Uma reflexão sobre a quantidade de energia que vale investir dando e recebendo pitacos. ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏
As redes sociais deram voz e palco a bilhões de pessoas e nunca foi tão fácil fazer com que opiniões aleatórias fossem além das rodinhas de amigos. Não à toa, basta uma rápida olhada na timeline do X (antigo Twitter) pra encontrar várias pessoas leigas tecendo comentários sobre assuntos presentes nos trending topics e que, até ontem, não faziam parte do seu repertório. Essa dinâmica não se aplica apenas a questões triviais, como o novo álbum de uma cantora pop ou a tendência de moda mais recente, mas também abrange conflitos sociais e políticas complexos, com muitas variáveis que precisam ser analisadas. Será que precisamos, mesmo, dar e receber pitacos sobre tudo, o tempo todo?
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O fenômeno de achar que, após uma breve pesquisa (ou nem isso), já é possível sair por aí dando opiniões embasadas sobre certo tema, não é algo novo. Aliás, existe até uma palavra em inglês, mas com origens na Grécia Antiga, pra definir alguém que é presunçoso e oferece conselhos que vão além da sua esfera de conhecimento: ultracrepidarian. No entanto, com o avanço da tecnologia, e especialmente das redes sociais, essa prática se intensificou. A quantidade de informações que chega todos os dias às nossas telas — muitas vezes, resumidas em textos com menos de 280 caracteres — frequentemente nos leva a processar informações incompletas, ignorar a importância de buscar fontes confiáveis e, ainda assim, experimentar a falsa sensação de competência pra formular opiniões sobre uma ampla variedade de assuntos. E elas têm que ser emitidas de forma rápida, afinal, em questão de segundos, tudo pode mudar. Existe hoje, também, uma verdadeira obsessão por viralizar, consequência da escassez de um recurso que não é possível mensurar: a atenção. É como se todos os dias você tivesse várias chances de ver e ser visto. E se você der sua opinião sobre tudo que está em alta — mesmo sem saber direito do que está falando — as probabilidades aumentam.
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Psicóloga e diretora do centro de psicologia Alcea, em Madri, Leire Villaumbrales diz, em matéria do El País, que algumas pessoas veem a opinião dos outros como um convite ao confronto. Diante disso, agem impulsivamente pra se defender. Essa atitude, comum nas redes sociais, torna difícil a construção de um diálogo, além de levar pra um caminho de intolerância e superficialidade. Outras pessoas têm o desejo de serem vistas como sábias e inteligentes e, por isso, sentem necessidade de emitir opiniões sobre o maior número de assuntos possíveis. Por último, existem aqueles que simplesmente querem demonstrar, em qualquer oportunidade, que o outro está errado. Seja lá qual for o motivo inicial, fato é que, em meio a tantos posicionamentos, é quase inevitável que não existam ruídos e que até as certezas acabem se perdendo no meio de tantos achismos.
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Estamos tão acostumados a dar e ouvir opiniões sobre tudo que, hoje em dia, ficar em silêncio pode ser visto como sinônimo de ignorância, ou pior: de cumplicidade. Se você não disse nada sobre o assunto que está no centro das discussões, é porque concorda com o que está acontecendo. E daí pro cancelamento, o caminho é curto. Sobretudo em se tratando de pessoas públicas. O fato de ter um canal de comunicação com um público amplo cria, necessariamente, uma obrigação de se posicionar? Aqui, também, vale a pena ponderar. Faz sentido cobrar um posicionamento sobre uma situação política grave que está acontecendo no país em que vivemos ou sobre temas como racismo e LGBTfobia? Muitas vezes, sim. Faz sentido esperar que figuras públicas opinem sobre todas as questões relevantes do universo, da Inteligência Artificial à guerra entre Israel e o Hamas? Não. É preciso lembrar que, às vezes, a pessoa só não tem o embasamento necessário pra emitir uma opinião e, levando em conta o alcance que ela possui, essa é a decisão menos egoísta e mais sensata.
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“Não sou capaz de opinar”
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A maioria de nós tem rotinas extremamente desgastantes. Entre todas as demandas do trabalho, da casa e dos necessários momentos de lazer e descanso, é humanamente impossível estar por dentro de tudo o tempo todo. Essa realidade deveria trazer alívio, não angústia. Como defende uma matéria do The Swaddle, se analisarmos friamente, somos todos apolíticos em relação a uma coisa ou outra, e expressar uma opinião pseudo-intelectual on-line, usando todos os chavões certos, pode até mudar a forma como os outros nos veem, mas não vai impactar a vida de ninguém. Resumindo: sua opinião não é tão importante assim. E, num mundo em que todo mundo parece saber tudo, se permitir não opinar e admitir que não tem base pra isso, como a atriz Gloria Pires fez brilhantemente no Oscar de 2016, é um gesto de coragem e sabedoria.
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Escutar mais, falar menos
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Quanto da sua energia vale gastar ouvindo e contestando gente que mal sabe do que está falando, você decide. Agora, seja nas redes sociais, seja na roda de amigos, da próxima vez que pensar em dar a sua contribuição sobre algum assunto mais complexo, se questione: tenho o embasamento necessário pra falar sobre isso? Já analisei com profundidade a situação e tive contato com vários pontos de vista? Se a resposta pra essas perguntas for não, mais vale ficar quieto e escutar. Com essa pequena atitude, você já aumenta as possibilidades de que a opinião de quem realmente tem embasamento chegue a mais pessoas. No fim das contas, o mundo — e as redes sociais — precisam muito mais de gente que saiba falar de forma responsável e aprofundada sobre algum tema, do que de pessoas que acreditam ser especialistas em tudo.
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Pra ver 👀 A série Fantasmas de Beirute, sobre a caçada de um líder do Hezbollah, a partir de uma visão menos americanizada da história. Na Paramount +.
Pra ouvir 🎧 Tiramisù, delicioso primeiro single da banda formada pelos amigos Maria Luiza Jobim, Julio Secchin e Felipe Fernandes.
Pra ler 📖 Coleção de livros do Quebrando o Tabu publicada pela editora Astral Cultural. Os 4 primeiros, intitulados Agora É Tudo, tratam de ansiedade, comunismo, machismo e racismo.
Pra curtir 🎸 A 8ª edição do Arvo Festival rola no dia 28/10 em Floripa. No lineup, Jorge Aragão, Liniker, Baco Exu do Blues, Rubel, Furacão 2000, entre outros.
Pra seguir 📲 O perfil Hello, QuePaz, que fala de terapia e vida de um jeito científico e arejado.
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