As redes sociais mudaram a noção que tínhamos sobre as relações de amizade. Algumas pessoas chamam seguidores de amigos, outras não. E agora?
Tempos atrás, tínhamos uma ideia clara de quem eram nossos amigos ou melhores amigos — geralmente, as pessoas com quem nos encontrávamos ou às quais tínhamos o costume de telefonar. Hoje, com as redes sociais, o conceito de amizade ficou mais nebuloso. Junto com o jornalista Thiago Ney, editor da MargeM Newsletter, a gente discute o que é ser amigo em 2023.
“Algumas pessoas estão dispostas a chamar praticamente qualquer pessoa de amiga e ficam bem com isso. Mas outras tendem a ser muito mais restritivas em relação a quem consideram amigo. Só por essa diferença nos critérios, dá pra observar desconexões ou discordâncias em relação ao nível de proximidade.”
Jeffrey Hall, professor de estudos da comunicação, ao Mashable.
Endorfina amiga
Diversos estudos já foram feitos sobre como as amizades afetam o bem-estar das pessoas. Segundo o antropólogo Robin Dunbar, autor do livro Friends: Understanding the Power of our Most Important Relationships, “estar com amigos nos salva. Gera endorfinas, que são o melhor medicamento antidepressivo que se pode ter. E de graça”.
Mas Dunbar é, também, o autor da teoria que diz que podemos ter, no máximo, 150 amigos. Então, como ficam as relações de amizade quando temos centenas ou milhares de “amigos” nas redes? As conexões, aí, são mais frágeis e emocionalmente distantes.
On-line x presencial
É importante lembrar que há, também, casos em que as pessoas são bem amigas na vida offline, mas não se conectam em redes sociais. Acontece, por exemplo, com amigos que têm opiniões distintas sobre assuntos como política. Nas redes, esse tema domina, e uma das pessoas pode não curtir. Mas, em encontros pessoais, a conversa é mais descontraída.
Um dos grandes obstáculos que estão no caminho das relações de amizade é a comunicação, de acordo com a jornalista Kate Leaver, autora de The Friendship Cure. “Muitos dos nossos problemas podem ser atribuídos a estilos de comunicação que não combinam e à nossa relutância em sermos realmente honestos com as pessoas”, diz ela.
Na balança
O que fazer quando alguém não é recíproco em relação à amizade? Na opinião de Leaver, ao descobrir que um amigo próximo não sente o mesmo por você, vale se questionar: realmente importa se a pessoa é um “melhor amigo” ou um “bom amigo”? Por que isso é tão relevante?
“Ter alguém que possa apoiá-lo, alguém pra ir a eventos com você, alguém a quem sabe que pode ligar quando precisar desabafar. Isso é mais importante do que o rótulo de melhor amigo.”
Kate Leaver, jornalista e escritora.
