de interesse da outra parte. Estudos descobriram que conversas que fluem sem essas pausas aumentam o pertencimento das pessoas, criando uma sensação de harmonia coletiva. Conversas truncadas, por outro lado, tendem a gerar um sentimento de rejeição.
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Apesar de ser algo do ser humano, a cultura também pode interferir na intensidade do incômodo desses silêncios nas conversas e o que eles significam. Pesquisas realizadas na Universidade de Groningen, nos Países Baixos, em holandês e também em inglês, revelaram que quando a conversa é pausada por mais de quatro segundos, as pessoas começam a ficar desconfortáveis. Em contrapartida, outro estudo feito com executivos constatou que os japoneses não se importavam em deixar de falar por até 8,2 segundos — quase o dobro do limite dos falantes de inglês. Segundo matéria da BBC, no Japão, o poder do silêncio pode ser reconhecido pelo conceito de haragai, pelo qual a melhor forma de se comunicar é ficar calado. Também existe o conceito de Ma, ainda mais abstrato por ser quase um senso comum. Explicando de forma simplificada, o Ma é como um um vácuo, que pode ser usado também pra definir as pausas nas conversas. Para os japoneses, elas são sempre bem-vindas, podendo ser um espaço de encontro entre pontos de vista.
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O fato do silêncio ser constrangedor ou não depende muito do contexto. Calar-se diante de um pôr do sol ao lado de um grande amigo costuma fazer mais sentido do que no meio de um primeiro date, por exemplo. Quando a gente se sente bem em silêncio com alguém, é um sinal claro que existe intimidade e/ou conexão.
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Também precisamos ter em conta que algumas trocas exigem tempo pra refletir e processar. Nesse sentido, as pausas podem ser positivas pra que as pessoas possam avaliar os argumentos com mais consideração, em vez de apenas concordar ou discordar impulsivamente. Às vezes, o silêncio também nos abre espaço pra sermos mais intencionais sobre o que dizer a seguir. Já percebeu como um palestrante e um bom contador de história sabem usar as pausas a seu favor?
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Assim como as pausas nas conversas, o silêncio quando estamos sós também tem se tornado cada vez mais incômodo. Isso porque são tantos os estímulos à nossa volta que, ao ficarmos sozinhos, a falta de barulho, qualquer que seja, pode nos causar estranheza. Aí recorremos à TV ligada, ao podcast rolando, à playlist lo-fi... No entanto, um estudo de 2006 publicado no Journal Heart descobriu que apenas dois minutos de silêncio já são suficientes pra trazer um maior relaxamento. Ou seja, bem mais rápido do que as playlists tão utilizadas por quem quer aliviar a tensão. Além de desacelerar e acalmar, o silêncio ainda pode melhorar a concentração, o foco, a memória e ajudar no autoconhecimento.
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E aí, bora parar pra ouvir o que o silêncio tem a nos dizer?
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