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O que o amor faz com nosso cérebro

Por
Adriana Setti
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Amor pode até ser um mistério — para nós. Mas a neurociência já está mapeando as reações que rolam quando nos apaixonamos ou somos rejeitados.

De uma forma ou de outra, a gente está tentando entender o que é o amor desde o começo dos tempos.

Essa questão também intriga a ciência. Em seu livro Wired for love: A neuroscientist’s Journey through romance, loss and the estende of human connection, a neurocientista norte-americana Stephanie Cacioppo mergulhou no assunto.

Ela traduziu em ciência as várias fases de seu próprio relacionamento. E sobreviveu para contar.

O casal de neurocientista Stephanie e John Cacioppo estudavam sobre amor  | Crédito; Whitten Sabbatini / The New York Times
O casal de neurocientista Stephanie e John Cacioppo estudavam sobre amor | Crédito; Whitten Sabbatini / The New York Times

Fisiologia da paixão

Cacioppo era tão fascinada pela fisiologia da paixão que se manteve solteira por anos só para se aprofundar no tema mantendo um olhar imparcial de pesquisadora, “não contaminado” pelos sentimentos de alguém in love.

Até que aconteceu: ela se apaixonou, e por outro neurocientista, John Cacioppo, com quem se casou.

Só que ele faleceu em 2018.

Ciclo completo do amor

Mesmo irreparável, a perda lhe rendeu um material de pesquisa precioso e que fechava uma espécie de ciclo.

Stephanie, que já tinha se debruçado sobre o comportamento cerebral de uma pessoa solteira e também de uma apaixonada, teve a oportunidade de investigar o efeito da ausência de um grande amor.

Amor de família e amor dos amigos também trazem benefícios químicos ao cérebro
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Delícia de ocitocina

Em sua pesquisa, a neurocientista relata, por exemplo, a euforia do início da relação, apontando o aumento da oxitocina — “o hormônio do amor” — no organismo como origem fisiológica da deliciosa sensação de se apaixonar.

Além disso, ela também explica como uma rede de “neurônios espelhos” se forma quando criamos um laço afetivo.

Loucuras de amor

Mas as mudanças no cérebro relacionadas ao amor não param por aí…

A fissura pelo crush também reduz nossos índices de serotonina, hormônio importante para a regulagem do apetite e da ansiedade, o que ajuda a explicar a imprevisibilidade do comportamento de pessoas apaixonadas.

A euforia no início de um relacionamento libera ocitocina
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Depois da tempestade

A ciência também tem a sua maneira de justificar o pós-paixão, a fase mais estável e menos intensa dos affairs. Quando o fogo dá aquela temida diminuída, áreas diferentes do cérebro são ativadas, gerando funções cognitivas mais complexas.

Entre o êxtase da conquista e a dor da solidão, a visão neurocientífica, proposta por autores como Stephanie, traz conclusões marcantes como que “o amor é uma necessidade biológica como a água, o exercício e o alimento”.

Aos solteiros, boa notícia: vertentes amorosas ligadas à família e aos amigos também suprem esta necessidade.

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