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Quem são os designers que estão resgatando o fazer manual no Brasil

Por
Isabela Giugno
Em
9 maio, 2018

Veja uma seleção de representantes desse novo universo de criadores que acreditam no charme do feito à mão.

Na era em que a busca por um lifestyle mais consciente dá o tom, o chamado é claro: precisamos ressignificar nossos hábitos de consumo. Lançar um olhar atento sobre a origem, a mão de obra e a confecção do que compramos nunca foi tão importante. Na contramão da produção em massa, esse movimento pavimenta os caminhos para o surgimento de uma nova geração de criativos, profissionais que passeiam entre a moda, o design e a arte para desenhar peças feitas – em grande parte – à mão.

A partir de técnicas experimentais e intuitivas surgem criações originais fabricadas uma a uma em processos que resgatam a poesia do fazer artesanal. Nesse cenário se destacam nomes como Lane Marinho, artesã criadora de sapatos ornamentados com corais, pedras e cordas. O lema de Lane: “Fazer objetos apenas para trazer de volta poesia à vida cotidiana”. A seguir, uma seleção de designers, artistas e outros representantes desse novo universo de criadores que acreditam no charme do feito à mão.

Foto: Instagram @iaiaestudio

Iaiá Estúdio
Em 2016, Laura Loscalzo sentiu a necessidade de desacelerar. Depois de trabalhar em uma agência de publicidade, percebeu que queria entrar em contato com seu lado artístico e começou a frequentar um ateliê de cerâmica. Transformou seu hobby em negócio ao inaugurar o Iaiá Estúdio, em São Paulo. “Pego um pedaço de argila e vou moldando, batendo e apertando até nascer uma forma bonita”, diz. Todas as matérias-primas usadas por Laura vêm da terra: ela usa argila e porcelana para moldar e esmaltes minerais para ilustrar os pratinhos, xícaras e cumbucas que produz. Fique atento: a partir de junho o Iaiá Estúdio abriga oficinas com turmas pequenas de 4 a 5 pessoas por aula.
iaiaestudio.com
@iaiaestudio


Foto: Instagram @aragemrio

Aragem Rio
A fantasia fauvista de Matisse; as pinceladas sutis de Monet e as ilustrações botânicas de Margaret Mee. Essas são as referências que guiam o processo criativo de Gabriela Rondinelli, diretora criativa e fundadora da Aragem Rio. A marca ganhou fama graças aos panneaux, versões mais sofisticadas das cangas. Versátil, a peça pode ser usada da praia ao restaurante e é feita quase toda à mão. As ilustrações que estampam cada criação, por exemplo, são desenhadas manualmente com aquarela, carvão, nanquin e tinta a óleo. “Queremos resgatar esse processo manual, esse momento de pausa. É um respirar profundo dentro do acelerado mundo atual”, reflete.
aragemrio.com.br
@aragemrio


Foto: Marcelo Donadussi

Nicole Tomazi
Nicole é arquiteta por formação, mas logo percebeu que a vida das maquetes não lhe falava ao coração. Decidiu, então, substituir o rigor técnico das pranchetas por um ofício mais afetivo. Nascida na Serra Gaúcha, acionou sua verve artística e começou a criar peças autorais junto a uma cooperativa de artesãos. Para resgatar a própria ancestralidade familiar (os bisavós nasceram na Itália), Nicole Tomazi recentemente mergulhou em um processo de imersão em sua terra natal. Lá, aprendeu uma antiga técnica de artesanato com vime, trazida ao Brasil pelos italianos. O resultado é uma coleção chamada Imigrante, composta por cestos e centros de mesa feitos um a um, à mão.
nicoletomazi.com
@nicoletomazi


Foto: Instagram @waiwai.rio

WAI WAI
“Feito à mão no Rio para o eterno verão do mundo”. É esse o manifesto que traduz a vibe da WAI WAI, selo de bolsas artesanais, divertidas e coloridas, criadas para encapsular a bossa da alma carioca. A marca foi fundada pelo designer Leo Neves e lança acessórios feitos a partir de recursos naturais como madeira e palha. Essas matérias-primas aparecem remixadas nas bolsas com elementos de perfume mais sofisticado, a exemplo do couro, da seda e do metal. Um dos modelos mais especiais da grife é o Balaio, uma bolsa de shape geométrico que combina acrílico e cipó, e é fabricado manualmente por um artesão do sul da Bahia.
waiwairio.com
@waiwai.rio


Foto: Divulgação

Estúdio Pége
Típico do Marrocos, o babouche conquistou um lugar especial no guarda-roupa dos adeptos do conforto na hora de se vestir. Com seu bico ligeiramente pontudo, o sapato também se tornou a menina dos olhos de Mariana Adjuto e Patrícia Giufrida. Com dificuldade de encontrar bons modelos aqui no Brasil, a dupla decidiu criou o Estúdio Pége, marca especializadas em releituras desse tradicional calçado marroquino. As peças são bordadas manualmente e feitas sob encomenda. O Cora, primeiro modelo do duo, aliás, foi fabricado por um sapateiro de bairro. Não à toa, o serviço tem um quê de exclusivo, no melhor sentido do termo. Para encomendar o seu, basta escrever para as meninas informando a cor, o modelo e o tamanho.
facebook.com/estudiopege
@estudiopege


Foto: Divulgação

VELA_madeinsãopaulo
A história começou quando Fernanda Torres e Paolo Fagá decidiram migrar de suas respectivas carreiras tradicionais para o universo das velas aromatizadas. O duo então criou a VELA_madeinsãopaulo, assim mesmo, com underline, tudo junto e em letras minúsculas. São velas e aromatizadores fabricados artesanalmente a partir de matérias-primas naturais, a exemplo da cera de soja e do álcool de cereais. A vantagem? Queima mais lentamente e é menos agressiva ao meio-ambiente, pois não há a combustão do petróleo. E o pavio de algodão garante um desgaste menor do oxigênio. “Tudo é feito à mão, desde o corte de pavio, até ajuste dos ilhós e do aquecimento da cera”, dizem. E esqueça os aromas enjoativos. Aqui você encontra cheirinhos suaves e naturais, como capim-cidreira, alecrim e tangerina com manjericão.
velamadeinsaopaulo.com.br
@vela_madeinsaopaulo


Foto: Instagram @akracollection

Akra Collection
O município de Tutóia, nos Lençóis Maranhenses, abriga a sede do Projeto Akra, iniciativa lançada pelo designer Samuray Martins para organizar uma cadeia produtiva artesã no Maranhão e na Bahia. Desse projeto floresceu a Akra Colection, etiqueta de moda e design que reúne peças como bolsas, redes e cachepôs feitos à mão. As criações são desenhadas por uma equipe sob o comando de Martins e confeccionadas a partir de fibras de buriti e piaçava, plantas típicas do nordeste. A beleza da empreitada é, justamente, valorizar a herança cultural das comunidades locais. Detalhe: não há pressa no processo criativo e cada produto pode demorar até uma semana para ficar pronto.
projetoakra.org
@akracollection
@projetoakra


Foto: Instagram @escudero_

Escudero & Co
Apesar de ter nascido Rio de Janeiro, foi em São Paulo que a Escudero & Co fincou sua bandeira. Criada por Clara Tarran e Renato Pereira, ambos cariocas, ganhou fama pelas bolsas, pastas e mochilas de couro. Totalmente manual, a produção das peças é encabeçada por um time de artesãos profissionais com olhar afiado para os detalhes. Desde a pintura das bordas do couro até o corte e a impressão do selo, tudo é feito com rigor e precisão. Além do couro tradicional, que tem carimbo de certificação ambiental, a Escudero & Co também aposta em criações feitas com couro de curtimento vegetal de taninos biodegradáveis, e de juta, fibra natural de industrialização 100% limpa e que garante o sustento de cerca de 15 mil famílias de ribeirinhos na Amazônia.
escuderoonline.com.br
@escudero_


Foto: Instagram @su_fernandez

Susana Fernandez
Ela é arquiteta e instrutora de yoga, mas dedica boa parte do tempo à outra paixão: o artesanato. Desde pequena, Susana cultiva o hábito de fazer objetos manuais para presentear amigos. Hoje, a artista passeia entre subjetividade e concretude para traduzir emoções em criações fabricadas manualmente. São peças desenvolvidas a partir de técnicas como o tricô e a feltragem em processos experimentais, silenciosos e introspectivos. Sem um planejamento engessado, Susana Fernandez é guiada pela intuição. Dessa dinâmica surgem roupas e acessórios autorais, além de criações assinadas especialmente para outras marcas, como a Fernanda Yamamoto. E para quem quer desvendar ao vivo as coleções de Susana, vale uma visita ao ateliê da artesã, em São Paulo.
susanafernandez.com.br
@su_fernandez


Foto: Instagram @cruatelie

CRU
Ana Carranca é estilista, fotógrafa e globetrotter. Mas não para por aí: recentemente ela inaugurou uma marca de roupas artesanais feitas a partir de tecidos importados da Índia. Batizado de CRU (assim mesmo, com as três letras em caixa-alta), o ateliê revela a paixão de Ana por estampas étnicas. Os tecidos de fornecedores específicos são tingidos à mão a partir de técnicas milenares em Jaipur, no Rajastão, e, uma vez no ateliê, transformados em robes, pijamas e vestidos por um time de costureiras. O restante do processo, desde o styling até os cliques da campanha, é Ana quem faz.
cruatelie.com
@cruatelie


Foto: Instagram @lanemarinho

Lane Marinho
Experimente passar alguns minutos vendo o feed de Lane Marinho no Instagram. Recheado de cenas surrealistas e formas pitorescas, o universo dessa artista, artesã e colorista exala paz de espírito. Nascida em Salvador, na Bahia, Lane se mudou para São Paulo e, aqui, inaugurou seu ateliê. Na oficina da artista (onde ela atende com hora marcada) surgem sandálias coloridas e bolsas fabricadas à mão, todas enfeitadas com pedrinhas coloridas, corais, conchas e cordas. Os materiais revelam a paixão da baiana pelo oceano. Sem pressa para o amanhã, Lane também se entrega a outras vertentes artísticas como escultura em cerâmica e pintura.
lanemarinho.com
@lanemarinho

Foto de abertura: Nicole Tomazi por Marcelo Donadussi

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